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Criminalidade deve cair em 2016

O setor de estatística do Comando de Policiamento Regional (CPR) II prevê uma queda no número de roubos e homicídios nos quatro primeiros meses do segundo semestre de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. O major Ricardo Batista, que atua junto aos índices de criminalidade e as projeções futuras, realizou um balanço sobre os dois crimes para o Jornal CORREIO nesta quarta-feira (19).

Segundo ele, entre julho e outubro de 2015, foram registrados 67 homicídios e acredita-se que de julho passado até o final deste mês ocorram 53, uma redução de pouco mais de 21%. A meta estabelecida era de 63 mortes, ou seja, deverão ocorrer 16% menos homicídios que o que havia sido projetado para o período. A meta inicial era uma redução de 6%. Em julho, eram esperadas 16 mortes e ocorreram oito.

Em agosto, o número de crime superou a meta inicial de 15, sendo registrados 18. No mês seguinte, setembro, a realidade voltou a ser menor que o esperado, quando foram registrados 13 ilícitos, quando eram aguardados 17. Outubro tem como meta atingir o máximo de 15 registros de crimes contra a vida e até o dia 17. O setor havia registrado sete homicídios. Até o fim do mês, o CPR II projeta que devam ocorrer entre 14 e 15 crimes dessa natureza.

“Se a gente projetar, contando que sejam 14 mortes em outubro, teremos ao final em torno de 53 homicídios. Fazendo a proporção entre 2015 e 2016 teremos uma redução de pouco mais de 21%”, diz, acrescentando que a redução deverá ocorrer mesmo diante do aumento registrado em agosto, ao contrário do que havia sido projetado. “O mês de agosto puxou um pouco a questão quantitativa, mas isso não causou um desdobramento não atuante da polícia, pelo contrário. Até porque homicídios têm vários personagens e não cabe tão somente a questão da atuação nas ruas. Ajuda bastante, mas há mais personagens envolvidas nessa questão”, comentou.

Conforme o analista criminal, entende-se que dentro das metas do Programa de Redução da Criminalidade (Prec), Marabá caminha bem, uma vez que os roubos também tendem a ocorrer menos este ano. Entre julho e outubro de 2015, expõe, foram registrados 1.129 casos desta natureza na cidade. A meta total estipulada para o período de 2016 é que haja em torno de 1094, uma redução de 3%. Em julho ocorreram 246 casos, número menor que o observado em 2015 (quando foram realizados 334 registros), abaixo da meta estipulada para o mês, que era de 313.

Os roubos ocorridos em agosto, no entanto, seguiram a linha dos homicídios e aumentaram de 270 em 2015 para 300 em 2016, sendo que a meta era 264. Em setembro a curva volta a ser descente, quando foram registrados 236 registros, menor que a meta de 268 e contra 271 casos ocorridos no mesmo mês do ano passado.

Até o último dia 17, segunda-feira passada, a Segurança Pública do Estado do Pará havia registrado 139 roubos. E projeta-se que até o final do mês ocorram 254. O número seria o mesmo registrado em 2015 e está um pouco acima da meta estipulada de 249. “Deixamos claro que para o mês de outubro estamos trabalhando com projeções; esse número pode diminuir ou pode aumentar”, observou o oficial.

Se a projeção virar realidade, serão 1036 registros nos quatro meses em 2016, uma redução de pouco mais de 8%, o que é considerado aceitável pelo órgão e desejável dentro da análise urbana estatística já que está acima da meta previamente estabelecida. O major Ricardo Batista divulgou, ainda, a apreensão de sete armas de fogo em julho, 11 em agosto e nove em setembro. A projeção é de que até o final de outubro sejam apreendidas entre 39 e 40 armas somados os quatro meses.

O major explica que as estatísticas são buscadas através dos dados oficiais do Estado. “Nós recebemos os registros das delegacias (Polícia Civil), são as notificações oficiais tanto para homicídio quanto para roubo, inclusive registros na Delegacia Virtual. Esses dados caem no sistema integrado, são tabulados por regiões e municípios e a partir dos dados quantitativos passamos a montar os cenários dentro de cada região específica”, explica.

