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Morada Nova segue padecendo

Um dos complexos mais extensos e populosos de Marabá é o retrato do abandono, segundo os próprios moradores. Testemunhos de ruas esburacadas, poças de água e lama na porta de escolas, além da falta de estrutura no residencial Jardim do Éden, do programa federal ‘Minha Casa, Minha Vida’, foram relatados à reportagem do CORREIO esta semana. De acordo com Aerton Lima Cruz, morador do bairro, há muito trabalho a ser feito pela gestão atual.

“No momento, a gente sabe que o prefeito assumiu tem apenas três meses, então não podemos cobrar muito. Mas, tem coisas básicas que teria como resolver, como a frente da escola Pedro Peres, que é uma vergonha. As crianças para entrar estão tendo que passar por dentro de muita lama, e só passam descalças”, relatou.

Ainda segundo ele, a rua que dá acesso à Vila Murumuru está “uma verdadeira lagoa”, sendo que os moradores já jogaram escória algumas vezes no local. “Morada Nova hoje é um bairro abandonado e esquecido pelo poder público”, disse. Rosivaldo Sousa, que é comerciante e mora no residencial Jardim do Éden.

Quem compartilha das mesmas lamentações é Carlene da Silva Pereira, que também reside no conjunto. De acordo com relatos dela, o residencial  está totalmente abandonado e sem qualquer tipo de manutenção.

“Nós estamos precisando de tratamento de esgoto, porque está horrível e quando chove alaga tudo. As ruas estão muito sujas e a creche tem que terminar de ser feita”, declarou, denunciando ainda a onda de violência que atinge o bairro.

Outra moradora ouvida pela Reportagem, Gilmara Pereira Parreão, disse ter sido assaltada no lugar. “Na última terça-feira, eu fui assaltada. Dois pixotinhos me pegaram e botaram a arma em mim, levaram minha bolsa e celular. Falta segurança, a praça está escura e cheia de gente fumando maconha”, reclama.

Para o cabo Edilson Rufino de Oliveira, do destacamento de Morada Nova, falta comunicação entre a população e a polícia. “Queria repassar para a sociedade que o nosso trabalho tem uma necessidade de informação da população. Às vezes, acontece algum crime e a comunidade não nos informa”, revela.

Ele cita que o trabalho da PM é embasado nos dados e relatos que chegam até o batalhão, fazendo-se necessária a colaboração da população. “A gente sempre faz a nossa ronda preventiva, abordagem de veículos suspeitos, dupla de moto, que é o modus operandi mais usado para cometer crimes. Mas o próprio cidadão tem que andar de forma segura, procurar não andar em local de risco, em ruas muito escuras ou expondo objetos, com o celular na mão”, reitera.

O policial garante ainda que qualquer situação de risco ou denúncia, que cabe à polícia, deve ser informada por meio do número (94) 99247-8265.

Escolas sem professores e com problemas de estrutura  

A reportagem do CORREIO também esteve em duas escolas do complexo, apontadas como precárias pela população, para conhecer as dificuldades de seus alunos. Na Escola Estadual Dr. Gabriel Sales Pimenta, localizada na Avenida Araguaia, em Morada Nova, a estudante Cláudia Novaes, do 1º ano do ensino médio relatou que em sua classe há quatro ventiladores que mal funcionam e que a unidade está com refeitório e banheiros em situação alarmante. Diego de Abreu, aluno do 2º ano na mesma escola, disse que até merenda tem faltado.

Guilherme Gomes de França, também do 2º ano, disse que a escola precisa de mesas novas, computadores e uma reforma também na quadra de esportes, principalmente, agora que a instituição é de tempo integral. O professor de geografia, Rosiel Bezerra, revelou que os problemas relatados pelos alunos não são exclusivos do colégio, mas de todo o país.

Alunas da Escola Pedro Peres Fontenelle, também em Morada Nova, reclamaram das condições de estudos e revelando que quando chove a frente do colégio fica alagada, dificultando a chegada até a instituição. A aluna do nono ano Jennifer Silva Rosa, disse que faltam professores na instituição.

“Está faltando professor de estudos amazônicos, história e artes. E fora na parte da tarde, que está tendo apenas uma aula para o nono ano”, confirmou. Ela ainda disse que, além da falta de limpeza no local, os alunos não podem beber a água dos bebedouros porque “tem gosto de ferro”.

Em conversa com a diretora da escola, Maria Nilma Pires da Cruz, o CORREIO apurou que a escola possui cerca de 1.100 alunos apenas no ensino fundamental. Ela confirma que há déficit de professores, porém especifica que são profissionais das áreas de geografia, religião, estudos amazônicos, artes e educação física (em algumas turmas).

“A falta de professor é porque não veio nenhum professor contratado ainda. E essas vagas são pra contratos”, disse. Devido a esta situação, a escola está sendo obrigada a liberar os alunos mais cedo, como confirma a diretora.

Prefeitura diz que a Sevop já mapeou as áreas críticas

Em nota, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Marabá informou que a secretaria de obras já realizou o levantamento de todas as áreas da cidade, sendo que nos principais núcleos há ruas “em situação de calamidade com relação a trafegabilidade e drenagem”. Foi informado que os técnicos do órgão indicaram três fatores que levaram a este quadro na cidade: o período chuvoso muito intenso, o mais forte dos últimos três anos; a falta de manutenção e prevenção nos últimos anos, além de construções irregulares sobre grota e zona de escoamento de água.

“É humanamente impossível fazer a recuperação destes trechos durante o período chuvoso, já que em muitos casos, o serviço exige uma nova drenagem e asfaltamento. No caso dos residenciais, os mesmos foram entregues nas gestões passadas sem uma inspeção criteriosa sobre as obras das empreiteiras contratadas. Um serviço de péssima qualidade e sem qualquer manutenção que está a cargo das construtoras que ainda estão dentro do período de garantia, e mesmo assim entregue a população”.

Ainda de acordo com o comunicado, a prefeitura já está em fase de licitação de um programa de recuperação asfáltica e drenagem de qualidade. Além disso, foi repassado que equipes de recuperação estão em ação por toda a cidade atendendo ruas que podem, provisoriamente, ser recuperadas. “Com relação aos residenciais, equipes da SEVOP já foram acionadas e devem fazer a recuperação provisória de alguns trechos mais críticos, como já fizeram na entrada do Residencial Tiradentes”.

(Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho)

Fonte: CT ONLINE



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