A covid-19 já matou 595.903 pessoas no Brasil, ou seja, 187,2 mil a mais do que o saldo tido como oficial da pandemia no país, segundo uma estimativa do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), em Seattle, nos Estados Unidos.
Até a data-base do estudo, o total de mortes no país era de 406 mil, segundo o consórcio de veículos de imprensa que passou a apurar os balanços junto às secretarias estaduais em junho de 2020, após o Ministério da Saúde restringir acesso a dados e, depois, alterar metodologias.
Desde o início da pandemia, os modelos matemáticos do IHME vêm servindo de base para as respostas contra o novo coronavírus por parte de governos como o americano e o britânico. Se a estimativa do instituto estiver correta, o saldo de mortes por covid-19 no Brasil já é 45,8% maior que o total notificado.
A conta é baseada em “evidências significativas de subnotificação” em todos os países do mundo, que, segundo o IHME, variam em maior ou menor grau a depender do nível de discrepância entre os números de vítimas do novo coronavírus informados pelos governos e os dados sobre o total de mortes nesses países na comparação com o histórico dos anos anteriores.
Também entram na verificação das “mortes excedentes”, como tem sido chamada essa diferença estimada entre o total notificado de mortes e o saldo real da pandemia, as divergências constatadas entre os números de mortes por covid-19 informados pelos governos e os saldos totais de falecimentos por problemas respiratórios em cada região.
“Muitas vítimas de covid-19 acabam não sendo reportadas porque alguns países só contabilizam as mortes que acontecem em hospitais, ou quando houve testagem das vítimas indicando diagnóstico positivo para a infecção pelo vírus. Em muitos lugares, falta de testes e fragilidades nos sistemas de saúde aumentam o desafio”, afirmou o IHME.
O instituto ressalta que “a nova estimativa só inclui mortes causadas diretamente pelo novo coronavírus, sem levar em conta outras mortes eventualmente causadas pela obstrução que a pandemia gerou nos sistemas de saúde ou por problemas mentais, como depressão”.
Com base nas contas do IHME, os EUA já teriam tido 905 mil mortes, quase o dobro das 574 mil notificadas até a data da publicação.
No mundo, o total de mortes já seria de 6,9 milhões, segundo o IHME, mais que o dobro da contagem oficial dos países, que apontava 3,2 milhões de vítimas até 6 de maio.
“Por mais terrível que a pandemia de covid-19 já possa parecer, esta análise mostra que o saldo real é significativamente pior”, comentou o diretor do IHME, o médico Chris Murray.
Segundo ele, “compreender o verdadeiro saldo de mortes por covid-19 não só nos ajuda a compreender melhor a magnitude da crise global, como também fornece informação valiosa para formuladores de políticas públicas desenvolverem respostas e planos de recuperação”.
Há algumas semanas, antes desta estimativa de mortes além das oficialmente registradas, o IHME já havia previsto que o Brasil, então com reportadas 382 mil mortes por covid-19, pode chegar a 611 mil vítimas até agosto.
Segundo o instituto, mais de 60 mil dessas novas mortes poderiam ser evitadas caso fosse revertido o cenário de descaso do governo federal com relação à obrigatoriedade de uso de máscaras e adoção de distanciamento e à implementação ou não de outras medidas preventivas, como fechamentos parciais de comércios e proibição de aglomerações.
O IHME deve publicar em breve uma nova projeção do total de mortes no Brasil causadas pela covid-19, incluindo o atual cálculo de “mortes excedentes”.
Fonte: valorinveste.globo.com
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