Duas operações deflagradas na manhã desta quinta-feira (20) pelo Ministério Público do Pará (MPPA), por meio do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Núcleo de Combate à Improbidade Administrativa e à Corrupção (NCIC), investigam o desvio de recursos públicos nos municípios de Parauapebas e Marabá, no sudeste do Pará. Durante a ação foi preso o empresário Hamilton Ribeiro, que segundo o MPPA comanda um esquema de pagamento de propinas a vereadores de Parauapebas e está sendo procurado o sobrinho dele, Pedro Ribeiro.
O G1 tenta contato com os advogados dos suspeitos de participação no esquema.
Na “Operação Filisteus 4”, que investiga denúncias de corrupção na Câmara Municipal deParauapebas, foram decretados pelo promotor de Justiça Hélio Rubens Pinho os pedidos de prisão contra Hamilton Ribeiro e o sobrinho Pedro Ribeiro. De acordo com o MPPA, os vereadores recebiam propina dos empresários.
Hamilton Ribeiro é dono de uma construtora e imobiliária e tem contratos com a prefeitura municipal de pavimentação de estradas, aluguel de veículos e outros. Durante as investigações, o MP anexou ao processo vídeos que mostram vereadores recebendo dinheiro do esquema criminoso, em troca de apoio na câmara a novos contratos.
Flagrante em vídeo
Os vídeos que resultaram na operação do MPPA foram gravados no final de setembro do estacionamento da Câmara Municipal de Parauapebas. Um deles registra Pedro Ribeiro entregando dinheiro ao vereador Maridé Gomes. Veja a conversa:
PEDRO – aqui tem cinco, seis, oito, dez.
MARINDÉ – ok
PEDRO – tem dez mil. Dá pra tu quebrar um galho aí, até ajeitar a vida aí.
Outro vídeo registra o encontro de Pedro com o vereador Bruno Soares (PSD). No vídeo, Pedro repassa a quantia de R$ 10 mil a Soares.
PEDRO – bicho, é o seguinte. Eu tenho 10 mil pra tu, que meu tio mandou te dar. Você quer?
BRUNO – quero
PEDRO – então, ajuda de custo que nós “tamo” dando. tem dez conto aí.
BRUNO – certeza, é sempre bem vindo.
Em outra gravação, um homem não identificado conversa com o vereador Ivanaldo Braz (PSDB), presidente da câmara de vereadores do município. O homem afirma ter acesso aos vídeos dos pagamentos de propinas e exige dinheiro de Ivanaldo para não divulgar as imagens.
Nesta quinta-feira (20) a polícia também cumpriu uma decisão da Justiça que determinou o afastamento do cargo o vereador Maridé Gomes. Cinco vereadores de Parauapebas já haviam sido afastados no ano passado, por suspeita de fraudes em licitações, entre eles Odilon Rocha.
Investigações
Segundo o MPPA, Hamilton recebeu R$ 126 milhões da Prefeitura de Parauapebas entre os anos de 2013 e 2015, em contratos de pavimentação de estradas, aluguel de veículos e desapropriação de terrenos. Para os promotores, Hamilton pagou propina aos vereadores em troca de apoio da câmara para futuros contratos.
“O empresário Hamilton Ribeiro, nas palavras de seu sobrinho Pedro Ribeiro, tinha a intenção de cooptar todos os vereadores por meio do pagamento de uma mesada, de um ‘mensalão’ no valor de R$ 10 mil reais. É possível afirma que dinheiro público possa ter sido utilizado para pagar os vereadores”, afirma o promotor de justiça Helio Rubens.
Lavagem de dinheiro
Já a “Operação Icarus” é investigada a participação da Prefeitura de Parauapebas, na lavagem de dinheiro e fraudes em licitações nos municípios de Parauapebas e Marabá. O esquema foi alvo de operação da Polícia Federal, que descobriu que as pessoas beneficiadas desviavam de recursos e compravam avião, helicóptero, carros de luxo, lanchas, moto aquática, entre outros bens.
Segundo o Ministério Público do Pará, a fraude consistia em superfaturamento do preço de gases nas licitações para a Secretaria Municipal de Saúde. “Como há verba estadual sendo desviada nesse esquema descoberto pela Polícia Federal, o Ministério Público do Estado investiga a participação da prefeitura nessas fraudes”, explica o coordenador do NCIC, procurador de Justiça Nelson Medrado.
Os alvos das operações Filisteus 4 e Icarus foram a residência do prefeito de Marabá, Prefeitura e Secretaria de Saúde de Marabá, Prefeitura e Secretaria de Saúde de Parauapebas, a empresa de Parauapebas, bem como residências dos investigados em três municípios: Goianésia do Pará; Tucuruí e Muaná.
Fonte: G1
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