Os altos índices de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e o abuso de antibióticos durante a pandemia de covid-19 aumentaram em 56% as infecções por superbactérias em hospitais do Paraná, segundo pesquisa da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica). Os pesquisadores acreditam que a mesma tendência tenha ocorrido no restante do Brasil e em outras partes do mundo.
A pesquisa brasileira —que será publicada em fevereiro na versão impressa do Journal of Hospital Infection— conta com informações de 11.248 infecções bacterianas coletadas em 99 hospitais paranaenses entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Os pesquisadores cruzaram esses dados com as notificações de covid-19 pelo Ministério da Saúde.
A conclusão mais importante é que a notificação da superbactéria mais perigosa do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cresceu 56% depois da pandemia.
As infecções pela bactéria Acinetobacter baumannii nos hospitais paranaenses passou de 7,9% (373 de 4.734 infecções) das notificações, em 2019, para 12,4% (805 de 6.514 casos) após o surto do novo coronavírus.
Em 2017, a OMS publicou uma lista com 12 famílias de bactérias que representam “a maior ameaça à saúde humana”. No topo do ranking, com “prioridade 1, crítico”, figura a Acinetobacter baumannii.
“A resistência aos antibióticos está crescendo e estamos ficando sem opções de tratamento”, afirmou na ocasião Marie-Paule Kieny, diretora-geral adjunta da OMS. “Se deixarmos apenas para as forças do mercado, os novos antibióticos de que precisamos com mais urgência não serão desenvolvidos a tempo.”
De acordo com a pesquisa brasileira, as infecções ocorreram principalmente por meio de equipamentos hospitalares, como sondas, cateteres e ventiladores mecânicos, muito utilizados durante a fase mais aguda da pandemia, que lotou UTIs em todo o Brasil.
“Quando o paciente está na UTI, ele nem sempre consegue engolir o remédio. Ele recebe a medicação por um cateter na veia, um dispositivo invasivo”, explicou ao UOL uma das responsáveis pela pesquisa, a médica epidemiologista Viviane Dias.
“A ventilação mecânica é a mesma coisa”, diz. “Tem de sedar o paciente e botar um tubo na traqueia para ajudar na respiração. Além do processo invasivo, o reflexo de tosse e limpeza do músculo da traqueia diminui. São medidas necessárias, mas que reduzem as defesas do corpo.”
Fonte: uol.com.br
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