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O que se sabe sobre as buscas do FBI na mansão de Donald Trump na Flórida

A busca fez parte de uma investigação do Departamento de Justiça sobre documentos presidenciais considerados propriedade oficial do governo que foram removidos da Casa Branca quando Trump deixou o governo, em janeiro de 2021.

Na noite de segunda-feira (8), o próprio Donald Trump publicou uma nota na qual afirmava que um grupo de agentes do FBI fazia uma operação em sua casa de Mar-a-Lago.

Eric Trump, um dos filhos do ex-presidente, afirmou que eram cerca de 30 policiais.

Trump estava em Nova Jersey naquele momento. Não foi uma invasão a força, já que o FBI avisou o Serviço Secreto, que protege o ex-presidente, antes de chegar, de acordo com a rede NBC.

Lá dentro, passaram horas revistando a residência. Abriram, inclusive, uma caixa forte. O portal Politico, citando uma fonte familiarizada com os fatos, indicou que os agentes levaram “registros em papel”.

“Nunca aconteceu antes com um presidente dos Estados Unidos nada como isso”, disse Trump em um comunicado, em que descreve as buscas como “desnecessárias e inapropriadas”.

O que o FBI está investigando?

O Departamento de Justiça e o FBI não se pronunciaram sobre a investigação.

Segundo especialistas, a realização de buscas direcionadas a Trump, que pode voltar a disputar a Casa Branca em 2024, é algo tão politicamente sensível que precisaria ser aprovado pelo procurador-geral Merrick Garland e o diretor do FBI, Christopher Wray.

O FBI deve ter precisado de uma ordem judicial, o que exigiria a revisão de um juiz da justificativa para entrar na casa de um ex-presidente. Mas o mandado, que poderia revelar a natureza da investigação, permanece em segredo.

Seamus Hughes, subdiretor do Programa sobre Extremismo da Universidade George Washington e especialista em documentos judiciais, afirmou que o promotor federal do sul da Flórida mantém as ordens seladas.

“Cada distrito judicial pode estabelecer suas próprias regras locais para o acesso do público a documentos”, disse.

Documentos confidenciais?

Eric Trump disse à Fox News que a operação estava relacionada a acusações sobre uma grande quantidade de documentos que o presidente levou consigo quando deixou a Casa Branca em janeiro de 2021.

No início do ano, o ex-presidente foi obrigado a entregar 15 caixas desses documentos aos Arquivos Nacionais, a instituição que controla os registros presidenciais.

Posteriormente, os Arquivos informaram ao Departamento de Justiça que as caixas incluíam alguns documentos altamente confidenciais.

As buscas de segunda-feira sugerem que havia mais arquivos desse tipo em Mar-a-Lago.

“O propósito das buscas, pelo que disseram, foi porque os Arquivos Nacionais queriam corroborar se Donald Trump tinha ou não algum documento em seu poder”, afirmou Eric Trump.

É ilegal guardar documentos presidenciais?

A Lei de Registros Presidenciais determina que todos os documentos relacionados a assuntos oficiais devem ser entregues aos Arquivos Nacionais. Mas violar essa norma traz poucas consequências.

Por outro lado, a legislação americana proíbe estritamente que as pessoas retenham documentos confidenciais, o que pode levar a severas penas de prisão.

Uma indicação de que a investigação poderia envolver materiais confidenciais foi uma visita a Mar-a-Lago em junho por parte do chefe da Seção de Controle de Exportações e Contrainteligência do Departamento de Justiça, segundo a CNN.

Essa seção supervisiona os casos que afetam a segurança nacional, como os de espionagem e sabotagem, assim como os que envolvem americanos que fazem lobby por governos estrangeiros.

Trump está sob investigação?

A operação de buscas não significa necessariamente que Trump esteja sob investigação por um crime.

Os documentos buscados podem ser necessários para outras investigações ligadas a membros de seu governo, inclusive para a investigação do ataque ao Congresso de 6 de janeiro de 2021 por centenas de apoiadores de Trump.

Porém, a natureza das buscas, dizem os analistas, sugere algo muito mais significativo.

Andrew McCabe, ex-subdiretor do FBI, afirmou à CNN que parece inimaginável que se trate simplesmente de material dos Arquivos Nacionais. “Devem ter muito mais que isso”, disse.

A operação foi legal?

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (órgão semelhante ao Ministério da Justiça) não deu explicações sobre a busca na casa do ex-presidente, e essa é uma indicação de que uma investigação está sendo conduzida de acordo com as regras, disseram ex-promotores federais nesta terça-feira (9).

Oficialmente, o Departamento de Justiça e o procurador-geral, Merrick Garland, não disseram nada sobre a busca (nem mesmo confirmaram que o FBI esteve na residência de Trump).

Ex-promotores de Justiça afirmaram que o departamento está observando as regras ao não comentar nada.

Isso porque um comentário poderia prejudicar um investigado.

Quais as consequências imediatas da busca?

As buscas dividiram opiniões: para alguns, foi o primeiro passo para um julgamento, para outros, uma perseguição política que teve como propósito atacar o ex-presidente, que considera se candidatar para um novo mandato.

Nunca um ex-morador da Casa Branca teve tantos problemas com a Justiça. Trump se declara inocente e se considera alvo de uma caça às bruxas.

Em nota, ele denunciou a incursão em sua mansão na Flórida, onde não se encontrava no momento. “São tempos obscuros no país”, disse. “Esta incursão não anunciada não foi necessária nem apropriada”, denunciou.

“Ninguém está acima da lei”, “nem mesmo um ex-presidente dos Estados Unidos”, declarou nesta terça-feira a presidente democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, à NBC. Como a maioria dos democratas, Pelosi está há anos pedindo que o magnata preste contas.

A escalada judicial parece ter unido mais o Partido Republicano em torno de Trump, ao ponto de elevá-lo a mártir.

Apoiadores de Trump se reuniram em frente à luxuosa casa para manifestar sua indignação. Nas redes sociais, simpatizantes defendiam um “divórcio” no país com divisões tão profundas.

Quais as consequências para 2024?

O líder dos conservadores na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, denunciou uma “instrumentalização intolerável com fins políticos” do Departamento de Justiça e prometeu uma investigação sobre seu funcionamento quando os republicanos retornarem ao poder.

Trump foi defendido até mesmo por seu ex-braço direito, Mike Pence, possível adversário nas primárias republicanas, cujo relacionamento foi abalado pelo episódio no Capitólio.

“Compartilho da profunda preocupação de milhões de americanos pelo ocorrido sem precedentes na residência privada do presidente Trump”, tuitou.

A emissora de televisão preferida dos conservadores, a Fox News, também não poupou críticas. “O FBI de Biden viola a casa de um de seus possíveis adversários nas eleições de 2024”, dizia uma manchete.

Trump já arrecadou mais de 100 milhões de dólares (uma quantidade sem precedentes para um ex-presidente) e pode anunciar sua candidatura a um novo mandato a qualquer momento. Por enquanto, aproveita a oportunidade para pedir mais recursos a seus apoiadores.

Sua equipe pediu a “todos os patriotas americanos de sangue vermelho que deem um passo a frente” e doem para a luta contra o que chamou de uma caça às bruxas interminável.

Fonte: g1.globo.com



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