Embora Marabá não tenha ganhado uma festa oficial de carnaval, devido a problemas econômicos deixados pela gestão anterior, muitos foliões aproveitaram o feriadão de Momo para valorizar os blocos tradicionais do município e também as folias ‘de rua’. Durante a quadra carnavalesca, os bairros da cidade foram tomados por quem vestia abadás e também pelos foliões que apostaram em fantasias para se divertir, algumas bastante originais.
Com seu desfile tradicional sempre às segundas-feiras de carnaval, o Vai Quem Quer reuniu milhares de brincantes pelas ruas da Nova Marabá. O bloco, que é um dos mais antigos da cidade, criado há 34 anos, abriu espaço para crianças, jovens, adultos e idosos. Segundo um dos coordenadores do grupo, Antônio Carlos Vasconcelos Saraiva, cerca de 7 mil pessoas participaram do arrastão e concentração do bloco.
“Este ano, em decorrência da crise, tivemos um número um pouco menor de foliões. E, felizmente, a polícia e a guarda municipal deram um suporte de segurança. Então está tudo transcorreu na paz”, afirmou. A levada do bloco, que saiu da Folha 28, passou pelas Folhas 27 e 20 com carros de som. Ao final, os brincantes se concentraram no estacionamento da VP-08 para aproveitar a folia ao som de bandas locais.
No dia seguinte, terça-feira (28), os participantes do Vai Quem Quer ainda prestigiaram o tradicional jogo do bloco, que aconteceu no campo da Folha 28. A partida é disputada por homens vestindo saia ou vestido. “É uma brincadeira prazerosa que a gente faz para se distrair, relaxar e colocar a meninada para brincar. Também tem muito morador de rua que a gente chama para brincar com a gente”, confirmou Ronaldo Yara.
Gaiola das Loucas
Seguindo a tradição do Gaiola das Loucas, homens e mulheres exibiram trajes trocados no arrastão do bloco do Novo Horizonte, ocorrido na última terça-feira (28). Há mais de 30 anos agitando multidões, o grupo que surgiu de uma brincadeira entre amigos, hoje faz a alegria de milhares de foliões. De acordo com Raimundo Alves da Costa Neto, um dos criadores do bloco, o carnaval deste ano foi um dos mais aimados.
Ele destacou que mesmo com a crise econômica do município, e sem patrocínio oficial, foi possível oferecer uma bonita festa aos brincantes. “Graças a alguns patrocinadores particulares que se dispuseram a contribuir para que os blocos fossem para a rua, fizemos uma bela festa”, comemora. Neto também afirmou que não foi informado qualquer incidente durante as festividades do Gaiola.
“Não sei de registros na delegacia, mas aqui não tivemos conhecimento de incidentes no bloco. Contamos com apoio maciço da segurança pública, dos guardas municipais, polícia militar e agentes do DMTU”, observou. Ele ainda disse que muitas pessoas atenderam ao pedido da organização de não acompanhar o arrastão com veículos automotivos, lembrando que o percurso da festa foi reduzido justamente para garantir um carnaval sadio.
O desfile este ano englobou os bairros Cidade Nova, Bom Planalto, Belo Horizonte e Novo Horizonte, durando cerca de duas horas. Neto também disse ao CORREIO que a estimativa de público repassada pela PM à organização foi de mais de 10 mil pessoas. “Sendo que na praça tinha muito mais brincantes, porém, muitos ficam apenas na concentração”, frisou.
Neto aproveitou para anunciar a sua saída da coordenação do Gaiola das Loucas, após 35 anos à frente da organização. “Eu me prendo muito ao Gaiola desde que era solteiro e agora tenho filhos, esposa, e eles me cobram para que a gente conheça, pelo menos, o carnaval da região. Mas eu sempre estarei aqui no arrastão do bloco, nas terças de carnaval, e contribuindo com o que estiver ao meu alcance”.
Balanço da PM
O comandante do 4º BPM, tenente coronel Favacho, destacou que as festas em ambos locais aconteceram sem muitos incidentes. “Até agora, o carnaval tem tido ocorrências que são consideradas normais quando se envolve grande quantidade de pessoas. Até em razão da questão da bebida em excesso”, confirmou.
