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A Casa de Saúde Indígena continua no abandono

Quartos pequenos, cômodos sem ventilação, camas cirúrgicas sem colchonete e servindo como mesa, além de móveis enferrujados, ilustram a realidade encontrada esta semana pela equipe de reportagem do CORREIO na Casa de Saúde Indígena (Casai), localizada na Folha 32, Nova Marabá. Os problemas na unidade já tinham sido noticiados na edição 3.108 do Jornal há pouco mais de um mês. E persistem até hoje.

De acordo com Jorge Tembé, que faz parte da nova coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (Dsei), há planejamento de mudanças estruturais para o prédio, mas não há estimativa de quando isso será feito.

“Nós estamos há dois meses na coordenação do distrito Guamá-Tocantins, então estamos fazendo o levantamento de todas as situações e ouvindo toda a população para trazer a resposta posteriormente. A Casai, especificamente, hoje, já tem uma equipe trabalhando na manutenção e reforma, com reparos emergenciais”, informou.

Segundo ele, o projeto de reforma e ampliação ainda está em andamento e precisa ser aprovado pela coordenação em Brasília, antes de ser implementado. “Não posso prever uma data certa para o início das obras”. Jorge disse também que é indígena e que conhece os problemas enfrentados pelos usuários da Casai.

“Foi uma briga para a gente conseguir chegar até a coordenação e o nosso sonho é ver a saúde de qualidade. Eu também moro em uma aldeia e sei como é o atendimento lá, também vou para a Casai quando adoeço. E o nosso sonho é ver a coisa acontecer”.

Raimundo Assurini, da terra indígena Trocará, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), que é responsável por 8.818 índios no Guamá-Tocantins, contou à reportagem que uma das maiores necessidades das aldeias é o saneamento básico.

“Hoje, a nossa necessidade é a questão do saneamento básico. Nós temos essa nova gestão, eles estão com dois meses, então o primeiro passo foi resolver a questão dos veículos, porque foi terminado o contrato da gestão passada e foi feito agora esse contrato emergencial, conseguindo 38 veículos para os nove polos e para o Dsai em Belém”, afirmou.

Ele também destacou a importância de colocar mais pessoas indígenas para administrar o órgão, justificando que eles são conhecedores das necessidades desse povo. “Nós temos muitos indígenas hoje capacitados, formados e é quem conhece a nossa realidade. Ele veio de lá da base para estudar na cidade, teve toda essa dificuldade para chegar a essa formação, passou por várias barreiras, então são pessoas que com certeza vão fazer um trabalho transparente e bem confiante para a população indígena”.

Luta por melhorias se arrasta por anos

Em entrevista ao CORREIO, o indígena Welton Suruí, da Aldeia Itahy, de São Geraldo do Araguaia, contou que há muito tempo os usuários da Casai têm lutado por melhorias no órgão. “Da forma que a Casai está, os indígenas vem para Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (Dsei), se recuperar e voltam mais doentes. Então, para evitar conflitos que já ocorreram, a gente está se articulando de forma pacífica com as lideranças e lutando para que as coisas caminhem”, reforçou.

Terceirizados

Na última matéria publicada pelo Jornal CORREIO sobre a Casai, na edição 3.108, foi exposta a situação da falta de pagamento de funcionários terceirizados responsáveis por fazer a manutenção do órgão em Marabá. A reportagem questionou isso ao coordenador Jorge Tembé, que garantiu que tudo está resolvido atualmente.

“O problema é que a gente tem uma contratação com uma empresa terceirizada. E como você sabe, no fim do ano, o governo recolhe todo o recurso para fazer a contagem. Depois faz a votação do orçamento e devolve para a gente. A empresa não tem capital de giro, então nesse período em que o governo recolheu e deixou de repassar para a gente. A empresa não teve perna para manter os seus funcionários. Nós pagamos a empresa e eles já regularizaram com os seus funcionários”, explicou.

De acordo com o indígena Welton Suruí, durante reunião com a nova gestão do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (Dsei), que aconteceu esta semana em Marabá, foi solicitado que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) assuma a responsabilidade de reparos e manutenção na Casai.

Saiba Mais – A coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (Dsei) atende oito polos: Marabá, Parauapebas, Santa Luzia do Pará, Capitão Poço, Paragominas, Tucuruí, Santarém e Oriximiná, com 91 aldeias.

(Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho)

Foto:Josseli Carvalho

Fonte: CT ONLINE



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