A partir dos números brutos, ou seja, dados quantitativos, destaca, as informações são esmiuçadas e trabalhadas. Nos casos de roubos, por exemplo, é especificado em que locais acontecem, dias da semana e horários, quem são as principais vítimas e o que normalmente é roubado. “Em cima dessa avaliação é que a gente executa nossos planos operacionais. Atualmente a atividade policial em Marabá é direcionada através da análise criminal estabelecida pela estatística”, ressalta.

Ele acrescenta que a importância de transformar os dados quantitativos em qualitativos é identificar os padrões criminais. “Isso já é feito há algum tempo e vem sendo mais efetivado desde 2014. Marabá vem se destacando dentro do programa de redução e a gente percebe isso nas ruas também”.

Conforme o major, os comandantes de cada área têm a legitimidade de coordenar o policiamento nas ruas, mas utilizam como base os relatórios oferecidos pelo setor de estatística. “A gente colabora com eles oferecendo as áreas que devem ser policiadas de acordo com o que a análise criminal está apontando, aí cabe a eles direcionar, utilizando viaturas, motos, a cavalaria ou empregando em determinados horários o que for o ideal, afirma.

Neste sentido, revela, é fundamental que o cidadão registre boletim de ocorrência quando é vítima ou tem conhecimento de um crime. “É a partir disso que a gente consegue identificar os cenários. Este dado e o que ele vai explicar nos leva a identificar os padrões de comportamento, que são importantes para depois a gente oferecer aos comandantes as áreas concentradas onde ocorrem os crimes e podendo, assim, fazer a prevenção de outros crimes”.

Subnotificações também são importantes

O major Ricardo Batista falou também da importância de pessoas que não puderem buscar as delegacias para realizar os registros utilizarem, ao menos, os serviços de denúncias e comunicação para informar o crime, como o Disque Denúncia Sudeste do Pará (3312-3350) e Núcleo Integrado de Operações Policiais (Niop-190). “Eles encaminham para a gente dados que consideramos como subnotificação. O estado trabalha com dados oficiais, mas muitas coisas acontecem nas ruas e não chegam na delegacia por situações alheias à vontade do cidadão, às vezes ele não tem tempo, às vezes está distante, enfim”, reiterou.

A partir do momento que não há essa notificação, isso deixa de ser computado e não é oficializado. Dessa forma, continua o oficial, perde-se alguns registros. “Para sanar isso, buscamos o Disque Denúncia e o Niop que nos encaminham relatórios quinzenais e, em cima desses dados, a gente faz a análise criminal”, frisou.

Por meio das denúncias ofertadas aos dois sistemas, diz, a Polícia Militar consegue, inclusive, chegar ao nome do criminoso ou do estabelecimento onde ocorre determinado crime, além de obter endereços específicos. “Em cima disso são elaborados os planos, como resultado do que é oficial somado com o que é subnotificação e assim chegamos o mais próximo da realidade e o resultado é a sensação de que o trabalho está sendo feito de forma correta”, pontua.

Celulares e motocicletas são os mais visados

As estatísticas apontam que os aparelhos celulares e as motocicletas são os principais alvos de roubo no município, a exemplo do que ocorre na maior parte do país. A moto, inclusive, além de ser objeto do crime propriamente dito também é roubada para ser utilizada em outros crimes de roubo e homicídios. “A maioria dos assaltos em Marabá – e isso quem nos diz são os padrões que identificamos – são praticados por pessoas em motos”, afirma o major Ricardo Batista.

Ele explica que, dentro de uma avaliação metodológica, a Segurança Pública entende que o crime é um triângulo, composto por três lados: ambiente, vítima e autor. “Se eu tenho o autor de um delito em potencial favorável para cometer crimes urbanos e tenho uma vítima de maneira fragilizada, não tão atenta ou em alerta, além de um ambiente que favorece, como uma rua deserta, parada de ônibus, pessoa andando só, existe a possibilidade de o crime acontecer. Esse trinômio é funcional e evita o ambiente favorável. Ficar sozinho e permanecer alerta são dicas para evitar ser vítima numa situação como essa”, finaliza.

(Luciana Marschall)

Fonte: CT ONLINE



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