Badalado

Notícias

Jovens são os mais infectados pelo coronavírus no Estado

Desde que teve a covid-19, na segunda quinzena de abril, a rotina do servidor público Daniel Penalber, 38 anos, não tem sido a mesma. Por exemplo, quando retornou do supermercado, lavou cuidadosamente a embalagem de todos os alimentos antes de armazená-los na dispensa. Cuidado que já tomava antes, mas que agora foi redobrado. A máscara no rosto, ele só tira na hora que vai tomar banho ou quando precisa trocá-la por outra limpa. “Já cheguei a dormir várias noites com a máscara para proteger qualquer pessoa que pudesse entrar no meu quarto, mesmo quando eu estava em isolamento domiciliar”, comenta.

Apesar de já ter tido a doença provocada pelo coronavírus e se recuperado, Daniel se preocupa com a segurança dos familiares e de amigos mais íntimos que por algum motivo precisem ir à casa dele. “Não existe nenhum estudo que comprove que não possa haver uma reinfecção, uma recaída. Ainda estou em alerta”, prossegue.

Atualmente, o servidor público faz parte de pelo menos duas estatísticas relacionadas a pandemia de covid-19. Uma delas, a que indica que 31.366 pessoas que tiveram a doença estão recuperadas, no Pará. A outra é a de que ele, mesmo recuperado, está entre as 43.652 pessoas que testaram positivo para o coronavírus. Dentro deste universo de casos confirmados e recuperados, o servidor público faz parte do maior grupo dos que tiveram a covid-19, as pessoas com menos de 49 anos de idade.

Os dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) mostram que, no Pará, o maior número de casos de covid-19 foi confirmado entre pessoas jovens, com idade entre 20 a 49 anos de idade. Os pacientes que estão nesta faixa etária somavam 25.949 infectados pelo vírus. Ou seja, mais da metade dos casos confirmados.

PREOCUPAÇÃO

Os dados são apresentados diariamente pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). De maneira geral, estes índices revelam a atual preocupação dos médicos e especialistas, que é justamente o cuidado que a população jovem precisa – e deve – tomar para impedir a proliferação e a contaminação pelo coronavírus.

Antes, no início da pandemia, a preocupação maior era com a população idosa. “A preocupação realmente sempre foi com as pessoas idosas porque quando eles adoecem podem evoluir da pior forma. E as comorbidades (histórico de outras doenças como diabetes, hipertensão ou cardiopatia) podem influenciar para que eles evoluam a óbito”, pontua a médica infectologista Marília Brasil Xavier, ao esclarecer que a saúde das pessoas mais velhas continua tendo a mesma importância.

Ela explicou que essa nova preocupação, que tem como alvo os mais jovens, se deve a outros fatores, entre eles o fato de que pessoas com menos idade tem mais chances de serem assintomáticas ou até mesmo um quadro mais leve da covid-19, como no caso de Daniel, que não precisou de internação em hospital. “Tive todos os sintomas, menos a falta de ar, mas passei dias sem olfato, sem paladar”, descreve. “O jovem está mais exposto. Os jovens trabalham, se movimentam mais, mesmo que existam medidas de restrição. Os idosos, até pelas medidas de cuidados impostas, foram afastados do trabalho”, lembra a especialista. “Eles (os jovens) têm maior possibilidade de seguir transmitindo a doença seja porque são portadores assintomáticos ou porque tiveram sintomas mais leves. Quando chegam em casa tem mais chances de transmitir o vírus para os demais familiares”.

O farmacêutico Roger Nascimento, 38, sabe bem do cuidado no qual a infectologista Marilia Xavier recomenda. Ele apresentou a infecção pelo coronavírus no final de abril, dias depois de ter perdido a mãe, que faleceu em decorrência da covid-19. No início, quando os sintomas começaram a aparecer, pensava que era alergia. Se deu conta de que estava com coronavírus quando perdeu o olfato e o paladar. “Fiz dois exames. O segundo atestou positivo para a covid-19”.

Agora anda sempre com máscara no rosto e leva algumas de reserva dentro da bolsa, guardadas em sacos plásticos. No carro mantém um frasco de álcool em gel que usa toda vez que entra no veículo. Higieniza até o volante. “O cuidado é o mesmo de antes, desde o início da pandemia, mas hoje estou bem mais preocupado por causa das pessoas que estão próximas a mim, no meu trabalho, por exemplo”, afirma.

Covid no Pará

– Faixa etária: 20 – 29 anos

Mulheres: 3.229

Homens: 2.562

– Faixa etária: 30 – 39 anos

Mulheres: 5.445

Homens: 5.154

– Faixa etária: 40 – 49 anos

Mulheres: 4.713

Homens: 4.856

– Acima de 60 anos de idade: 8.679

Fonte: Boletim da Sespa de ontem (2).

Fonte: diarioonline.com



Divulgar sua notícia, cadastre aqui!






>