Depoimento de testemunhas e imagens de câmeras de vídeo-monitoramento são as principais armas da Polícia Civil para identificar e prender os criminosos que deram o chamado golpe do “Sapatinho”, em Marabá na última terça-feira (23). Eles mantiveram a família do tesoureiro do Banco da Amazônia SA (BASA) como refém e obrigaram o bancário a sacar uma vultosa quantia em dinheiro na agência da Nova Marabá, sob pena de matarem os familiares do tesoureiro. Ninguém informa os valores levados pelo bando, mas informações extraoficiais dão conta que a ação criminosa pode ter rendido meio milhão de Reais à quadrilha.
Em número de três, os acusados invadiram a casa do bancário Hélio Dias, no Bairro Belo Horizonte, durante a madrugada de terça. Dois criminosos levaram a mulher e os dois filhos dele como reféns para local incerto, enquanto o outro bandido ficou com ele durante toda a madrugada e o acompanhou pela manhã enquanto ele fazia o saque na agência. Possivelmente um quarto elemento acompanhava toda a movimentação do bancário à distância.
Em conversa com a Imprensa na manhã de ontem (24), o diretor da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, delegado Vinícius Cardoso das Neves, disse que a polícia colheu muita informação sobre o mouds operandi da quadrilha e está em campo tentando identificar os autores, mas ele confirmou que os depoimentos e filmagens são o que a Polícia Judiciária tem de mais concreto. “Câmeras de segurança do possível percurso dos criminosos estão sendo recolhidas, testemunhas foram ouvidas e o próximo passo é identificar quem foram os envolvidos nesse crime”.
AS INVESTIGAÇÕES
A reportagem do Jornal CORREIO conseguiu conversar com exclusividade com o delegado Elcio Fidelis de Deus, que investiga o caso. Ele já tem algumas pistas. Segundo o policial, as vítimas foram levadas para a estrada do Rio Preto, cuja entrada fica no Km 9 da Rodovia Transamazônica, sentido Marabá-Itupiranga, e foram libertadas nas proximidades da loja Havan, que fica também na margem da Transamazônica, justamente na saída de Marabá rumo a Itupiranga.
Perguntado se as testemunhas lembram algum detalhe dos criminosos, o delegado disse que dos três assaltantes que foram vistos, dois usavam capuzes para encobrir o rosto, enquanto o terceiro não usava nada. Elcio de Deus disse também que as testemunhas perceberam que os acusados não conheciam muito bem a cidade, dando a entender que vieram de fora, mas obviamente tinham informações sobre a família do tesoureiro e também sobre a movimentação financeira na agência, que é uma das mais antigas de Marabá.
O delegado revelou também que um dos veículos utilizados pela quadrilha era uma picape, possivelmente uma Strada ou Saveiro, mas não há como afirmar com precisão. Ainda segundo ele, o assaltante que passou a noite com o bancário na casa aparentava ser o mais violento do grupo criminoso. Mas as vítimas não foram machucadas. Os traumas são psicológicos e não físicos.
Perguntado sobre a quantia de dinheiro que foi roubado da agência, o delegado disse que esse é o tipo de informação que a polícia não costuma repassar, mas observou que foi um volume bastante considerável em dinheiro.
Vale dizer também que a ação dos criminosos pela manhã na agência foi considerada bastante discreta, posto que nem os clientes e muito menos os vigilantes do banco, ouvidos pela reportagem, disseram ter percebido nada de anormal. Somente quando a Polícia Civil foi acionada, é que o clima mudou no banco e, inclusive, a agência foi fechada
Saiba mais
Este foi o quarto atraque a bancos no Pará neste mês de outubro, sendo o primeiro na modalidade “Sapatinho”. O primeiro foi um arrombamento, onde um bando levou dinheiro dos caixas eletrônicos da agência do Banco do Brasil na Avenida Almirante Barroso, em Belém. No segundo caso, um grupo arrombou a agência da Caixa Econômica Federal em São Miguel do Guamá, no nordeste paraense. Na terceira ação criminosa, o alvo foi o Bradesco de Senador José Porfírio, na Transamazônica, ocasião em que os assaltantes sitiaram a cidade com uma emboscada no batalhão da Polícia Militar local.
(Chagas Filho com informações de Josseli Carvalho)
Fonte: Correio de Carajás
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