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Unesco vai ajudar governo brasileiro a recuperar patrimônio depredado em Brasília

Representação da Unesco no Brasil colocou especialistas em restauro à disposição do governo federal. Pessoas invadiram as sedes dos três poderes e danificaram obras de arte, mobiliários e vidraças.

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) informou que fechou uma parceria com o governo brasileiro para auxiliar no trabalho de recuperação do patrimônio depredado por radicais bolsonaristas em Brasília.

A diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, afirmou ao g1 que especialistas da agência em diferentes técnicas de restauro estão à disposição do governo federal.

Eles devem atuar no restauro de obras de arte, mobiliário e dos próprios prédios atacados no último domingo (8) por terroristas. Os golpistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A parceria está fechada, nós acertamos com a ministra Margareth Menezes [Cultura] que a Unesco vai apoiar todo o trabalho de restauração do patrimônio danificado”, disse Marlova.

Procurada, a assessoria do Ministério da Cultura informou que a pasta receberá “com a maior satisfação toda a ajuda técnica, financeira e de pessoal que a Unesco possa disponibilizar” neste momento.

Cooperação técnica

Segundo Marlova, a Unesco auxiliará por meio de cooperação técnica, com a oferta do trabalho de seus especialistas em diferentes áreas.

A agência aguarda a conclusão do levantamento dos danos provocados pelos extremistas para definir, junto com o governo federal, quais especialistas poderão trabalhar ao lado de técnicos brasileiros. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deve concluir um inventário inicial nesta quinta-feira (12).

“Temos especialistas no mundo todo, especialistas muito conceituados e de renome que têm condições de dar uma contribuição muito expressiva. O Brasil é um país que sempre esteve na vanguarda da preservação do patrimônio, então tem muitos especialistas de excelência e de qualidade, mas, havendo a necessidade de se trazer alguém de fora, nós também traremos”, afirmou Marlova.

Patrimônio da Humanidade

Marlova frisou que Brasília está desde 1987 na lista de patrimônios da humanidade da própria Unesco – reconhecimento que engloba o conjunto arquitetônico da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.

A representante foi ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira (11) e viu pessoalmente os estragos provocados pelos terroristas em quadros, esculturas, móveis e janelas.

Marlova salientou que a recuperação do mobiliário modernista é um dos temas que preocupa a agência em razão da importância das peças que estão em Brasília.

“O mobiliário modernista, a mesa do Juscelino Kubistchek está danificada, cadeiras do Sergio Rodrigues, móveis do Niemeyer [Oscar, arquiteto]. Muito triste porque são obras de valor inestimável para a humanidade. Nós estamos falando das joias do modernismo brasileiro”, disse.

Obras danificadas

A Presidência da República, o Congresso e o STF divulgaram nos últimos dias levantamentos de obras danificadas pelos vândalos. Na Câmara, por exemplo, o muro escultório criado por Athos Bulcão foi danificado.

No Palácio do Planalto uma série de obras foram depredadas:

  • “As mulatas”, de Di Cavalcanti: quadro foi encontrado com sete rasgos e peça tem valor está estimado em R$ 8 milhões.
  • “O Flautista”, de Bruno Jorge: avaliada em R$ 250 mil, a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo chão.
  • Relógio de Balthazar Martinot: relógio de pêndulo do século XVII, foi um presente da Corte Francesa para o rei português Dom João VI e tem a recuperação considerada ‘muito difícil’.
  • “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo: a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o térreo do Planalto.
  • Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg: avaliada em R$ 300 mil, a peça teve galhos quebrados.
  • Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck: a mesa foi usada como barricada pelos terroristas.
  • Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues: o móvel teve o vidro quebrado.

Fonte: g1.globo.com



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