O mês de julho, em Marabá, registrou 15 homicídios. Foram quatro assassinatos a mais que junho (que teve 11 mortes) e quatro a menos que maio (com 19 casos), mantendo a média dos últimos três meses em que 45 pessoas foram assassinadas no município. As informações foram prestadas pela delegada Raíssa Beleboni, titular do Departamento de Homicídios da Polícia Civil em Marabá.
“Esse grande número de homicídios, apesar dos esforços dos órgãos de segurança pública em tentar evita-los, infelizmente seguem uma média na cidade, que neste período ocorre mais em razão do grande consumo de bebida alcoólica, aumento de movimento na praia e nas festas ligadas ao veraneio”, informou Beleboni.
No caso específico do mês passado, dois detalhes chamam a atenção: a grande quantidade de homicídios na zona rural: seis ao todo; e também o fato de que nos últimos dez dias do mês aconteceram mais assassinatos do que nos primeiros dois terços. Até o dia 21, foram registrados sete homicídios; do dia 22 até segunda-feira (31) aconteceram oito assassinatos.
Do total de crimes, 11 foram praticados com arma de fogo e quatro com arma branca. Aconteceram nove mortes no perímetro urbano, sendo as maiores incidências no Bairro Nossa Senhora Aparecida, mais conhecido como Invasão da Coca-Cola (Nova Marabá), e no Núcleo São Félix, com três casos em cada um. O restante dos homicídios da área urbana ocorreu em outra área da Nova Marabá, na Cidade Nova e Marabá Pioneira, que registraram um homicídio cada.
Zona rural
Sobre os assassinatos ocorridos em áreas afastadas do perímetro urbano de Marabá, a delegada Beleboni observa que esses crimes foram motivados em geral por discussões em bares ou outros ambientes, mas geralmente com a presença de bebida alcoólica. No tocante à apuração das mortes, a policial explica que a distância impõe maior dificuldade na investigação.
“Nesses casos, a gente pede ainda mais o apoio da população, já que o próprio deslocamento para a sede do município para ouvir testemunhas, suspeitos e conhecidos da vítima é muito difícil”, comenta Raissa Beleboni.
Caso Demétrius
Em alguns casos, segundo ela, a Polícia Civil já procedeu muitas diligências que possibilitam representar medidas ao Poder Judiciário e dar continuidade às investigações. O caso com maior quantidade de diligências foi a morte do empresário Demétrius Fernandes Ribeiro, assassinado a tiros na manhã do dia 21 em plena área urbana da Rodovia Transamazônica (na marginal da Folha 33, Nova Marabá).
Neste caso, a delegada confirmou que a polícia está ouvindo todas as pessoas que são citadas para tentar contextualizar o histórico da vítima, o atual momento profissional e financeiro ou qualquer outro tipo de relação que Demétrius mantinha, para apurar través destas oitivas os possíveis motivos do crime.
Ainda de acordo com ela, até a morte de Demétrius, haviam ocorrido seis assassinatos em Marabá, sendo três no perímetro urbano e três na zona rural. A morte dele (no dia 21) foi o sétimo assassinato. A partir dali – do dia 22 em diante – começaram a aumentar as mortes no município.
População precisa colaborar com a polícia, diz delegada
Hoje a maior dificuldade que a Polícia Judiciária encontra ao longo da investigação de um assassinato é conseguir fazer com que as pessoas que têm as informações acreditem o suficiente na Justiça pra entrega-las à polícia. Quem afirma é a delegada Raissa Beleboni.
“Mesmo incentivando o uso do Disque Denúncia, onde o anonimato é garantido, as pessoas ainda têm muita dificuldade em acreditar”, relata a delegada, acrescentando que as algumas pessoas até têm muitas informações, mas ao chegar na delegacia, não repassam essas informações por medo.
Beleboni explica que o ponto inicial do Departamento de Homicídios é apurar os motivos do crime, porque assim é possível identificar se outras pessoas próximas da vítima ou familiares estão em risco; e também permite encontrar possibilidades de autoria, que é o segundo passo. Mas, para isso, as pessoas próximas à vítima e as que estiverem no local de crime precisam repassar as informações que têm.
A delegada cita o caso do empresário Demétrius Ribeiro como exemplo de comportamento que não ajuda a polícia. Ela lembra que dezenas de pessoas se aglomeraram no local do crime, o trânsito chegou a ser interrompido, mas ninguém ajudou. “Não adianta estar no local se não tiver interesse de ajudar a polícia”, orienta a policial.
Ainda segundo Raissa Beleboni, quando a polícia recebe uma boa quantidade de informações tem mais chance de representar contra acusados no Poder Judiciário, que tem trabalhado de forma célere. “A gente precisa ter acesso a informação, não importa o meio por onde ela chegue”, resume. (Chagas Filho)
Fonte: Correio de Carajás
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