Dois acusados presos, dois mortos e três ainda foragidos. Este foi o saldo da Operação PAC, realizada pela Polícia Civil com apoio da Polícia Militar, através da 1ª Companha Independente de Missões Especiais (CIME). O nome da operação faz alusão ao conjunto de casas populares feito com recursos do PAC, no Bairro Cabelo Seco, Marabá Pioneira. Na localidade, a facção criminosa Comando Vermelho (CV) começava a ganhar força, mas foi desarticulada pela polícia graças a um vídeo divulgado em primeira mão pelo Grupo CORREIO, através do qual a polícia identificou pelo menos cinco integrantes da facção.
A operação foi realizada na manhã de sábado (29). E os elementos mortos no embate com a polícia eram menores de idade. Eles foram identificados como Douglas Tarcílio de Brito Tavares e Gledison Rodrigues da Silva, ambos de 17 anos. Já os presos são Ronildo de Aquino Costa e Vanderley de Sousa Moura. A polícia não forneceu os nomes dos três foragidos.
A delegada Raissa Beleboni, que esteve à frente da operação, explicou que seis equipes da Polícia Civil e cinco guarnições da CIME entraram no bairro para cumprir cinco mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária.
Mas nem tudo correu como as autoridades policiais gostariam, pois em um dos alvos de mandado judicial havia, segundo a polícia, dois elementos armados. “Houve a troca de tiros e os dois que estavam dentro da residência foram alvejados, pra repelir a injusta agressão. Foram encaminhados até o Hospital Municipal de Marabá, mas posteriormente o hospital informou que eles evoluíram a óbito”, relatou o tenente Mourão, da CIME, que comandou as guarnições da PM durante a operação.
Segundo o oficial, não era esse o objetivo da missão, até porque entre os integrantes da CIME na operação havia policiais novatos, que foram lá também como parte do treinamento para ingressar na companhia. Mas eles acabaram tendo logo uma experiência marcante que retrata muito bem as situações extremas que irão enfrentar na perigosa carreira policial.
AS PRISÕES
Por sua vez, a delegada Raissa Beleboni explicou que com um dos acusados foi apreendida certa quantidade de munição, o que motivou também um flagrante. Mas já do outro lado do rio Itacaiúnas, em uma propriedade rural, onde foi preso o outro alvo, foram apreendidas também armas e munições abandonadas. Uma pequena quantidade maconha também foi encontrada pelos homens da lei.
“Ainda restam foragidos três dos alvos da operação, mas a gente segue nessas diligências que tiveram início após a divulgação das imagens de estupro, que culminou na identificação de pelo menos cinco integrantes de uma facção criminosa que se reúne na Velha Marabá”, explicou a delegada, acrescentando que o braço da facção está enfraquecido.
O que há nas filmagens investigadas?
Sobre os vídeos de estupro e de espancamento de um acusado do crime, a delegada explicou que nos vídeos – divulgados no mês de agosto – alguns indivíduos afirmavam ser membros do CV e que não iriam permitir a ocorrência de estupros dentro daquela comunidade. Ocorre que eles acabaram sendo identificados nas filmagens.
No vídeo em questão, pessoas que se identificavam como moradores do bairro Francisco Coelho. As imagens mostram elas imobilizando um adolescente, acusado de estupro, e lhe aplicam algumas bofetadas e chutes e deixam claro que só não vão mata-lo porque a comunidade local pediu para que isso não fosse feito. Chama atenção no vídeo, o fato de que os “justiceiros” se colocam como um poder paralelo no bairro.
O caso se passa na Rua Barão do Rio Branco, já perto das casas populares, próximo à beira do Rio Itacaiúnas. Na filmagem, o narrador afirma que naquela área eles não vão admitir esse tipo de comportamento, ainda mais porque o adolescente acusado teria colocado a culpa em outro morador do bairro.
“Aqui ninguém acoita esse tipo de negócio… Tava (sic) no meio dos irmão, vacilando, estrupou (sic) a menina aí… só não vai morrer porque a comunidade não quer. A comunidade pediu que entregasse pra polícia”, relata o narrador.
No mesmo vídeo, é possível ver, pela sombra, que pelo menos um dos justiceiros está armado com um revólver ou uma pistola. E no final da gravação, outro narrador diz a seguinte frase: “Aqui agora é o crime; aqui agora é tudo ‘dois’; aqui agora é oh!…” e em seguida faz um “V” com o dedo médio e o indicador, repetindo o símbolo usado pelos membros do Comando Vermelho.
“Foi através daí que nós fizemos a investigação”, relata a delegada Raissa Beleboni, acrescentando que conta com ajuda do Disque Denúncia para identificar mais membros da facção.
A delegada Raissa estava à frente das investigações sobre o caso porque na época do estupro da menor, ela respondia pela Delegada Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e também da DEACA – Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente. Desde então, ela vinha investigando o caso. (Chagas Filho com informações de Evangelista Rocha)
Fonte: Correio de Carajás
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