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Xixi com cloro é tóxico? Piscina pública pode ter até 75 litros de urina

Já desconfiou que naquela piscina em que você nadava tinha gente fazendo xixi? Você provavelmente estava certo. Pior: além de pouco higiênico, a urina na piscina reage com o cloro presente na água e produz substâncias danosas à saúde.

De acordo com um estudo da Universidade de Alberta, em Edmonton, no Canadá, e publicado na revista da Sociedade Americana de Química, não tem piscina pública que escape. De 31 piscinas e banheiras de hidromassagem públicas analisadas em diferentes cidades, em todas foram encontrados elementos que indicam a presença de xixi na água.

Uma piscina com cerca de 900 mil litros de água (quase o tamanho de uma piscina semiolímpica) chega a conter 75 litros de urina —o equivalente a 0,0083% do volume de água.

Pode até parecer pouco xixi se pensarmos que ele está diluído em tanta água. Mas representa até 570 vezes mais do que o existente na água encanada.

Em banheiras de hidromassagem, a concentração de xixi era o triplo da encontrada nas piscinas.

Os pesquisadores não puderam confirmar quantas pessoas faziam xixi na piscina. Para descobrir se as piscinas continham xixi, eles analisaram a concentração na água de um adoçante artificial.

Xixi com cloro é tóxico

A não ser que a pessoa que urina tenha alguma infecção, o xixi em si não causa nenhum dano à saúde —há quem beba xixi em terapias alternativas.

Mas substâncias presentes nela, como ureia e amônia, formam outros elementos ao reagirem com o cloro e os demais produtos químicos utilizados na limpeza das piscinas.

Dentre os elementos, está o cloreto de cianogênio, utilizado na 1º Guerra Mundial em altas concentrações como gás tóxico.

“Em pessoas suscetíveis, pode causar problemas respiratórios, cardíacos, neurológicos, além de irritação dos olhos, ouvidos e pele”, explica o médico sanitarista Rodolpho Telarolli Junior, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

No longo prazo, pode desencadear problemas como asma, bronquite e rinite —casos em que o próprio cloro também está associado.

Um outro problema relacionado às substâncias geradas pela reação entre cloro e os elementos do xixi é que elas vão se concentrando na água com o tempo.

“Não é como o cloro, que passa do estado líquido para o gasoso. Sai um pouco no processo de tratamento e filtragem da água. Ou quando é diluído pela chuva”, diz Telarolli Junior.

O problema da reação da urina com o cloro pode ser resolvido adotando-se outros métodos de tratamento da água da piscina, como o uso de ozônio ou sal. Contudo, esses métodos são mais caros e mais complexos.

Piscina sem cloro pode causar doenças

Segundo um estudo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, a urina —bem como a mucosa nasal e bucal, a região anal e o suor— podem possuir microrganismos que contaminam a água da piscina.

O tratamento adequado com cloro serve para eliminar esses agentes que contaminam a água.

“Quando o cloro está menos presente, pode ter bactéria. Mas dá para saber pelo aspecto visual. A piscina bem tratada não fica com a água turva”, explica Telarolli.

A turbidez da água indica a presença de algas e bactérias.

Uma piscina que não receba o cuidado devido pode ser fonte de problemas como conjuntivite infecciosa, inflamação da faringe, irritação da pele, diarreia. Além de poder causar epidemias de doenças causas por bactérias.

Ducha antes de entrar na piscina

Para evitar que a piscina fique cheia de xixi, é importante se conscientizar e não urinar nela.

“É algo aceito na nossa sociedade, mas é um problema de saúde pública [a interação dos elementos da urina com o cloro]”, diz Telarolli.

Para prevenir danos à saúde, ele recomenda tomar uma ducha antes de entrar na água, para que nos limpemos de suor e outras excreções presentes no corpo.

“O suor, cosméticos, creme hidratante, repelente de inseto, tudo isso interage com o cloro”, afirma.

Um banho após sair da piscina também é fundamental para retirar a água com cloro e outros elementos do corpo.

Fonte: https://www.uol.com.br



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