Não ter os dois braços não impediu que Richard Petterson Dias Barbosa, de 18 anos, se destacasse no esporte. Morador de Itanhaém, no litoral de São Paulo, o jovem se tornou um exemplo de superação por estar sempre encarando novos desafios. Barbosa é campeão de jiu-jitsu, já praticou judô, capoeira, gosta de andar de skate e, atualmente, seu maior desejo é se profissionalizar no surfe.
Richard nasceu com amelia bilateral congênita, que consiste na ausência dos membros superiores. De acordo com Érica Dias, de 43 anos, o filho começou a praticar esporte quando eles ainda moravam em Miracatu, no interior paulista. A capoeira foi a primeira modalidade que o jovem experimentou. Quando se mudou para Itanhaém, há quatro anos, foi apresentado a uma de suas paixões, o jiu-jitsu.
A modalidade rendeu boas conquistas a Richard. Algumas delas vieram de torneios conhecidos, como o Campeonato Brasileiro de Parajiu-Jitsu. Segundo Érica, o jovem teve a oportunidade de ir para Dubai participar de competições, no entanto, a falta de patrocínio inviabilizou a viagem. O surfe, então, surgiu na vida de Barbosa como uma nova etapa, repleta de possibilidades.
Em entrevista ao G1, Richard contou que foi convidado por um amigo para participar de uma aula de surfe. “Meu amigo falou: ‘vamos fazer um surfe?’. Bateu aquele medo na hora, mas eu fiz uma aula, duas, e continuo até hoje”. O jovem relata que, no início, a maior dificuldade era pegar a onda. “Tive mais dificuldade nas pranchas para ‘dropar’ na onda, mas fui aperfeiçoando, aprendi a treinar e competir”, comenta.
Um mês após ingressar no esporte, Richard participou do primeiro campeonato de surfe. Na competição, ele conquistou o primeiro lugar. “Foi gratificante, uma experiência muito boa. Agora, o negócio é treinar forte e ir para o próximo campeonato”, diz. Segundo o jovem, o esporte é seu combustível. “Me incentiva, faz eu continuar em pé e a buscar os meus objetivos”, diz.
Érica conta que o filho sempre lidou bem com suas condições físicas. Ela deseja que o jovem realize todos os seus desejos. “Eu fico muito orgulhosa, porque é uma superação, ele é guerreiro, vai atrás das coisas. Espero que ele tenha um futuro e realize todos os sonhos”, comenta.
É no Projeto Surf Cibra, iniciativa independente criada por um grupo de amigos surfistas, que Richard tem dado os primeiros passos no esporte. Para o surfista Carlos Eduardo Ribeiro, também conhecido como Cae Ribeiro, receber o jovem foi um grande aprendizado.
“Para mim, como professor, nessa experiência de vida, eu achava que estava ensinando as crianças, mas, na verdade, estou aprendendo com elas. Mais uma vez Deus, me surpreendeu com um desafio que foi gratificante, ter ele como aluno, amigo e parceiro”, diz Cae.
De acordo com Ribeiro, a chegada do jovem fez com que eles se dedicassem a preparar um treino específico, no qual Richard pudesse se desenvolver sem correr riscos. Assim, a primeira experiência do garoto no mar aconteceu em uma prancha de stand up paddle, que tem maior flutuação. Depois da adaptação, os instrutores iniciaram novo teste com uma prancha de longboard, que é menor e trouxe mais desafios.
Fonte: g1.globo.com
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