A cada uma hora e 39 minutos, um trabalhador é demitido no município de Parauapebas em algum dos 5.197 estabelecimentos que mantêm vínculo de trabalho por meio de registro em carteira. Apenas nos 28 dias de fevereiro, foram processadas 358 demissões. Juntando tudo isso aos distratos de janeiro, um batalhão de 862 novos desempregados está pelas ruas, a vagar, sem eira nem beira. Os dados foram divulgados na tarde da quarta-feira (16) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Esse é o drama de um dos municípios mais ricos do Brasil, em produção e exportação de produtos primários, que não respeita nem mesmo a reação positiva nacional do mercado de trabalho, no qual 35.612 vagas foram criadas em fevereiro, quebrando uma sequência de dois anos no vermelho. Parauapebas destoa do resto do país e segue demitindo.
O Brasil tem hoje 5.570 municípios, e se todos pudessem ser enfileirados atrás de emprego, Parauapebas seria o de número 54 na pior situação em 2017. Aqui no Pará, apenas Altamira (com mais 1.887 novos desempregados) e Canaã dos Carajás (com novos 1.846 demitidos) conseguem ser piores. A “Capital do Minério” bateu até mesmo a capital paraense em desemprego nos dois primeiros meses deste ano — e, vale lembrar, Belém é uma metrópole que tem sete vezes mais habitantes que Parauapebas.
Apesar dos números desastrosos de Altamira e Canaã dos Carajás, os mesmos são justificados pela desmobilização de trabalhadores em obras civis de grandes projetos. Altamira demite os milhares de contratados para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, obra do Governo Federal no Rio Xingu, e Canaã despacha os trabalhadores mobilizados para erguer a indústria S11D, empreendimento da mineradora multinacional Vale na Serra Sul de Carajás.
No caso de Parauapebas, a situação é crítica porque as demissões recorrentes estão esvaziando os estoques de trabalhadores em praticamente todos os setores e diminuindo o volume natural da massa ativa com carteira assinada. Isso, por conseguinte, traz prejuízo incomensurável ao comércio e empobrece a área urbana, que se vê às voltas com uma miríade de desempregados e as demandas sociais que estes trazem.
Ao lado
A 170 quilômetros da cidade de Parauapebas, Marabá — que pariu a “Capital do Minério” — dá o exemplo de que quem sai aos seus não degenera. Em apenas dois meses, Marabá acumula 425 novos desempregados. A cada três horas e 25 minutos, alguma das 6.342 empresas empregadoras de Marabá bota um funcionário no olho da rua. Em fevereiro, foram 84 desligamentos, mas, apesar de ser um dado negativo, é uma espécie de “bom sinal” ante as mais de 300 demissões de janeiro.
SÍNTESE – No caso de Parauapebas, a situação é crítica porque as demissões recorrentes estão esvaziando os estoques de trabalhadores em praticamente todos os setores e diminuindo o volume natural da massa ativa com carteira assinada.
(André Santos – freenlancer)
Fonte: CT ONLINE
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