Nada menos de 19 pessoas foram assassinadas em Marabá no mês de maio. A informação foi repassada ontem (9) pela delegada Raíssa Beleboni, que chefia o Departamento de Homicídios da Polícia Civil. Do total, 18 mortes são investigadas por ela, enquanto uma morte está sendo investigada pela própria 21ª Seccional Urbana, por se tratar de crime de latrocínio.
Do total de homicídios investigados por Beleboni, no mês passado, em quatro investigações, há elementos que podem identificar a autoria, o que possibilitou algumas representações de diversas naturezas ao Poder Judiciário, como busca e apreensão, interceptação telefônica e até pedidos de prisão preventiva.
Segundo ela, a média de assassinatos em Marabá tem variado entre 15 a 20 homicídios por mês, e com o período de veraneio chegando a tendência é aumentar ainda mais os casos, porque trata-se de um período em que aumenta a quantidade de festas e de ingestão de bebidas alcoólicas, o que leva as pessoas a buscarem dinheiro, de alguma forma, aumentando assim a criminalidade.
Questionada sobre o perfil das vítimas, a delegada observou que, na grande maioria dos casos, as vítimas têm algum envolvimento com a criminalidade, seja por roubo, assassinatos, drogas (consumo ou tráfico) ou outra modalidade de crimes. Geralmente são jovens do sexo masculino, muitos deles com passagens pela prisão.
Em relação específica ao tráfico de drogas, tráfico de drogas, a delegada observa que é realmente um dos motivos mais frequentes de assassinatos em Marabá. Segundo ela, trata-se de um tipo de crime que costuma gerar o que se chama popularmente de “acerto de contas”, quando as vítimas morrem em razão de um histórico de transação irregular,.
Raíssa Beleboni detalhou ainda que no mês passado o Departamento de Homicídios instaurou 15 procedimentos de homicídios, porque ocorreram três casos de duplo homicídio. E só não foram quatro ocorrências de duplo assassinato, porque num dos casos uma das vítimas sobreviveu. Trata-se de Milmo Vieira Santos, o “Juninho”, que está internado. O amigo dele, Marcos Hilário Barradas Geyer, conhecido como “Batata”, acabou sendo assassinado no mesmo ataque.
Morte de Batata pode ter ligação com crime de 2007
O que chama atenção nesse caso do assassinato de “Batata” é o fato de que o apelido do sobrevivente Milmo Vieira Santos, o “Juninho”, é o mesmo de um dos envolvidos no assassinato da estudante Rayara Carvalho, morta em 23 de outubro de 2007. Na época do crime, todos os acusados eram muito novos, de modo que a polícia não tem muita precisão quanto aos nomes.
A delegada Beelboni falou sobre a possiblidade do atentado que matou “Batata” e quase vitimou também “Juninho” ter alguma coisa a ver com a morte de Rayara. “Estamos diligenciando para apurar se essa informação procede ou não. Inicialmente não”, afirma a delegada.
A delegada explica que, por conta dessa possibilidade, surgiram comentários na cidade de que no dia do assassinato de “Batata”, o alvo principal dos criminosos seria “Juninho”, e “Batata” teria morrido apenas porque estava no lugar errado, na hora errada e com a pessoa errada.
Mas “Juninho”, que ainda está internado, não foi questionado sobre o caso da morte de Rayara. No depoimento que deu à polícia, “Juninho” não comentou nada a respeito de que ele seria o alvo dos criminosos, disse apenas que o primeiro a ser baleado foi justamente “Batata”.
O assassinato de Rayara causou muita comoção em Marabá. Ela foi assassinada praticamente no portão da Escola Anísio Teixeira, onde estudava, com um tiro de revólver, por um menino de 12 anos, que pretendia lhe roubar a máquina fotográfica digital, mas ela se recusou a entregar.
Rayara tinha apenas 15 anos de idade e cursava o 1º ano do Ensino Médio. Da mesma forma, os acusados do crime, apreendidos horas depois da tragédia, também eram muito jovens: tinham 12, 14 e 15 anos.
(Chagas Filho)
Fonte: CT ONLINE
Divulgar sua notícia, cadastre aqui!