Badalado

Notícias

Café colhido em fezes de pássaros? Conheça a bebida brasileira que custa R$ 1,1 mil o quilo

O pássaro, também chamado de jacuaçu, parece um faisão e tem um paladar refinado: “Geralmente ele escolhe as melhores frutas, as mais maduras”, explicou Agnael Costa, que trabalha com a colheita de fezes deixadas pelos jacus.

Em uma fazenda localizada no município de Domingos Martins, interior do Espírito Santo, os pés de café crescem em meio a uma floresta exuberante.

“Foi esse sistema agroflorestal que criou as condições necessárias para existir esse café exótico aqui”, afirmou Henrique Sloper, que é dono da fazenda adepta da agricultura biodinâmica, ou seja, que não utiliza produtos químicos.

No Brasil, o café exótico extraído das fezes deixadas pelos jacus custa em média R$ 1.118,00. No entanto, ele é ainda mais caro no exterior.

De inimigo a aliado

O jacu, espécie de plumagem preta e garganta escarlate, nativa de outras regiões da América do Sul, nem sempre foi bem-vindo na propriedade Camocim. No início, era visto como uma praga que ameaçava as colheitas e causava problemas.

Foi ao conhecer o café “Kopi Luwak” na Indonésia, feito com excrementos de civeta (mamífero asiático semelhante a um mangusto), que Sloper teve a ideia de transformar o jacu de inimigo a aliado.

Enquanto a reputação do “Kopi Luwak” – também vendido a preço de ouro – é prejudicada por denúncias de maus-tratos a civetas em cativeiro, o jacu brasileiro cresce em liberdade.

“É 100% natural. O jacu está dentro do habitat natural dele mesmo”, a floresta atlântica do litoral brasileiro, diz o supervisor de produção, Rogério Lemke.

“É uma região muito protegida (…) e não usamos químico, produtos transgênicos, nada” na plantação de café, acrescenta.

Etapas de produção

As fezes do jacu lembram a aparência de um pé de moleque, com grãos de café incrustados em uma pasta enegrecida.

Depois de colhidas, as fezes são colocadas para secar em uma estufa. Em seguida, os grãos de café são classificados e descascados cuidadosamente, antes de serem colocados em uma câmara fria.

São retirados de lá apenas mediante solicitação do cliente, para evitar desperdícios.

“Em função do trabalho que a gente tem para fazer esse produto, ele é naturalmente caro. Não tem como fazer um café de jacu com custo baixo (…) É um produto escasso e a produção é incerta, porque depende do apetite do jacu”, afirma Henrique Sloper.

O café extraído dos excrementos destas aves representa menos de 2% da produção da fazenda.

“Serve não só como selecionador, como também alarme de colheita. Onde ele come, o café está maduro”, explica.

Luxo e sustentabilidade

“Os pássaros têm um trânsito intestinal extremamente curto. Praticamente entrou, e depois de alguns segundos já está saindo. Então não existe propriamente qualquer tipo de processo bioquímico, não dá tempo”, explica o analista de café, Ensei Neto.

É mais lento em civetas ou elefantes, cujos excrementos também são usados para produzir esse tipo de café na Tailândia.

“Basicamente, o que você tem como diferencial, que o pássaro promove, é essa seleção dos grãos maduros. Ele não adiciona nada a mais. Mas a história é boa”, diz Neto.

Fonte: g1.globo.com



Divulgar sua notícia, cadastre aqui!






>