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Jovem recebe transplante de rim de pai que não conhecia

O caso surpreendente aconteceu no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Rurópolis, oeste do Pará. O transplante foi um sucesso.

Pai e filha se conheceram pessoalmente em maio de 2022, quando Daniel Vieira, 41 anos, saiu de Boa Vista, Roraima, e veio à Santarém para fazer o exame de DNA, registro de paternidade e o teste de compatibilidade dos rins. Os dois receberam a notícia positiva para o transplante poucos dias depois do primeiro encontro, motivo que os conectou ainda mais. Todo processo de preparação até a data do transplante durou cerca de um ano, período em que houve acompanhamento efetivo da equipe multiprofissional do serviço de transplante renal do HRBA.

“A gente não se conhecia e alguns dias antes de eu completar 17 anos tive a iniciativa de mandar uma mensagem para ele, falei que eu era filha dele. Ele logo me respondeu, conforme fomos conversando eu contei sobre a minha condição clínica, sobre a doença. Então, o meu pai pronunciou-se, perguntou como poderia fazer para ser meu doador. Eu fiquei em estado de alegria e choque”, contou Acalita.

Daniel Vieira relata também que quando soube do diagnóstico renal da filha ficou assustado e que o primeiro pensamento foi em ajudá-la. “Quando ela fez contato comigo eu fiquei feliz e depois triste por saber da situação. É muito ruim saber que um filho nosso tem uma doença crônica. Eu não pensei duas vezes e vim para Santarém. A equipe do Hospital fez tudo acontecer de forma satisfatória e acolhedora”, relembra ele.

Transplante – De acordo com responsável técnico pelo serviço de transplante renal do HRBA, o nefrologista Emanuel Espósito, o transplante renal é uma alternativa de tratamento para a substituição da função renal indicado para pacientes que sofrem de doença renal crônica em estágio avançado, ou seja, quando ocorre a perda gradual e irreversível das funções dos rins. Ele explica que o procedimento cirúrgico total dura em média cerca de 8 horas.

“Cada transplante é muito marcante para toda equipe, porque sabemos que o paciente antes disso está passando por hemodiálise, que não é fácil, toda a rotina muda, muitos deles precisam sair da casa onde moram para estar perto do Hospital. O transplante leva esse paciente de volta para sociedade”, destaca o médico.

Sobre a Acalita, o médico fez questão de dizer que ficou ainda mais comovido por ser um encontro entre pai e filha. Ele enfatiza que a paciente teve uma doença renal crônica secundária, uma glomerulopatia, que é uma doença que nasceu no rim. Esse diagnóstico faz o rim perder proteína e com o tempo tira as funções do órgão.

“Ela foi presenteada duas vezes com o pai e com a doação do rim e tudo foi perfeitamente compatível. Nós fizemos uma série de avaliações com diversos especialistas, entre eles, cardiologista, reumatologista, urologista, nutricionista, psicólogo. O procedimento foi um sucesso, com resultado imediato, o rim já produziu urina logo em seguida e isso nos mostra que tem grandes chances de ter um bom funcionamento”, avaliou.

1 mês de transplante

Após a realização do transplante de rim, os dois ficaram cerca de 10 dias internados na clínica cirúrgica do hospital, onde houve o acompanhamento dos profissionais da saúde. Em geral, o tempo de recuperação demora cerca de 3 meses, contudo é fundamental seguir os cuidados orientados pelo médico nefrologista e estabelecer uma alimentação balanceada conforme recomendado pelo nutricionista.

O nefrologista Henrique Rebelo, nefrologista do HRBA, foi quem realizou a consulta de um mês de cirurgia de Acalita. O especialista fez questão de destacar a evolução da paciente e reforçar o sucesso do transplante.

“Ela está muito bem, exames dentro do que esperamos, a evolução dela é excelente. Hoje, ela está com a função renal normal e vamos começar a modular a imunossupressão, retirando algumas medicações. Já é possível começar uma atividade física leve, como caminhada, para retornar às atividades normais que a jovem fazia antes da diálise”.

Serviço de Nefrologia do HRBA

O serviço de nefrologia faz parte do Hospital Regional do Baixo Amazonas há 15 anos. Iniciou com atendimento da hemodiálise e em 2016 foi feito o primeiro transplante renal com doador vivo. Antes, em 2009, o Regional já fazia captação de órgãos. Em 2018, a unidade começou a fazer parte do Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgãos.

O HRBA pertence ao Governo do Estado e é administrado pelo Instituto Social Mais Saúde. De janeiro até junho deste ano, o hospital realizou 13 procedimentos de transplantes. Todos com resultado positivo.

 

 

Fonte: DOL



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