Cumprindo pena em regime aberto, Suzane von Richthofen, 39 anos, se inscreveu no concurso público da Câmara Municipal de Avaré, no interior de São Paulo. A informação foi confirmada pelo Terra.
O nome de Suzane aparece na lista de candidatos para o cadastro de reserva de telefonista da Câmara. O cargo foi o que teve o maior número de inscrições no concurso. No total, 837 candidaturas foram confirmadas para realizar as provas, que serão aplicadas em junho.
A vaga de telefonista é de nível fundamental. Com carga horária semanal de 30 horas, a remuneração bruta inicial é de R$ 5.626,33. O cargo também tem outros benefícios, como vale alimentação de R$ 891,05, plano de saúde e plano odontológico.
O concurso para telefonista conta com prova objetiva, com 40 questões nas áreas de Língua Portuguesa, Matemática, Conhecimentos Gerais e Específicos, além de uma prova prática.
A primeira prova para o cargo será realizada no dia 4 de junho, no período da manhã, em uma faculdade de Avaré, que fica a 115 km de onde ela mora.
Desde janeiro deste ano, Suzane vive na cidade de Angatuba, também no interior de São Paulo, após progressão da pena para o regime aberto.
A detenta não está infringindo regras ao se candidatar para o concurso. Nesse regime, a condenada pode trabalhar ou estudar durante o dia, mas, no período noturno, deve voltar para sua residência, com endereço registrado junto à Justiça, além de cumprir outras regras.
O condenado, porém, não pode se ausentar da cidade onde reside sem autorização judicial, segundo as condições do regime aberto.
O Terra questionou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) se Suzane comunicou sobre a viagem até Avaré. Em resposta, o TJ-SP informou que o processo de execução da pena dela tramita em segredo de Justiça.
Em março deste ano, Suzane voltou à vida acadêmica, desta vez para cursar biomedicina na Faculdade Sudoeste Paulista (UniFSP), em Itapetininga (SP). A cidade fica a 50 km de onde ela mora.
Esta, porém, não é a primeira tentativa da ex-detenta de estudar. Na época do crime, ela cursava Direito na PUC-SP. Em 2017, Suzane foi aprovada para o curso de Administração em uma universidade de Taubaté. Ela chegou a se inscrever no programa de financiamento estudantil Fies, mas não efetivou a matrícula.
Anos depois, em 2020, Suzane conseguiu uma vaga pelo Sisu no curso de Gestão de Turismo no Instituto Federal de Campos do Jordão, mas não foi autorizada pela Justiça de São Paulo a deixar a Penitenciária de Tremembé para frequentar as aulas.
Já em 2021, Suzane conseguiu na Justiça o direito de estudar Farmácia em uma universidade de Taubaté (SP). Logo depois, ela mudou a opção de curso para Biomedicina. No entanto, Suzane decidiu trancar o curso por lá após conseguir o benefício de cumprir o restante da pena em liberdade.
Suzane foi presa em 2002, acusada de planejar e participar do assassinato dos pais, Manfred e Marisia von Richthofen, na mansão da família, em São Paulo. Condenada a 39 anos e 6 meses de prisão, em 2007 ela foi transferida para a Penitenciária Feminina I, em Tremembé, onde cumpriu mais de 20 anos de prisão.
Com a revisão da pena para 34 anos e 4 meses, ela conseguiu na Justiça a progressão para o regime aberto. Aos anos de pena efetivamente cumpridos, foram somados cerca de 800 dias de remissão, ou seja, desconto concedido na pena quando o detento estuda ou trabalha na prisão. Suzane foi beneficiada também pelo bom comportamento no sistema prisional.
A pena aplicada à ex-detenta só se extingue em 2032, por isso, mesmo no regime aberto, ela é obrigada a seguir algumas regras, como informar à Justiça qualquer mudança de endereço e se recolher à noite no endereço indicado como sua moradia. Ou seja, Suzane não pode ir a bares ou festas noturnas. Também não pode se ausentar da cidade sem autorização judicial. Quando for solicitada, ela é obrigada a se apresentar à Justiça e justificar suas atividades.
Fonte: terra.com.br
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