Cientistas descobriram canabidiol, um composto ativo encontrado na maconha, em uma espécie de planta comum no Brasil, abrindo o caminho para possíveis novas formas de produção dessa substância para uso medicinal, afirmou o líder da pesquisa nesta quinta-feira (15).
Os pesquisadores encontraram canabidiol, ou CBD, nas frutas e flores de uma planta denominada Trema micrantha blume, um arbusto de crescimento rápido que é encontrado em grande parte do Brasil e muitas vezes é considerado uma erva daninha, disse à AFP Rodrigo Moura Neto, biólogo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que liderou o estudo.
O CBD, que não tem efeitos alucinógenos e é cada vez mais utilizado para tratar condições como epilepsia, distúrbios motores, dores crônicas e ansiedade, é um dos principais compostos ativos da Cannabis.
O outro é o tetrahidrocannabinol ou THC, a substância que provoca efeitos psicoativos nos usuários de maconha.
A análise química dos cientistas revelou que a Trema contém CBD, mas não THC, o que sugere a possibilidade de uma nova fonte abundante deste composto, disse Neto.
Essa espécie não enfrentaria os obstáculos legais e regulatórios que incidem sobre a maconha, que é proibida em muitos países, inclusive no Brasil.
“É uma alternativa legal ao uso de canabinoide”, afirmou o biólogo.
“É uma planta que já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol”, acrescentou.
O CBD já havia sido encontrado por cientistas em uma planta da mesma família na Tailândia.
Neto, que ainda não publicou formalmente os resultados de sua pesquisa para a comunidade científica, planeja expandir seu estudo para identificar os melhores métodos de extração do CBD da Trema e analisar sua eficácia em pacientes com condições atualmente tratadas com maconha medicinal.
Sua equipe recentemente recebeu um financiamento de R$ 500 mil do governo para apoiar a pesquisa, que exigirá pelo menos mais cinco anos.
Um estudo realizado no ano passado pela empresa de pesquisa de mercado Vantage Market Research estimou que o mercado global de CBD valeria quase US$ 5 bilhões (cerca de RS 25 bilhões na cotação da época) e projetou um crescimento para mais de US$ 47 bilhões (R$ 226,6 bilhões) até 2028, impulsionado principalmente pelo uso na saúde e bem-estar.
Fonte: folha.uol
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