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Pessoa tatuada com rosto de menino sem autorização teme por sua integridade física; tatuador começou cobertura da imagem

A pessoa que foi tatuada com o rosto de um menino sem autorização dos responsáveis teme por sua integridade física. A informação foi divulgada no Instagram do tatuador responsável pelo procedimento, que falou sobre ameaças sendo feitas na internet.

“A pessoa que serviu de tela naquele evento, em face das graves ameaças que foram feitas em diversos comentários nas redes sociais, teme seriamente por sua integridade física, acrescentando que a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais] não me autoriza a divulgar os dados dessa pessoa”, afirmou Neto Coutinho em sua conta no Instagram.

Coutinho afirmou ainda que, além de não divulgar a identidade da pessoa, o processo de cobertura da tatuagem já foi iniciado no último dia 16 de dezembro.

“Tão logo o processo de cicatrização da tatuagem foi concluído, a cobertura da tatuagem teve início por meio de longa sessão, ocorrida no dia 16/12/2022, que, ao final, já possibilitou que a imagem da criança fosse coberta por nova tatuagem”, disse o tatuador.

A cobertura, no entanto, ainda não foi finalizada. O procedimento final está agendado para o dia 29 de janeiro.

“Será realizada mais uma sessão, após o novo processo de cicatrização da pele, para a conclusão da nova arte, agendada para o dia 29/01/2023”.

O que dizem os envolvidos

Preta Lagbara – mãe do menino Ayo, que foi a inspiração para a tatuagem – afirmou ao g1 que se sentiu desrespeitada ao não ser comunicada sobre a cobertura da imagem. Ela afirmou que gostaria de acompanhar o procedimento.

“Eu fiquei sabendo que ele fez a cobertura da tatuagem através dessa publicação. Isso não faz sentido. Eu tinha conversado com ele sobre o procedimento. Eu disse que queria estar presente na primeira sessão. Ele não me respeitou”, disse Preta.

O advogado Helder Galvão, consultor jurídico da Tattoo Week, afirmou que o tatuador Neto Coutinho cumpriu o acordo de “forma fiel”.

“Mesmo sem ter a obrigatoriedade legal de cobrir a tatuagem, o tatuador Neto Coutinho cumpriu de forma fiel o acordo com a empresária Danielle de Oliveira Cantanhede, mãe de Ayo, convencendo a pessoa tatuada a cobrir a tatuagem”, disse Galvão.

“Estamos tentando contatar o advogado da família, mas não conseguimos contato há vários dias. Gostaríamos de dialogar com a mãe, nos colocar ao lado dela e caminharmos em conjunto. Achamos desnecessários tantos ataques públicos. E agora que a tatuagem foi coberta, o motivo de toda a mobilização da família me parece que não existe mais”, completou o advogado.

Caso de Justiça

A mãe do menino Ayo, de 4 anos – que teve o rosto tatuado no corpo de uma pessoa desconhecida e sem autorização – entrou com uma ação na Justiça contra a organização do evento Tattoo Week e o tatuador responsável pelo procedimento. Preta Lagbara pretende descobrir a identidade da pessoa que foi tatuada.

“A gente pretende dialogar de forma amigável com a pessoa tatuada, a fim de que a mãe possa explicar a ela a importância da cobertura da tatuagem. Primeiro porque é ilegal porque não foi pedida autorização a ela. E, segundo, porque está causando danos psicológicos a ela”, afirmou o advogado de Preta Djeff Amadeus.

A ação, protocolada pelos advogados Djeff Amadeus e Leticia Domingos, vai correr na 1ª Vara Cível da Regional Madureira. Segundo Amadeus, a identificação da pessoa é de conhecimento do evento já que é prevista em norma da Anvisa.

“Essa ação é de exibição de documentos, na qual nós queremos que a empresa Tattoo Week e o tatuador Neto Coutinho nos informem quem é a pessoa que foi tatuada com o rosto do filho da Preta. Eles sabem quem é essa pessoa uma vez que uma norma da Anvisa obriga que o evento tenha uma ficha cadastral contendo o nome de todas as pessoas tatuadas. Eles não disseram até o presente momento, mas eles têm esse conhecimento”, explicou o advogado.

Polícia investiga

Preta Lagbara também registrou queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), após sofrer ofensas racistas na internet.

As ofensas começaram depois que Preta denunciou o tatuador Neto Coutinho, que ganhou o segundo lugar na categoria Portrait na Tattoo Week, com a tatuagem do rosto de Ayo, filho de Preta.

“Não basta a minha preocupação de mãe, em saber quem tatuou o rosto do meu filho, tenho ainda que me incomodar com isso, ser ofendida. As pessoas podem até não concordar com a minha posição, mas elas não podem ser crueis, ofensivas. Então que paguem e seja responsabilizadas por seus atos. É preciso mostrar que internet não é terra de ninguém. Que não pode pegar foto do filho dos outros no Pinterest e tatuar, que não pode ofender as pessoas, nem a religião de ninguém”, disse ao g1

Fonte: g1.globo.com



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