Uma boa noite de sono não é a única maneira de enfrentar o cansaço. (Foto: Bruno Marçal/Ilustração: Ana Cossermelli/SAÚDE é Vital)
O estilo de vida moderno tem deixado as pessoas cada vez mais cansadas. Mas não falamos apenas de estresse ou noites em claro. Muitas vezes, o que leva sua disposição embora é uma alimentação desequilibrada.
Acredite: dependendo de como anda sua dieta, o corpo pede arrego. Depois de apontar os hábitos alimentares que afastam o cansaço, SAÚDE lista as armadilhas no cardápio que roubam sua energia.
Já percebeu como bater uma pratada no almoço acarreta uma sonolência indomável durante a tarde? “Isso ocorre porque, após uma refeição volumosa, o organismo é forçado a trabalhar mais em prol da digestão”, explica a nutricionista Sílvia Albertini, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), no interior paulista.
Aí, o fluxo sanguíneo é direcionado para estômago, intestino e companhia. Como consequência, a circulação no cérebro fica comprometida. Resultado: aquela tarefa que exige bastante da massa cinzenta certamente será executada com uma dose de dificuldade. Para não sofrer, a solução é ser comedido ao montar o prato.
De acordo com Antonio Herbert Lancha Jr., professor titular de nutrição da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP), esse cuidado facilita o processo digestivo e assegura que o aporte de sangue seja distribuído de maneira democrática por todos os cantos.
É o que sugere um experimento de laboratório conduzido pelo químico William Ja, do Instituto de Pesquisa Scripps, nos Estados Unidos. No trabalho, moscas enfrentaram o que o cientista chamou de “coma alimentar” após abusarem de fontes de proteínas e sal.
“Essa sonolência pode ser um reflexo para regular a assimilação e a digestão dos nutrientes depois da ingestão de certos alimentos”, especula Ja. Outro elemento lembrado por incitar bocejos em horários indevidos é a gordura. “Assim como a proteína, ela demora mais para ser digerida”, afirma a nutricionista Lara Natacci, da clínica Dietnet, em São Paulo. Não é motivo para negar a feijoada de quarta-feira com o pessoal do trabalho – mas está aí uma evidência extra a favor da moderação.
A gente deve prestar atenção à qualidade nutricional dos alimentos por mil motivos. E um deles seria justamente a influência em nossa disposição. Um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, comprovou, em cobaias, que seguir uma dieta cheia de comida calórica e gordurosa (a popular junk food) por dois meses impactou de forma significativa na disposição dos bichos – eles demoravam muito para cumprir tarefas pelas quais recebiam recompensas. “Cortar esses alimentos da rotina leva a melhoras dramáticas em vários fatores cognitivos e de saúde mental”, diz o autor do trabalho, o professor de neurociência comportamental Aaron Blaisdell.
Nesse combo, entram falta de energia e sensação de cansaço. Para o pesquisador, o padrão alimentar ideal varia de acordo com cada indivíduo – ele, por exemplo, não se dá bem com carboidratos, enquanto outras pessoas lidam mal com gorduras. “Mas o denominador comum em dietas saudáveis é o fato de excluírem itens altamente processados“, pontua.
Um menu à base de lanches, sorvete, batata frita e refris tem tudo para detonar a saúde e abalar a energia. Mas, salvo exceções, dá para se entregar a essas tentações vez ou outra. “Não concordo com terrorismo nutricional. Só é preciso aprender a comer com bom senso”, opina a médica Cíntia Cercato, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
Deseja perder peso? Pois isso não é desculpa para embarcar em propostas malucas. Agora, se colocá-las em prática, fique sabendo: a pobreza nutricional e a redução brusca de calorias típicas de cardápios restritivos são passaportes para a moleza se instalar no corpo.
“Além de causarem prejuízos em termos de energia, esses regimes mexem muito com o estado de raciocínio e até com as relações pessoais”, avisa Lancha Jr. Para completar, o projeto de emagrecimento tem tudo para dar errado.
Segundo a nutricionista clínica Daniela Muniz, de Florianópolis, esses planos alimentares são insustentáveis. “Se perder peso dependesse apenas de restringir números, seria fácil. Mas é um processo mais complexo”, ressalta a nutricionista. Por essas e outras, compensa esquecer as dicas da internet e buscar auxílio de um profissional.
Fonte: Abril - Saúde
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