O ano letivo na rede municipal de ensino só deve iniciar no dia 13 de fevereiro, mas até lá a nova gestão da Semed (Secretaria Municipal de Educação) tem de fazer contas e prevê a necessidade de fechar algumas das 210 escolas espalhadas nas zonas urbana e rural.
Todavia, segundo o secretário adjunto de educação, Orlando Moraes, as medidas que forem adotadas para fazer os ajustes necessários só serão tomadas após o diálogo com a comunidade diretamente interessada, como pais e educadores.
O caso da escola José Mendonça Vergolino representa uma nova realidade na rede municipal. Sobram vagas em algumas turmas porque muitos pais ficaram preocupados com a possibilidade de os filhos perderem o ano letivo em 2016 por causa das greves dos educadores e tiraram os filhos e levaram para escolas particulares. “Soube de casos assim em duas ou três escolas, pelo menos, mas não é regra geral”, avalia Moraes.
Segundo o secretário adjunto, relatos de diretores nos primeiros dias de janeiro revelam um outro fator, que segundo ele também é preocupante. Vários pais tiraram os filhos das escolas públicas locais por causa da greve e acabaram matriculando em outros municípios. Agora, estão voltando e essas crianças não devem fazer parte do censo escolar atual, que é feito com base na matrícula do ano passado.
Acompanhado das diretoras de ensino Urbano, Cristina do Socorro Arcanjo da Silva, e do Campo, Lorena Bogea da Silva Orlando recebeu a Reportagem do CORREIO esta semana. Cristina Arcanjo explica que a aglutinação de escolas não vai acontecer unicamente por causa da racionalização de recursos, mas porque a população de alguns bairros está diminuindo na cidade consideravelmente. “Há escolas com apenas 65 alunos e a estrutura para mantê-la é muito cara. Como há outras na redondeza que têm vagas, então poderemos transferir os estudantes para lá. Esta é uma questão de responsabilidade social”, explica Orlando.
O secretário adjunto disse que ainda não é possível apontar as escolas que serão, de fato, fechadas, porque o levantamento ainda está sendo feito. Ele ressalva que a pesquisa deveria ter sido feita no período de transição de governo, mas a secretária de Educação da época não permitiu que a equipe da atual gestão percorresse as escolas para realizar esse trabalho. “A ideia era remanejar antes de abrir para matrícula, só que o pedido foi indeferido e só agora estamos fazendo o mapeamento. Mesmo assim, devemos fazer alguns ajustes ainda este ano”, avisou.
Por outro lado, Orlando Moraes ressalta que há casos em que se imaginava que determinada escola pudesse ser fechada, mas quando a equipe foi avaliar, há cerca de 250 alunos matriculados, o que descarta a possibilidade de remanejamento. “Acreditamos que até o início de março teremos todo o mapeamento e as medidas necessárias serão tomadas para realizar os ajustes na rede”, ressalta.
Sobre o grande número de rotas escolares no transporte de alunos na zona rural, Orlando Moraes explica que as escolas do campo têm uma dinâmica diferente da cidade. Provavelmente, segundo ele, muitas escolas fecharão na zona rural porque têm entre sete a 15 alunos.
Um levantamento está sendo feito em parceria com o departamento de transportes da Semed para avaliar qual o custo da escola de forma global e qual o valor de uma rota de ônibus. “Aquilo que for mais vantajoso para o município vai prevalecer. Então, pode ser que o número de rotas aumente, caso o fechamento desta ou daquela escola seja inevitável. Temos uma meta a cumprir, mas as necessidades da rede é que vão dar o tom da mudança”, pondera, explicando que todas as rotas serão visitadas para analisar quais funcionavam legitimamente.
Diretores conhecem equipe da Secretaria
Durante reunião ocorrida há uma semana, os diretores das escolas municipais conheceram a nova equipe de gestão da Secretaria Municipal de Educação. O evento aconteceu no Cine Marrocos, na Marabá Pioneira, e contou com a participação do vice-prefeito, Toni Cunha, o qual afirmou, na ocasião, que a educação de Marabá “sofreu um estelionato, porque prometeram o que não podiam cumprir”, referindo-se ao PCCR.
Toni disse que o governo atual promete que pagará os salários todo dia 28 de cada mês, como ocorria nas gestões anteriores do prefeito Tião Miranda.
Com humildade, o novo secretário de Educação, Luciano Lopes Dias, apresentou-se aos diretores e disse que está há 30 anos em Marabá, onde formou-se em direito. Antes de assumir a gestão da Semed, ocupava o cargo de presidente da Cosanpa no Pará. “A educação não é fruto do que o secretário decide, mas do que os professores e diretores fazem em cada escola. Não esperem de mim todas as soluções para os problemas da educação. Eles são grandes demais. Bom senso e saber ouvir as pessoas são minhas duas únicas qualidades, e estarei na Semed para ouvi-los”, destacou.
Ele reconheceu que houve deficiência na gestão dos recursos públicos no passado, com ausência do controle de gastos, prejudicando quem atuou na sala de aula. “Precisamos e devemos mudar essa história”, sintetizou.
Na reunião com os diretores, foi discutida ainda a normatização das portarias de matrículas e algumas diretrizes de trabalho. “Pedimos a colaboração deles para esse início de trabalho, que é muito complicado. Recebemos um almoxarifado vazio e as escolas precisando de materiais. Vamos precisar licitar para contribuir com as escolas, suprindo o básico de material de limpeza, por exemplo”, diz Orlando Moraes, secretário adjunto de Educação.
(Ulisses Pompeu)
Fonte: www.ctonline.com.br
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