O problema é que, em indivíduos que não têm TDAH e fazem o uso por conta própria, isso pode causar vários problemas, tendo em vista que não há um controle das doses adequadas do medicamento.
“E aí a hora que a pessoa fica sem o remédio, ela fica como se estivesse deprimida mesmo, ela fica para baixo, sem ânimo, sem energia, que é o estado que a gente chama de abstinência”, alerta o médico.
Quais são os principais efeitos colaterais após o uso sem prescrição médica?
A automedicação com o metilfenidato pode acabar não ajudando o desempenho acadêmico daqueles que buscam um ‘up’ nos estudos e, em alguns casos, até mesmo resultando em sérios problemas de saúde.
O pesquisador Fernando Freitas, do Laboratório de Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) aponta que, como esses medicamentos alteram a química do cérebro e provocam um efeito calmante, eles vão criando uma dependência psicológica que estimula a necessidade de aumento da dose.
“Ele ajuda você a concentrar. Você consegue ter mais foco naquilo, fica com mais atenção, mas isso é algo passageiro”, lembra.
O problema é que, se uma pessoa tinha níveis de atenção normais, é como se ela tomasse uma “overdose de cafeína”, explica Santos Jr.
Por isso, o uso indiscriminado do medicamento em doses não controladas pode resultar no aumento da ansiedade, dores de cabeça, perda de apetite e até mesmo, em alguns casos mais raros, alucinações e na piora de quadros de esquizofrenia ou transtorno bipolar.
A questão, defende o médico, é que os pacientes muitas vezes não sabem se têm predisposição a esses problemas até a ocorrência do primeiro episódio. Assim, ele acredita que a questão-chave tem a ver com o controle de acesso a esse medicamento e a necessidade do acompanhante médico.
“Todos os remédios têm indicações e contraindicações. Pessoas são mais sensíveis e menos sensíveis. Então o mais importante é não fazer o uso de forma aleatória e sem a supervisão de um médico especialista na área”.