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55% dos jovens brasileiros deixariam o país se pudessem, diz pesquisa

Estudo revela que população mais jovem possui uma visão muito mais pessimista sobre a imagem o Brasil. Brasileiro se vê como um povo festeiro, alegre e acolhedor, mas malandro e oportunista e desonesto.

Para quem é jovem, morar no Brasil é uma relação de amor e raiva, e a maioria da população entre 16 e 35 anos moraria em outro país se pudesse. É o que revela pesquisa da agência de branding Ana Couto, antecipada com exclusividade para o g1.

A pesquisa “Branding Brasil” entrevistou brasileiros para avaliar a percepção atual da população sobre o país e a “marca Brasil”, e constatou que a população mais jovem possui uma visão muito mais pessimista do que a população mais velha.

Entre os jovens de 16 a 20 anos, 56% não acreditam que o Brasil é o lugar ideal para viver e 55% responderam que morariam em outro país se pudessem. Já entre a população com mais de 55 anos, 35% deixariam o Brasil caso fosse possível escolher.

A agência ouviu 2.500 pessoas entre 10 e 30 de junho em todas as regiões do país e analisou também mais de 600 mil tuítes. A pesquisa completa será divulgada no dia 24, durante um evento em São Paulo.

Problemas econômicos e menor conexão emocional

Apenas 33% dos brasileiros avaliam como “excelente” o custo-benefício de morar no país.

São os jovens, porém, os mais críticos. Na faixa etária entre 16 e 20 anos, 44% disseram não se identificar muito com o Brasil.

“Os jovens têm menos esperança em relação ao Brasil e não enxergam um futuro tão promissor e tão brilhante para o Brasil. A percepção é que tem muito mais custos do que benefícios”, afirma Rodrigo Scherer, gerente da pesquisa, destacando o elevado desemprego entre os mais jovens.

Segundo os dados do IBGE, as taxas de desemprego mais altas são as dos grupos de 18 a 24 anos (19,3%) e de 14 a 17 anos (33,3%) – bem acima da taxa geral atual de 9,3%.

A avaliação dos jovens é que tem países melhores para se viver, com o custo de vida melhor e com infraestrutura melhor.

“Quando a gente pergunta assim ‘Qual é o país que você deseja?’, o que as pessoas pedem é só o básico: saúde, educação e não ter corrupção. De fato, a percepção de infraestrutura e do que o país está oferecendo para o jovem poder se desenvolver é muito crítica, muito baixa”, afirma Igor Cardoso, diretor da agência Ana Couto.

Embora a situação econômica do país tenha um peso significativo no elevado percentual de jovens com vontade de deixar o país, também chama a atenção o menor grau de identificação com o país e os símbolos da pátria. Enquanto 83% da população acima de 55 considera classifica a bandeira nacional como o símbolo máximo do país, por exemplo, entre os mais jovens esse índice cai para 62%.

“Nas populações mais velhas há uma conexão emocional tão forte com o Brasil que, independentemente do cenário econômico, as pessoas dizem ‘Para o que der e vier, estou com o Brasil’. No público mais jovem, como essa conexão não está tão construída, há um impacto direto do custo-benefício direto sem ter uma conexão emocional que faça com que ele decida ficar, lutar e mudar essa situação”, afirma Cardoso.

País isolado, desunido e sem rumo claro

A pesquisa mostra que a maioria da população considera o Brasil um país isolado, desunido e que muda de rumo a todo momento.

Do total de entrevistados, 54% veem o Brasil como um país ilhado, que não se conecta com outros, 52% acreditam que o país não se desenvolve porque sempre muda de rumo e 51% acham que os brasileiros passam muito tempo brigando entre si. A metade da população considera que o brasileiro não leva nada a sério.

Apenas 48% acreditam que o Brasil gera impacto muito positivo no mundo e apenas 44% avaliam que o país contribui para melhorias na sociedade.

A pesquisa aponta ainda que parte da população afirma não usar mais as cores do Brasil no dia a dia, e que 58% sentem saudade de usar algo com as cores da bandeira nacional.

Há, no entanto, uma clara distinção entre a imagem do Brasil e do brasileiro: 61% acreditam que ser brasileiro é um privilégio; 73% concordam que a cultura brasileira é muito rica; 65% declaram que o brasileiro consegue se reerguer após qualquer dificuldade; e 71% avaliam que o brasileiro é capaz de qualquer coisa quando se une. Ou seja, na percepção da população, o brasileiro continua sendo o melhor do Brasil.

“É bom ser brasileiro, mas nem sempre é bom estar no Brasil”, resume o gerente da pesquisa.

Festeiro, alegre, acolhedor, malandro e oportunista

Entre as qualidades positivas que melhor descrevem o brasileiro foram apontadas o fato de sermos um povo festeiro, alegre, acolhedor, criativo, trabalhador e forte.

Quanto maior a escolaridade e a renda, porém, maior a percepção de alegria como a principal característica positiva: 65% classe A x 51% classes DE.

Já as características negativas que melhor descrevem o Brasil e o brasileiro foram: malandro, oportunista, aproveitador e desonesto.

As personalidades que mais nos representam, segundo a pesquisa, são Pelé, em primeiro lugar, Anitta em seguida e Neymar em terceiro. Já as marcas que mais representam o Brasil, de acordo com os entrevistados, foram Petrobras, Havaianas e Natura.

A pesquisa também buscou identificar vantagens e potenciais para o Brasil assumir uma posição de maior protagonismo no mundo e para inspirar um pouco mais os brasileiros. Para 65% dos entrevistados, o Brasil tem tudo para ser a maior potência ecológica do mundo. O potencial de exportar riquezas e matérias-primas foi apontado por 61%, e 58% acreditam que o Brasil é uma potência artística em todos os setores.

“Um dos dado mais fortes da pesquisa é a capacidade do brasileiro de se unir para poder fazer qualquer coisa”, destaca Cardoso.

“O que falta é essa visão de para onde o Brasil está indo, para onde estamos caminhando como país, independente de ciclo governamental. E há uma grande oportunidade e responsabilidade para as empresas, porque estamos vendo marcas sendo reconhecidas positivamente por onde o Brasil está deixando a desejar“.

Fonte: g1.globo.com



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