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Presos na Europa, dois homens são acusados de serem espiões russos que se passavam por brasileiros

O coronel Mikhail Mikhushin se apresentava como o pesquisador brasileiro José Assis Giammaria; já Sergey Vladimirovich Cherkasov era Victor Muller Ferreira. Ele foi devolvido ao Brasil e está preso na carceragem da Polícia Federal.

Dois supostos cidadãos brasileiros — um é cientista político, o outro, especialista em questões de defesa — são presos na Europa. Eles são acusados de serem espiões russos que se passavam por brasileiros com passaporte.

O coronel Mikhail Mikhushin foi preso no fim de outubro em Tromso, extremo norte da Noruega. Ele se apresentava como o pesquisador brasileiro José Assis Giammaria. Sete meses antes, Sergey Vladimirovich Cherkasov foi detido na Holanda e devolvido ao Brasil. Ele se apresentava como Victor Muller Ferreira e está preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo. Já Mikhail segue na Noruega.

Sobre ele, não se sabe tanta coisa. Por exemplo, será que ele chegou a morar no Brasil, ou se só usava o passaporte brasileiro? Mas, a respeito de Sergey, preso na PF, existem mais detalhes. Ele teve de fato uma vida brasileira, principalmente entre 2010 e 2014.

Nas primeiras semanas de prisão no Brasil, Sergey Cherkasov negou que fosse russo. Insistia que era Victor Ferreira, filho de um português com uma brasileira, e criado por uma tia na Argentina. Depois de dois meses de cadeia em São Paulo, e de receber a visita de um diplomata russo, finalmente o suposto Victor confessou que se chamava Sergey Cherkasov. Só continuava negando que fosse espião, mas não era isso que as investigações mostravam.

Nos equipamentos de computação apreendidos com Sergey, os peritos encontraram um arquivo de texto com instruções pra uma atividade conhecida pela expressão em inglês “dead drop”. No “dead drop”, o espião esconde uma encomenda –tipo num tronco de árvore– e, tempos depois, um comparsa passa pra pegar. O texto apreendido com o Victor continha instruções para dois dead drops, aqui no Brasil. Os investigadores foram até os lugares indicados e acharam as encomendas. Em um ponto, um pen drive. Em m outro, um pacote enrolado em fita adesiva.

Para pessoas que acompanham o caso, esses dois “dead drops” comprovados no Brasil mostram que o Sergey não só morou no país, como atuou como espião por aqui. Mas o resultado da perícia sobre essas “encomendas” está sob sigilo. E a Polícia Federal não informa nem mesmo se a investigação sobre espionagem foi adiante.

Por isso, ele está preso não por ser espião, mas pelo uso continuado de passaporte brasileiro falso. Mas, se depender do governo russo, ele não fica no Brasil. A extradição será julgada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal e, se for aprovada, a autorização final depende do presidente da República.

Nesta segunda (28) vai ser julgado amanhã um pedido de prisão domiciliar. O domicílio seria o próprio consulado russo em São Paulo, que ofereceu as instalações. O Fantástico perguntou à representação russa se é normal abrigar alguém que eles dizem ser um traficante condenado. Não houve resposta.

A Polícia Federal nada informou a respeito da investigação sobre a espionagem de Sergey no Brasil. E não explicou por que, em julho passado, a PF pediu a destruição das provas, alegando que pertenciam a uma pessoa inexistente, no caso, o fictício Victor Ferreira. O juiz negou, entendendo que a destruição atrapalharia a investigação da própria Polícia Federal.

Fonte: g1.globo.com



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