O promotor Rogério Leão Zagallo disse nesta quinta-feira (13), em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, que no entendimento do Ministério Público, do que há de provas até o momento, o arremesso da garrafa que atingiu e matou Gabriela Anelli foi feito por um torcedor do Flamengo ainda não identificado, filmado atirando contra a torcida do Palmeiras.
Zagallo foi o responsável por pedir a soltura de Leonardo Xavier Santiago, de 26 anos, preso pela morte da torcedora do Palmeiras no sábado (8).
“Nessa argumentação, esse rapaz que foi preso, pelas imagens que eu tinha, não é a pessoa responsável pelo arremesso mortal. Cito como arremesso mortal o arremesso de uma garrafa que teria feito com que seus estilhaços alcançassem essa moça e em razão dos ferimentos decorrentes desses estilhaços ela viesse a morrer.”
O promotor ainda afirma que, pela análise dos vídeos da confusão, é possível perceber que somente uma garrafa foi atirada na direção dos torcedores do Palmeiras e foi ela que os estilhaços atingiram Gabriela.
“É essa garrafa que estoura nesse portão que está sendo fechado pelos membros da GCM.”
Na avaliação de Zagallo, o foco da investigação deve ser a identificação desse homem de barba, flagrado atirando a garrafa.
“Essa é a grande missão, a partir do recomeço das investigações, é identificar essa pessoa, que estava arremessando, portando essa garrafa. Ela trajava uma camisa cinza, tinha barba, completamente diferente da complexão física da pessoa que foi presa e da vestimenta que ela usava ao ser presa
Leonardo foi liberado por volta das 17h40 do Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, em São Paulo. A Justiça revogou a prisão na tarde desta quarta-feira (12).
Segundo o promotor, por enquanto, as provas não apontam Leonardo como responsável pela morte da jovem.
Durante a entrevista, ele disse que está sendo bastante criticado pela medida, mas considerou que a prisão não tinha sido feita de forma justa.
“Neste momento, nesta situação do dia de hoje, as provas não indicam responsabilidade do Leonardo, pode ser que no futuro isso venha a acontecer. Nesse momento, a cautela me inspirou a pedir a soltura dele, porque eu não quero uma prisão injusta, eu quero a prisão da pessoa responsável efetivamente.”
Na decisão, a juíza Marcela Raia de Sant’Anna, da 5ª Vara do Júri, afirmou:
“Ao contrário do noticiado e afirmado pelo delegado de polícia, o autuado não confessou ter arremessado a garrafa contra os torcedores do time adversário. […] Em seu interrogatório negou que tivesse jogado qualquer objeto de vidro contra os torcedores palmeirenses, afirmado que tinha pedras de gelo nas mãos, as quais arremessou em revide a rojões que os palmeirenses teriam jogado contra os flamenguistas”.
Segundo a decisão da Justiça:
Além disso, a juíza determinou que o caso passe a ser investigado pelo DHPP.
“Diante da lamentável, para dizer o mínimo, postura do delegado de polícia, que se mostrou açodado e despreparado para conduzir as investigações, de rigor é a remessa dos autos ao DHPP, órgão especializado e preparado para a condução de investigações desta espécie”, destacou Marcela.
O Ministério Público de São Paulo havia pedido a liberdade na manhã desta quarta. De acordo com o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas não cravam que Santiago jogou a garrafa de vidro que atingiu o pescoço e matou Gabriela.
“Ao que tudo está a indicar, a garrafa que teria gerado a morte de Gabriella não foi lançada por Leonardo, mas por esse torcedor que apresentava o rosto barbado e vestia camisa cinza”, defende Leão, ao pedir a soltura de Santiago.
Em seu pedido à Justiça, o promotor alegou que a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) perdeu a credibilidade para seguir à frente do caso e pediu que a investigação seja repassada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também da Polícia Civil de SP.
“Por outro lado, para além da inexistência da confissão anunciada pelo Delegado de Polícia César Saad, as imagens que aportaram nesta Promotoria de Justiça evidenciam a necessidade de que a investigação prossiga”, afirma Rogério Leão, ao se referir ao atual delegado responsável pela apuração do crime.
Fonte: g1.globo.com
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