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Mulher relata como filha descreveu tortura de dona de creche clandestina: ‘Mãe, ela só bate nos bebezinhos’

“Me senti inútil, a pior mãe do mundo”, é com esse relato que a mãe de uma criança, que não será identificada por segurança, tem se sentido desde segunda-feira (10), quando a proprietária da creche, de 30 anos, e uma cuidadora, 26, foram presas em flagrante por torturar e drogar bebês, em Naviraí (MS). Em nota, a creche ‘Cantinho da Tia Carol’, afirmou nunca ter agredido, ameaçado e nem ministrado nenhum remédio.

A mãe contou ao g1 que foi acionada pelo Conselho Tutelar e orientada a conversar com a filha sobre as torturas e, em casa, soube o que a criança vinha presenciando quando estava no cuidado da creche durante a manhã.

“Ela falou que viu ‘a tia’ batendo em bebê e que ela só batia em bebezinhos. Na hora da agressão que foi gravada, minha filha estava no local e eu fico imaginando o que minha filha viu. Vai saber até onde foi essa tudo isso, a gente não sabe se também davam o remédio no suco ou alguma coisa assim”, relatou a responsável pela criança.

Além das torturas descobertas recentemente, a mãe contou que sempre ouviu as mulheres gritando bastante, mas que nunca imaginou que ela pudessem machucar as crianças. “Ela gritava bastante, todo mundo ouvia, mas para mim era o jeito dela falar alto, conversar alto, mas agora a gente vê que é diferente”.

“Todas as vezes que chegava lá para poder deixar meu filho, ela o tratava muito bem. Então foi inacreditável que ela, ali na nossa frente fazia aquilo, e por trás maltratava, judiava, torturava”, relatou uma outra mãe, que só soube das agressões quando parou de trabalhar e o filho disse que a dona da creche era brava e batia nele.

Mensagem

Uma das mães contou à reportagem que está recebendo mensagens do número que seria da proprietária, presa em flagrante. Nas mensagens do suposto parente da suspeita, a pessoa tenta alegar que a criança não foi dopada, mas que está doente.

Denúncia

Com o slogan “Seu bem mais precioso em boas mãos”, a creche funcionava há 6 meses, mas não possui qualquer tipo de documentação ou alvará. A prefeitura de Naviraí disse à reportagem que o local funcionava de forma clandestina e sem nenhuma placa de identificação, por isso não havia nenhuma fiscalização.

Nas descrições, a proprietária afirmava ter experiência e referência no ramo infantil e garantia aos pais cuidar com amor, carinho e disciplina de todas as crianças.

Conforme a polícia, uma denúncia feita por uma ex-aluna deu início na investigação e, filmagens feitas no local por câmeras da polícia comprovaram o crime. As equipes começaram a acompanhar os comportamentos das duas investigadas às 6h de segunda-feira (10), poucas horas depois das a primeira prova surgiu.

De acordo com a polícia, no vídeo a proprietária aparece agredindo fisicamente uma bebê de apenas 11 meses. A criança estava sozinha em um colchão, no chão, e havia mudado de posição. Foi quando a mulher pegou brutalmente a criança e a jogou novamente no local onde estava anteriormente.

Após este gesto, a bebê voltou a chorar, momento em que a investigada a pegou novamente e a jogou no colchão. A mulher também desferiu alguns tapas no corpo da bebê, a castigando por ter chorado.

Como eram captados imagem e som, os policiais ouviram a mulher chamar a bebê de “sem vergonha” e que quando a menina começasse a andar, as duas “estavam lascadas”.

“Foi um trabalho muito rápido, não podíamos manter por mais tempo para não expor as crianças nem um minuto a mais na presença dessas cuidadoras, porque as agressões eram constantes. Por isso que a abordagem foi feita no primeiro dia de investigações”, explicou o delegado Thiago José Bastos da Silva.

Prisão

A proprietária, de 30 anos, vai responder pelos crimes de tortura qualificada e exposição da saúde de outrem a perigo, crime inafiançável. A cuidadora, de 26 anos, é acusada de exposição da saúde de outrem a perigo. Ela também foi presa em flagrante, mas pagou a fiança e foi solta.

Contudo, o delegado Thiago José Bastos da Silva, relatou que ela também pode ser investigada por tortura qualificada.

A polícia ressaltou que pais e responsáveis das crianças atendidas na creche, que notarem comportamento diferente nas crianças, devem procurar a DAM.

Posicionamento

Segundo a creche, os fatos não aconteceram como estão sendo divulgados e que durante todo o tempo de funcionamento o estabelecimento nunca agrediu, ameaçou e nem ministrou nenhum remédio.



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