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Pandemia: Pará é o único estado com saldo positivo na economia

O Pará foi o único de 14 estados brasileiros analisados em pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) a apresentar saldo positivo de crescimento da economia em 12 meses de pandemia, considerando o período entre o mês de março de 2020 e fevereiro de 2021. Em comparação com os 12 meses anteriores, os estados responsáveis por 87,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional indicaram queda de 6,7% da atividade econômica do país. Os dados fazem parte do estudo “O impacto regional da pandemia nos três grandes setores econômicos”, divulgado pela Firjan.

Enquanto Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul registraram as maiores quedas da atividade econômica, com as taxas de -13,5%, -12% e -10,5%, respectivamente, o Pará foi o único com resultado positivo, com 0,6%.

A análise considerou os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os três grandes setores da economia – indústria, comércio e serviços – para os 14 estados onde é realizada a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Juntos, além de representarem 87,8% do PIB nacional, os estados também reúnem 79,8% da população, segundo o IBGE. São eles: além de Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Pará, Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e Amazonas (veja o quadro completo das taxas registradas).

A nota técnica da pesquisa demarca que em 2020 a pandemia causada pela covid-19 afetou negativamente a economia mundial, e com o Brasil não foi diferente. “A expectativa para o ano era de crescimento econômico moderado, dando continuidade aos anos anteriores, mas o que se observou foi uma forte queda em todos os grandes setores. Nesse contexto, o presente levantamento traz um balanço da atividade econômica em 14 estados brasileiros, um ano após o início da crise sanitária. A partir da combinação dos dados que mostram a dinâmica evolutiva da economia com a participação dos grandes setores nas economias locais, busca-se responder o questionamento: quais estados foram mais impactados?”, declara o documento.

Setores

O comércio foi o setor em que o Pará apresentou o melhor resultado, com crescimento de 8,1%, o que significou também o melhor desempenho entre todos os estados. Também tiveram saldo positivo na área o Espírito Santo (3,6%), Minas Gerais (2,8%), Amazonas (2,4%), Santa Catarina (1,9%), Mato Grosso (0,1%) e Pernambuco (0,1%). Por outro lado, tiveram queda os estado de Paraná (-1,2%), Goiás (-3,1%), Rio de Janeiro (-4,2%), São Paulo (-4,4%), Ceará (-5,7%), Rio Grande do Sul (-6,7%) e Bahia (-8,5%).

Na indústria, o Pará teve crescimento pequeno, de 0,1%, mas ficou atrás apenas de Pernambuco, que cresceu 3,0%. Todos os demais estados tiveram queda: Espírito Santo (-13,9%), Bahia (-9,3%), Amazonas (-7,3%), Mato Grosso (-6,3%), Ceará (-5,8%), São Paulo (-5,1%), Rio Grande do Sul (-4,2%), Santa Catarina (-3,1%), Rio de Janeiro (-2,1%), Paraná (-2,0%), Goiás (-0,8%) e Minas Gerais (-0,4%).

O setor de serviços foi o único em que o Pará teve queda, em -0,7%. Apenas o Amazonas teve saldo positivo no quesito (0,6%), todos os demais também decaíram: Bahia (-16,2%), Ceará (-15,3%), Pernambuco (-14,6%), Rio Grande do Sul (- 13,4%), Paraná (-10,6%), Rio de Janeiro (- 8,6%), São Paulo (-8,1%), Goiás (-7,2%), Espírito Santo (-7,0%), Minas Gerais (-5,2%), Santa Catarina (-2,9%) e Mato Grosso (-2,2%).

O economista Marcus Holanda, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon PA/AP), afirma que o perfil exportador da indústria paraense, com destaque para a indústria de mineração e do agronegócio, que foram beneficiados pela maior procura do mercado internacional, é a principal razão para que o estado tenha sido o único a crescer. No entanto, pondera que a taxa não representa maior distribuição de renda para a população em comparação com os outros estados.

“O que o estudo aponta é que os outros estados empobreceram, mas não necessariamente que temos algo para comemorar. O que desenvolve de fato uma população é o índice educacional e políticas de investimento. Não observamos também a chegada de novas indústrias no estado”, observa.

O setor de serviços, de acordo com Holanda, foi o que apresentou o menor índice no Pará como resultado da aplicação das políticas de isolamento social como o lockdown (bloqueio de emergência), necessárias contra a contaminação em massa pelo vírus. “Esse índice foi para baixo em razão dos setores que tiveram que paralisar quase que totalmente, com por exemplo o setor de turismo e o de educação. Quando uma escola tem que parar, uma série de outros setores também ficam comprometidos, como a produção de uniformes”, explica.

Ao contrário dos serviços, o comércio teve maior capacidade de adaptação com as limitações impostas pela pandemia. Uma prova foi o crescimento do comércio eletrônico em todo o país, destaca o economista.

“Desde o início da pandemia o setor de marketing digital cresceu 70% no Brasil, embora o e-commerce tenha iniciado há 20 anos, agora ele tem apresentado seu auge. Os supermercados também tiveram crescimento no Pará, o que podemos atribuir aos auxílios emergenciais lançados pelos governos federal, estadual e municipal, isso sem dúvida fez o nosso comércio se movimentar. Mas o nosso consumo é de sobrevivência, as pessoas vão ao comércio para comer”, analisa.

Para Marcus Holanda, a economia paraense só terá melhora real quando a vacinação alcançar a totalidade da população.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o crescimento na indústria levou a um saldo positivo nos postos de trabalho no Pará nos últimos 12 meses, o que também impulsionou o consumo do comércio. A previsão de investimentos para a indústria do Pará é de R$126 bilhões até 2030, segundo dados da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa).

Brasil

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, destaca que em âmbito nacional o setor de serviços foi o que apresentou maior retração no período estudado. “Foi fortemente impactado pela pandemia por conta das proibições e restrições. Então os estados que têm grande peso do setor em sua economia foram os mais penalizados. No estado do Rio, por exemplo, onde o setor tem um peso de quase 70% no PIB, a queda foi de 6,6%. Só não foi mais intensa devido ao desempenho da indústria extrativa”, explica.

A Federação demarca que somente o Estado do Amazonas apresentou taxa positiva em serviços (0,6%), na análise setorial da pesquisa. O resultado é explicado pelo desempenho do segmento de logística, que teve aumento de demanda por conta do crescimento das vendas online, segundo a Firjan.

Em concordância com o economista Marcus Holanda, a Firjan afirma que “diante do comportamento crítico da atividade econômica em todos os estados analisados”, a velocidade e a eficácia do programa de imunização nacional contra a covid-19 são imprescindíveis para que o país consiga superar a crise econômica gerada pela pandemia. “Sendo assim, a incerteza gerada pelo atraso da imunização e a nova onda da pandemia, que bate recordes de vítimas a cada dia, torna o cenário brasileiro ainda bastante nebuloso para 2021”, frisa a entidade.

Taxa de crescimento completo por estado:

Bahia (-13,5%), Ceará (-12%), Rio Grande do Sul (-10,5%), Pernambuco (-7,9), Espírito Santo (-7,7%), São Paulo (-6,9%), Rio de Janeiro (-6,8%), Paraná (-6,8%), Goiás (-5,1%), Minas Gerais (-2,9%), Mato Grosso (-2,5%), Santa Catarina (-2,1%), Amazonas (-2,1%) e Pará (+0,6%).

Fonte: oliberal.com.br



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