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Idoso é assassinado por genro

Familiares do idoso José Carlos Barbosa de Oliveira, de 61 anos, se aglomeravam em desespero em torno do corpo dele, na tarde de quinta-feira (6), em um dos trechos mais movimentados de Marabá. Parte da comoção se dava pelo assassinato dele e parte pelas buscas pelo responsável pelo crime. José Carlos foi esfaqueado pelo próprio genro, identificado até o momento como Francinaldo no canteiro do semáforo da Rodovia Transamazônica (BR-230), entre as Folhas 31, 32 e 33.

A confusão que resultou na morte do catador de açaí, por volta das 16 horas, começou ainda de manhã, às 11 horas, na residência da família na Folha 33 a partir de outro crime cometido por Francinaldo. Familiares do idoso informaram que estava agredindo repetidas vezes a companheira Bruna Kelly, grávida de quatro meses e filha de José Carlos. Segundo outra filha da vítima Barbara Helen de Oliveira, vizinhos e familiares acionaram o Núcleo Integrado de Operações Policias (Niop-190) diversas vezes, mas ninguém atendeu à denúncia.

“Desde cedo a gente ligava para o 190 e eles diziam que já estavam mandando uma viatura. Isso estava acontecendo em casa e meu pai entrou na briga para defender a filha dele. Depois ele saiu de casa para ir pagar o talão de energia e comprar açúcar. O rapaz ficou aqui esperando e pegou meu pai à traição”, desabafou. Ela diz, ainda, que sempre foi comum para o homem agredir a mulher.

“Ele sempre batia nela e ninguém ligava, hoje ele começou a bater de facão nela e ela está grávida, aí a família entrou. Eu entrei, meus irmãos entraram e meu pai entrou. Ele começou a ameaçar todo mundo, falou que ia pegar a gente, que ia pegar meu pai”. Ainda de acordo com Barbara, Francinaldo já foi preso por agredir a companheira anteriormente na Vila Sororó.

“Demos parte, a polícia levou ele, mas depois foi solto. Eles prendem, mas soltam. Agora ele matou meu pai e está solto ainda. Não tem justiça, nenhuma. Ele vai embora e vai tirar a vida de mais algum inocente”.  A companheira do suspeito, Bruna Kelly, confirmou as agressões sofridas durante o dia de quinta. “Ele estava me batendo demais, me espancando, minha sobrinha entrou no meio e ele começou a ameaçar meu pai, ameaçou, falou que ia matar e foi seguindo meu pai com a faca e aconteceu essa coisa horrível”.

Ela também destacou que o homem era violento. “Ele sempre me batia muito, me espancava. Estava com ele há quase dois anos, sempre sendo ameaçada e ele me batendo. Duas vezes ele foi preso e foi solto. Agora aconteceu essa desgraça, matou meu pai. Os vizinhos chamaram a polícia e ninguém veio”. Bruna chegou a acompanhar duas guarnições da Polícia Militar que realizaram diversas buscas a procura do homem, em endereços onde ele poderia ter se escondido. Até o final desta sexta-feira ele continuava desaparecido.

O primeiro órgão de segurança a chegar no local foi a Guarda Municipal, que isolou o local onde o corpo estava caído e manteve a população longe. Várias pessoas, principalmente moradoras da Folha 33, se aglomeraram no local, bastante revoltadas com a situação. De acordo com o agente Leonardo Farias, da Guarda Municipal, quando o órgão chegou ao local a vítima já estava morta e a arma utilizada no crime estava caída próxima do corpo. “Fizemos algumas buscas em torno, mas não localizamos mais ele. No entanto, sabe-se que foi o genro, já está identificado o autor e a filha da vítima, esposa do acusado, está colaborando na busca por ele”.

Familiares revoltados com a PM e os Bombeiros

Familiares e vizinhos da vítima estavam revoltados por não terem recebido atendimento da Polícia Militar, acreditando que caso o homem suspeito tivesse sido preso pela violência doméstica horas antes poderia ter sido evitado o homicídio do idoso. Além disso, reclamavam que a ambulância do Corpo de Bombeiros esteve no local enquanto a vítima estava, supostamente, respirando, mas a equipe não a encaminhou ao socorro médico.

“Ele estava vivo, estava respirando, pedimos socorro para o Corpo de Bombeiros levarem o nosso pai e eles nem ligaram, foram embora e meu pai estava vivo. Ele estava respirando. Em vez de ajudar e levar para o hospital, talvez ele não estivesse esperado a morte”. Procurado pelo CORREIO, o subtenente Félix, do Corpo de Bombeiros, informou que o militar socorrista que fez a averiguação constatou que a vítima não apresentava mais sinais vitais e acionou o Instituto Médico Legal (IML).

Explicou que a equipe não pode remover o corpo sem vida uma vez que é necessário fazer a perícia do local de crime e o hospital não aceita pessoa sem vida. Destacou que as pessoas no local estavam bastante exaltadas e que foi necessário, inclusive, solicitar apoio da Polícia Militar para que fosse mantida a segurança da ambulância e dos bombeiros no local. “O Corpo de Bombeiros nunca vai chegar a um local com pessoas feridas e cruzar os braços. Se ficarmos parados é porque não há mais o que ser feito”, declarou.

O Jornal também tentou manter contato com o tenente-coronel Eudes Favacho, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, para questionar acerca da falta de atendimento ao chamado de violência doméstica, mas ele não atendeu às ligações.

Suspeito roubou R$ 200 da vítima

Em entrevista na manhã desta sexta-feira (7) a delegada Raíssa Beleboni, titular do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, responsável por investigar o caso, falou sobre o andamento das investigações. Segundo ela, primeiramente a Polícia Civil havia sido informada que se tratava de um latrocínio – roubo seguido de morte -, mas depois se identificou que foi um homicídio, praticado por meio de golpes perfuro contundente desferidos pelo genro.

“Já foram identificadas algumas testemunhas, ouvidas na mesma tarde. Apesar das diligências empreendidas pela Polícia Militar, o genro ainda não foi localizado”, informou, acrescentando que as pessoas ouvidas relataram a mesma versão repassada à imprensa. “Desde o período da manhã, já próximo da hora do almoço, ele estava agredindo a companheira, filha da vítima. Depois de sucessivas agressões, com a intervenção de todos os familiares ele acabou se armando com esta arma branca e ficou aguardando o retorno da vítima que havia se dirigido à lotérica”.

A autoridade policial destacou que, conforme os primeiros levantamentos, Francinaldo ainda tirou R$ 200 da carteira de José Carlos e empreendeu fuga. As diligências agora vão continuar tanto para melhor apuração do ocorrido, apesar das informações já colhidas, e na tentativa de localização do suspeito para completo desenvolvimento das investigações. Depois de completadas as diligências a gente deverá representar pelas medidas cautelares junto ao Poder Judiciário – como prisão preventiva, por exemplo”.

SAIBA MAIS

Informações acerca da localização do suspeito podem ser repassadas ao Disque Denúncia Sudeste do Pará, por meio dos números (94) 3312-3350; 33462250 ou (94) 98198-3350 (WhatsApp).

(Luciana Marschall)

Fonte: CT ONLINE



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