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Fechamento de pontos de açaí em Belém é resultado da alta dos preços

A crise do abastecimento de açaí nos pontos de venda de Belém, causada pela entressafra do fruto e pelo aumento da exportação, será discutida na próxima terça-feira (18), em reunião da Secretaria Municipal de Economia (Secon) com a Associação dos Vendedores Artesanais de Açaí de Belém (Avabel). Serão discutidas estratégias para que os vendedores possam negociar preços mais em conta da matéria-prima com os produtores, para que não precisem fechar as portas temporariamente ou por tempo indeterminado, como vem ocorrendo.

Paralelamente ao anúncio do órgão e da entidade, um movimento independente de batedores artesanais reclama do encarecimento das sacas e organiza um protesto para a próxima segunda-feira (17), às 6h, na Praça do Relógio, na Cidade Velha, com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para o problema. Com a realização do ato, mais pontos devem estar fechados na próxima semana.

O período de entressafra do açaí vai de janeiro a junho, tendo o mês de maio como o ápice da baixa produção. De acordo com o secretário municipal de Economia, Apolônio Brasileiro, ocorre redução de 70% da oferta no período em comparação com a época de safra. A crise de abastecimento da matéria-prima, no entanto, foi causada também pela expansão do mercado consumidor do açaí, já que o volume de exportação para outros estados e países aumentou muito nos últimos anos, segundo afirma o titular da Secon.

“A expansão da procura pelo açaí no Brasil e no mundo é um fato, e é bastante positiva para várias partes da cadeia produtiva. É algo muito bom para a indústria, para os produtores, para diversas categorias, ninguém é contra a exportação. Mas a gente precisa pensar formas de fazer com que os batedores possam disputar bons preços, para que a gente possa garantir o consumo do mercado interno. Para além da questão econômica, temos o aspecto cultural do açaí, é quase um patrimônio nosso”, destaca.

O secretário adianta que irá conversar com a Avabel sobre estratégias que possam auxiliar na disputa por preços melhores. “Uma alternativa pode ser realizar compras coletivas, por entidades, e não compras individuais, de cada batedor por si, como é agora. Mesmo que medidas como essa não alterem a alta do preço na entressafra, ou o aumento da exportação, podem ajudar”, exemplifica.

O presidente da Avabel, Carlos Noronha, calcula que existam atualmente em Belém cerca de 10 mil batedores de açaí, sendo 3.700 filiados à associação. Em 2007, segundo ele, haviam 3 mil batedores na capital. “Cresceu muito o número de batedores e vendedores. Desses novos, muitos não sabem como funciona a entressafra e, por isso, acabam fechando. No tempo de baixa, o preço sobe cerca de 300%. A quantidade de 60 quilos de açaí das ilhas, que no tempo da safra sai a R$ 100, agora está a R$ 360. Isso não mudou nos últimos anos, permanece igual”, afirma.

Noronha discorda que um protesto seja eficaz para modificar a situação. “O que nós queremos é sentar com o poder público e pensar soluções. Não concordo em fechar ruas ou parar o trabalho, porque a população não tem culpa. Uma coisa que acho que pode ser eficaz é reivindicar que o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) fiscalize a pesagem do açaí no Ver-o-peso, por exemplo”, demarca.

O Pará produz todos os anos 1.300 milhão de toneladas de açaí, sendo o maior estado produtor do Brasil. Para o economista Rosivaldo Batista, no entanto, a produção deve ser ainda maior para que o preço caia e o mercado interno não fique ameaçado.

“Se queremos amenizar o período da entressafra e os efeitos da exportação, precisamos aumentar a produção a partir de uma política estadual. É necessário que a Sedap (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca) e a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará) desenvolvam projetos que estimulem os produtores. É possível que isso seja feito”, conclui.

Fonte: oliberal.com.br



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