Ele disse ainda que as ocorrências mais graves que aconteceram durante o carnaval não estavam ligadas aos blocos carnavalescos. O comandante ressaltou que durante eventos festivos como estes a polícia recomenda moderação aos foliões. “É bom controlar a bebida, porque todo mundo sabe o seu limite. Se você sabe que quando bebe faz coisa errada, então não beba”.
Jegue Elétrico anima comunidade do Km 7
Ao som de marchinhas de carnaval, brincadeiras e muita festa, o Bloco Jegue Elétrico arrastou milhares de pessoas pelas ruas do Km 7, núcleo Nova Marabá. A festa, que aconteceu na última terça-feira (28), contou com shows e desfiles de foliões na Rua E, próximo a praça, onde havia um palco montado para receber três atrações musicais. De acordo com Darcival Morais, criador e coordenador do bloco, a organização superou as expectativas da festa.
“O pessoal entendeu a nossa brincadeira, estão se divertindo, e o Jegue Elétrico realizou mais um carnaval com sucesso. Só tenho a agradecer aos órgãos de segurança, imprensa e aos organizadores. Esse mérito não é meu, mas de toda a comunidade”, destacou. O bloco deu início a sua caminhada por volta das 14 horas, saindo da Rua O, próximo ao posto de saúde do bairro.
Durante o percurso, além do boneco em formato de Jegue e das atrações tradicionais do bloco, um palhaço com perna-de-pau acompanhou a festa. Segundo Darcival, cerca de 2.500 pessoas compareceram à folia, número abaixo do esperado. Ele credita a participação menor este ano ao momento econômico turbulento enfrentado pelo município. “Com a crise e o final de mês, deu esse número de pessoas”, resumiu.
Ele lembrou que o Jegue Elétrico surgiu há 15 anos como uma brincadeira de bairro, e hoje atrai milhares de foliões de toda a cidade. Os brincantes que acompanharam a festa na terça-feira (28) puderam também beber o “mijo do jegue”, nome dado à caipirinha oficial do bloco.
Marabá Pioneira
Na Marabá Pioneira, a folia ficou por conta do tradicional Bloco Carrinho de Mão, que vai às ruas no final da tarde do domingo de Carnaval. A origem da brincadeira é o Bairro Santa Rosa, o tradicional “Bairro do Amor”, de onde o Carrinho de Mão – hoje uma aparelhagem de som de grande volume – sai pela orla e demais ruas do núcleo puxando centenas de foliões.
Este ano a brincadeira não foi diferente e teve sua dispersão na Praça São Francisco. Muita gente comprou o abadá do bloco, mas valia acompanhar de todas as formas. “O diferencial deste rico movimento cultural está centrado na produção de suas marchinhas que cantam em versos e prosas as paixões, os sentimentos e os segredos da sua comunidade. Parabéns para o bairro Santa Rosa, com a sua gente e a sua identidade cultural”, comentou um dos brincantes, o professor Melquíades Justiniano.
Comunidade caprichou na organização da festa
Uma grande festa com direito a shows, concentração de bloco e muita diversão foi realizada durante os quatro dias de carnaval no Bairro Liberdade. Organizada por moradores e apoiada por vereadores de Marabá, a festa atraiu mais de 20 mil pessoas durante todo o período carnavalesco, segundo a coordenação.
Aline Santos Arruda, conhecida popularmente como Aline Pancadão, moradora do bairro e uma das organizadoras da folia, afirmou que o carnaval da Liberdade, embora só tenha 7 anos, já é tradição na cidade. “A gente se mobilizou para correr atrás de recursos junto a prefeitura, mas fomos informados que a gestão não podia nos ajudar financeiramente. Então resolvemos procurar os vereadores”.
Segundo ela, muitas pessoas da comunidade, tanto do Bairro Liberdade, quanto de bairros vizinhos, estranhavam e questionavam a não realização da festa. “Eu passei, praticamente, 40 dias correndo atrás disso, sem dormir e sem comer para o carnaval sair”, destacou Aline.
