A forte chuva que atingiu a cidade de Marabá na tarde desta segunda-feira (3) contribuiu para o alagamento de ruas, causando prejuízo a moradores. Desde a semana passada, o município vem enfrentando problemas em decorrência de temporais e obstrução de bueiros no município. De acordo com estimativa fornecida pelo site Climatempo, Marabá registrou 20 mm de chuva apenas nesta segunda (3), e a previsão é que este número diminua nos próximos dias, que permanecerão chuvosos, a exemplo da quarta-feira, dia 5, aniversário do Município.
O Jornal CORREIO esteve nos locais mais afetados, como Km 7, Folhas 29, 22 e 20, e conversou moradores que tentavam salvar seus pertences em meio à água. Jardemilson Graciliano de Sousa, morador da Folha 20, contou à reportagem que os problemas de enchentes no local se arrastam por mais de 10 anos. Segundo ele, os governos municipais passados foram negligentes, porque nunca resolveram a situação do bairro. “A população toda que mora aqui na Folha 20 está triste, entra prefeito, sai prefeito e é tudo a mesma coisa, e aí quem sofre é a gente. E não pode fazer nada, fica vendo tudo se perder”, lamenta.
Ele relatou que, com o temporal de ontem (3), eletrodomésticos, móveis e documentos pessoais foram danificados pela água, lhe causando muitos danos. “Tinha que fazer uma limpeza na grota na Folha 29 e 28, que é onde a água desce todinha com o lixo, aí ela para aqui e transborda”, afirmou. Nilda Rodrigues, moradora da mesma localidade, disse que sua casa já alagou durante outros temporais, porém revelou que foi pega de surpresa desta vez.
“Como já tá no fim do inverno, a gente foi surpreendido. E isso não tinha acontecido esse ano ainda”, contou. Ela disse que a causa dos entupimentos da grota são consequência também da irresponsabilidade de moradores. Enquanto a água não baixava Railson Quinto da Silva, permanecia do lado de fora da sua residência, uma vez que porta da casa ficou emperrada pela força da água.
“Eu nem consegui entrar, porque a água não deixa a porta abrir. E os móveis estão todos perdidos, como geladeira, fogão, cama, guarda-roupa, micro-ondas”, afirmou. Para ele, o que resta no momento é trabalhar para recuperar todos os objetos perdidos. Já Alexandre Nascimento, morador da Folha 22, disse que falta um pouco mais de empenho da prefeitura para que a Grota Criminosa receba uma limpeza adequada.
“Este ano ainda não vi nenhuma limpeza, só um pouco na beira da galeria, e depois não fizeram mais nada. Aí tá cheio de mato, e hoje mesmo quase que meu irmão morre aqui, ele quase caiu e estava tudo cheio. Tem risco até de alagar as nossas casas”, alertou.
Canal que corta a Nova Marabá transborda novamente
A Grota Criminosa, que corta os bairros Araguaia (Fanta), Nossa Senhora Aparecida (Coca Cola), Km 7, Folhas 29, 28, 20, 27, 21, 22, 23 e 26, tem se tornado um problema crônico do município. Com o período intenso de chuvas, o canal que corta grande parte da Nova Marabá, tem ficado cheio ao ponto de transbordar. Antônio Santos Lima, residente da Rua Y, no Km 7, contou que sua casa e de vizinhos foi inteiramente tomada pela água da chuva, revelando ainda que a principal preocupação do momento era a retirada de crianças da enchente.
Outro morador do bairro, que se identificou apenas como Barbudo do Açaí, teve a casa totalmente inundada pelas águas. “Acabou com tudo dentro da casa, até o meu carro ficou todo alagado”, confirmou com tristeza. Segundo ele, a chuva do último domingo também chegou a alagar as ruas do bairro, porém não com a intensidade do temporal ocorrido ontem (3). Já na Folha 29, Dicelma Ferreira de Souza tentava salvar o pouco que não tinha sido levado pela enchente.
“Tinha melhorado, a água vinha até a porta, mas não entrava em casa. Agora esse ano foi terrível e nós estamos cansados de ter apenas prejuízo. Aqui é a quinta ou sexta vez que minha casa vai para o fundo e eu não sei o que fazer, porque não tenho condições de levantar ela”, lamentou. No mesmo bairro, José dos Reis reclamava do tamanho da tubulação que dá vazão à água que passa pela Grota Criminosa. “Para resolver isso aí é só quebrar o bueiro e fazer um encanamento com manilha de 200 mm, porque a tubulação é pequena. E toda vez é assim”.
Na gestão passada, foram iniciadas obras de urbanização e macrodrenagem para desobstruir o canal e dar vazão ao grande fluxo de águas durante o inverno paraense. No entanto, a empreitada que tinha previsão de término para novembro de 2015 nunca foi concluída, deixando milhares de moradores desamparados.
Prefeitura interferiu ao longo do dia
A reportagem do Jornal CORREIO procurou o secretário de urbanismo do município, Múcio Andalécio, para falar sobre o planejamento do órgão com relação às enchentes que vem ocorrendo com frequência em Marabá. Por telefone, ele informou que, a princípio, a secretaria está realizando o levantamento das áreas onde estão ocorrendo os alagamentos. “Pegamos a cidade com um problema pronto já e estamos detectando os pontos para desobstruir e evitar os alagamentos”, confirmou. Segundo ele, hoje, há quatro equipes do órgão designadas para esta função dentro da cidade.
O CORREIO também conversou via telefone com o coordenador da Defesa Civil municipal, Jairo Milhomem, para saber sobre ações do órgão junto aos locais atingidos. No momento da entrevista, ele informou que tinha visitado apenas a Folha 20 e constatado junto a moradores, que o problema no local seria o tamanho do bueiro e também o acúmulo de lixo no canal de escoamento da água. “E depois eu procurei a secretaria de obras e pedi para que eles mandassem alguém lá para ver se o problema lá é a limpeza ou se é o tamanho do bueiro”, confirmou.
(Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho e Evangelista Rocha)
Fonte: CT ONLINE
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