Quando parecia que o período crítico da enchente já havia passado em Marabá, em definitivo, com o nível do Rio Tocantins recuando da cota de alerta e regredindo a 9,34 metros acima do normal, um repique desde domingo (12) mudou tudo em poucas horas. O volume voltou a subir e nesta quarta-feira (15) já estava em 10,70 metros acima do normal. Não só ultrapassou novamente a cota de alerta, como voltou a desabrigar centenas de pessoas que já estavam de volta às suas casas nas áreas mais baixas da cidade. E a previsão é que continue a subir, mais uma vez passando dos 11 metros.
Ocorre que o repique da cheia pegou de surpresa as autoridades e os próprios flagelados. No último dia 9, portanto há uma semana, a própria Defesa Civil, pressionada pelos populares, ajudou na mudança de muitos deles de volta a suas casas. Outros tantos voltaram por contra própria, de forma que no sábado, dia 11, já não havia ninguém nos abrigos oficiais.
A Reportagem do CORREIO esteve no barracão montado pela prefeitura na entrada do núcleo Marabá Pioneira — onde se situam os bairros Francisco Coelho (Cabelo Seco), Santa Rita, Santa Rosa e Vila Canaã (Vila do Rato) — e conversou com flagelados que estão em ritmo de vaivém com a oscilação das águas. A princípio, cerca de 30 famílias devem se estabelecer novamente nesse abrigo, que teve telhas, compensados e outras partes da estrutura furtados na noite anterior. Ou seja, a Prefeitura, terá de fazer novo investimento na estrutura.
O ajudante de pedreiro Melques da Cruz Barros foi um dos atingidos pela enchente. Ele narra que voltou para casa após sinal verde da Defesa Civil e que precisou retornar ao abrigo ontem porque, nesse período de menos de uma semana, a casa onde mora alagou outra vez. “Eles (Defesa Civil) vieram mandar todo mundo sair daqui, porque queriam limpar a praça para continuar a obra”, relata ele. “Eles disseram que nós poderíamos voltar, que não havia perigo, e olha onde estamos”, expõe.
Tânia Rosa Bueno da Silva, residente do Bairro Santa Rosa, foi uma das afetadas que mais percorreram os abrigos. Ela conta que a primeira mudança aconteceu no dia 10 de março, ocasião em que foi para o alojamento montado na Orla. Uma semana depois, como o leitor bem lembra, a água alcançou o local e lá vai Tânia para o galpão da Folha 32, às margens da Rodovia Transamazônica (BR-230). “Isso é muito ruim. Eu tenho problema de coluna e não aguento ficar mexendo com esse negócio de mudança. Eu fico doente. Meu psicológico se altera”, externa ela.
Indignado, o morador José Geraldo Moura de Souza afirma que é ‘molecagem’ a população viver em cima dos caminhões do Exército, utilizados no atendimento aos flagelados. Para ele, que é aposentado, a decisão da Defesa Civil foi tomada sem conhecimento da realidade dos rios. “Até as crianças que brincam com boia na enchente aqui sabem que o nível do rio baixa e depois sobe”, menciona.
Para esta quinta-feira (16), a previsão é de sol e aumento de nuvens de manhã e pancadas de chuva à tarde e à noite. Com umidade em 54%, a probabilidade de chuva é de 80%, a 10 milímetros (pela pluviosidade, cada milímetro equivale a um litro). Na sexta-feira (17), as chances de chuva aumentam para 90% e sobe para 20 o número de litros de água por metro quadrado. Os especialistas consideram esse tipo de chuva como moderada, mas que pode provocar alterações.
A última vez que o CORREIO teve contato com o titular da Defesa Civil em Marabá, Jairo Milhomem, foi no dia 13 de abril, quando o mesmo tratou de forma ríspida repórter do Jornal e disse que o que a imprensa quisesse saber de enchente, que perguntasse à Ascom da Prefeitura.
Segundo o Boletim de Vazões e Níveis da Eletronorte, o rio continuará subindo e deve chegar a 11,15 metros acima do normal no dia 18. (Da Redação)
Fonte: correiodecarajas.com.br
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