Os quatro dias de folia na Praça da Liberdade começou às 19 horas de sábado (25), com shows de bandas locais e DJ’s. “A gente teve que reduzir as bandas por falta de recurso, então colocamos DJ’s e som com teclado, porque queríamos que a festa saísse, e realmente saiu. Foi um sucesso”, comemorou. O bloco Levada Louca, do bairro, também se concentrou na festa para aproveitar a folia.
Aline também destacou a importância da festa para a economia local, lembrando que vários ambulantes puderam trabalhar durante a folia. Para o vereador Marcelo Alves (PT), este ano a festa reuniu muito mais foliões se comparada aos anos anteriores. Segundo ele, como não teve uma programação oficial de carnaval em outros bairros, muitas pessoas foram para a festa no Liberdade.
“E pela crise financeira, muita gente deixou de viajar, porque não tinha dinheiro. Então as pessoas vieram para cá, por isso acho que este ano teve mais gente”, confirmou.
Apoio político
Ainda de acordo com o vereador, os políticos foram provocados pela população do bairro para ajudar na realização da festa. “Eu falei que não tínhamos o recurso para a realização do carnaval e que nem tínhamos autoridade para fechar uma praça pública. Então fizemos uma reunião com o vice-prefeito e o prefeito, que falaram que não poderiam ajudar. E nós até despachamos um ofício para a população dizendo que iríamos tentar articular a festa de outra forma”, revelou.
Ele disse também que se reuniram com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim) para tentar conseguir patrocínio para o carnaval do bairro. “Nós apresentamos um valor pedido pelos organizadores para a festa, e como o órgão não pode contribuir com 100%, foram cortadas algumas atrações. Mesmo assim, conseguimos fazer as quatro noites de festa”, concluiu.
Além disso, os vereadores ficaram responsáveis por providenciar palco, recursos e também o apoio dos órgãos de segurança. O vereador Tiago Kosh (PMDB) revelou que foi gratificante poder ajudar uma festa sem recursos públicos, articulando apoio no meio empresarial para custear a folia do bairro. “A gente conseguiu captar recurso para que a festa ocorresse e para que essa manifestação cultural não passasse despercebida. E o nosso papel é esse, articular em nome do povo”, frisou. Ele lembrou ainda que a festa teve o apoio da vereadora Cristina Mutran (PMDB) e a organização do presidente do Instituto Cultural Levada Louca.
Segurança
O vereador Marcelo ainda disse que o Bairro Liberdade é discriminado e classificado como um local violento, mas que há planos dos próprios políticos para desmistificar esse rótulo. “O carnaval lá não teve nenhum incidente, sendo que em outros bairros aconteceram até morte. Então o povo não pode ser discriminado como vem sendo em Marabá”, defende.
Ele ainda acrescentou que acompanhou a festa e pôde constatar a presença de muitas famílias. Marcelo disse também que junto com o vereador Tiago, pretende reativar o balneário conhecido como Vavazão, no Bairro Liberdade, durante o veraneio deste ano.
Empatou
Edine Pereira da Silva, ambulante que acompanhou o carnaval no bairro desde o primeiro dia, confessou à reportagem do CORREIO que esperava mais vendas durante a festa no Liberdade. “Está mais ou menos, tem muita gente, mas o movimento ainda é fraco. Não vi o lucro ainda, mas também não tive prejuízo”, disse ela. Osano Galvão, vendedor ambulante de bebidas, também esperava mais lucro durante a festa. “Acho que devido à crise, as pessoas estão sem dinheiro”, observou.
Carnaval no São Félix
O complexo São Félix também contou com a realização de festas durante o período carnavalesco. Os foliões puderam se divertir com sons automotivos e uma banda local tanto no sábado (26) quanto no domingo (27). De acordo com Luís Carlos Feliciano da Silva, a festa teve saldo positivo, porém faltou apoio.
“Nós não tivemos ajuda de ninguém, foram muitas despesas e a gente teve que arcar”, contou. Segundo ele, a festa que tem tradição de 9 anos, teve a participação de aproximadamente 1.500 pessoas, contando os dois dias de realização.
(Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho)
Fonte: CT ONLINE
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