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Apoio, comunicação, capacidade de decidir: chefes e funcionários discordam entre prioridades

Entre as disparidades estão habilidades mais valorizadas, os maiores desafios enfrentados e as formas de reconhecimento que os profissionais esperam.

Levantamento feito pela The School of Life em parceria com a Robert Half mostra que 36% dos profissionais que não exercem cargo de liderança acreditam que, nos últimos 12 meses, uma das três habilidades que mais têm faltado em seus líderes é o apoio, ou seja, a disponibilidade, a escuta ativa, a presença e a valorização do outro.

Outras habilidades apontadas pelos profissionais que faltam aos gestores são comunicação (para 26%), capacidade de decidir (17%), empatia (14%), avaliação de algo ou alguém sem viés preconceituoso (14%) e liderança (13%).

O estudo Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho 2022 foi realizado de 2 a 26 de agosto com 800 profissionais empregados (620 líderes e 180 liderados) com idade a partir de 25 anos e nível superior completo.

Pelo lado dos líderes, ao serem questionados sobre até três habilidades que gostariam de desenvolver em si mesmos, apenas 6% indicaram o apoio. Os gestores destacaram o desejo por desenvolver empatia (opinião de 23%), espírito empreendedor (23%), calma (21%), espírito inovador (20%), autoconhecimento (19%) e diplomacia (18%).

“É preocupante, nos dias de hoje, ver que ainda existem empresas com líderes que não estão enxergando a inteligência emocional como uma habilidade crucial. Ainda temos gestores que trabalham ‘no grito’ para impor suas ideias e vontades. São líderes que poderiam desenvolver mais o autoconhecimento para entender como a equipe e os pares de trabalho os veem e em quais pontos precisam e podem evoluir e como podem tornar o ambiente mais seguro psicologicamente. É uma demanda crescente”, opina Diana Gabanyi, CEO da The School of Life Brasil.

Gestor valoriza a comunicação

Para 32% dos líderes entrevistados, a comunicação é a principal entre as três habilidades comportamentais que mais têm faltado nos membros da sua equipe. Na sequência, as habilidades mais citadas foram capacidade de decidir (24%), empatia (23%), resiliência (19%), adaptabilidade (18%) e apoio (17%).

Já na autopercepção dos liderados, a comunicação aparece em 3º lugar entre as habilidades que eles desejam desenvolver em si mesmos. Espírito empreendedor vem em primeiro (26%), seguido de liderança (25%), comunicação (23%), confiança (21%), eloquência (20%) e autoconhecimento (18%).

Burnout

A pesquisa perguntou ainda se, de janeiro de 2020 a julho de 2022, os entrevistados foram diagnosticados com o burnout. Os dados mostram que 6% dos líderes e 3% dos liderados declararam ter o diagnóstico detectado – o número baixo pode ser reflexo de medo ou desconhecimento, destaca o levantamento.

Entre os que não foram diagnosticados com a síndrome, 19% dos liderados e 18% dos gestores souberam de algum colega de trabalho que tiveram o diagnóstico positivo.

O estudo ainda mostra que as principais iniciativas adotadas pelas empresas para prevenir ou tratar a síndrome são:

  • estímulo ao cumprimento do expediente em relação à pausa para almoço e desconexão (férias, finais de semana e término da jornada diária);
  • possibilidade de consulta com um profissional da saúde mental quando necessário; e
  • ações de conscientização sobre as causas, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento da síndrome.

No entanto, 34% dos liderados e 36% dos líderes afirmaram que nas companhias nas quais atuam não há iniciativas relacionadas ao burnout.

Entre julho de 2021 e julho de 2022, 19% dos liderados mudaram de emprego ou pediram demissão em busca da melhora da qualidade de vida ou do bem-estar mental e emocional.

Ambiente de trabalho acolhedor

Para 76% dos liderados, o salário é o fator mais importante no trabalho, seguido pelo ambiente corporativo que apoia e acolhe (66%).

Para os líderes, o ambiente de trabalho acolhedor é o mais importante (70%), seguido pelo salário (61%).

Benefícios vêm na terceira colocação como prioridade para os liderados (49%). No caso dos líderes, a cultura da empresa fica em terceiro lugar (45%).

Para Diana Gabanyi, as organizações passam por transformações internas, com troca de equipes, ajustes em cultura e integração de times enquanto decidem o modelo de trabalho mais viável. “Esse cenário tende a gerar uma série de sentimentos e inseguranças na equipe, o que justifica o investimento não apenas em benefícios, mas em ações que contribuam para a melhora do clima organizacional, com boas conversas, vulnerabilidade e um acolhimento real”, diz.

Maiores desafios do dia a dia

Quando questionados sobre quais têm sido as maiores dificuldades das próprias equipes no dia a dia do trabalho, os líderes destacaram a comunicação (46%), seguida do autogerenciamento (43%) e motivação (41%).

Porém, para os liderados, a motivação ganha destaque (31%), por estar ligada ao propósito com o qual o profissional é capaz de se conectar com a razão de fazer o que faz. Na sequência, vêm a conexão com os colegas e/ou com a empresa (18%) e autogerenciamento (14%).

Demissão por mau relacionamento

A pesquisa mostra ainda que 57% dos liderados e 67% dos líderes dizem trabalhar com uma pessoa emocionalmente desafiadora, com perfil manipulador, humor instável ou algum nível de agressividade.

Nesse cenário, 45% dos líderes e 44% dos liderados já pediram demissão devido ao mau relacionamento com um líder direto ou colegas de equipe.

“É muito claro o quanto os profissionais desaprenderam a conviver uns com os outros, a lidar com problemas e com pessoas difíceis ou apenas com opiniões e visões diferentes. Uma grande parte está trabalhando sem paciência e sem as habilidades de inteligência emocional. Em alguns casos, tem sido preciso uma boa dose de ressocialização”, analisa Diana Gabanyi.

Demissão por comportamento inadequado

De julho de 2021 a julho de 2022, 32% dos líderes demitiram alguém por comportamento inadequado, ou seja, atitudes ou comentários inconvenientes ou incompatíveis com o ambiente e a cultura da empresa.

Quando questionados sobre o tema, apenas 8% dos liderados admitiram que já foram demitidos por terem apresentado um comportamento inadequado.

Para a diretora associada da Robert Half Maria Sartori, nunca será fácil ou confortável para o gestor dispensar um funcionário. Mas ela considera importante levar a situação com responsabilidade e ética, tendo em mente tudo o que está em jogo quando a decisão é tomada.

“Justificar um processo de demissão é uma atitude que sempre deve ser tomada. Isso serve para colaborar no processo de desenvolvimento do profissional demitido, permitindo que ele saiba onde eventualmente está falhando para poder recalcular rotas, se necessário. E esse é o ponto mais importante, pois todos estão propícios a erros e devem ter uma chance de não repeti-los”, afirma.

Emocional abalado

Considerando o período de julho de 2021 a julho de 2022, 38% dos líderes e 52% dos liderados disseram que em algum momento deixaram de produzir ou de se engajar no trabalho por estarem emocionalmente abalados.

No entanto, 18% dos líderes não souberam dizer se a equipe deixou de produzir ou se manter engajada devido a algum abalo emocional.

Fonte: g1.globo.com



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