Oito de outubro. O dia do aniversário do poeta Eduardo Castro, falecido em 2017, se tornou por lei sancionada pela prefeitura no Diário Oficial dos Municípios desta quarta-feira, 6, o Dia Municipal do Livro e da Leitura da cidade de Marabá. O projeto de lei foi idealizado pela professora e escritora Eliane Soares e apresentada na Câmara Municipal pelo vereador Gilson Dias (PCdoB).
Segundo Eliane Soares, o projeto de lei nasceu dentro do Programa Marabá Leitora, da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e estabelece as normas gerais para o Dia do Livro e da Leitura no município. “Eu fui idealizadora da lei dentro do Marabá Leitora, que é um programa de incentivo à leitura, promoção de contação de história, feira do livro e formação de professores da sala de leitura, desenvolvido e coordenado pela professora da Semed Marluce Caetano, e por mim. A partir da experiência deste projeto pude desenvolver as diretrizes para o dia municipal do livro, para que este seja um dia especificamente na nossa cidade em que o livro e a leitura sejam alvos de reflexão, comemoração, celebração, tanto na esfera pública quanto privada”, explica.
Ainda de acordo com Eliane, o objetivo principal deste dia é valorizar e oportunizar o acesso da população à produção literária do município. “Nós prevemos dentro do projeto que o município reserve recurso para que hajam ações de promoção e acesso ao livro e a leitura em Marabá, a inclusão dos autores do município no currículo escolar do ensino público municipal, além de fomentar a valorização dos autores do município, por meio da compra dos livros produzidos por eles ”, pontua.
CENA LITERÁRIA EM FESTA
Escritores, membros da Associação de Escritores, da Academia de Letras além de facilitadores de leitura, estão em festa com a notícia. Para Airton Souza, escritor e membro fundador da Academia de Letras de Marabá, a instituição da data é uma forma de reconhecer o trabalho literário desenvolvido em Marabá. “Aqui nós desenvolvemos vários projetos, como o Projeto Itacaiunas, o Sarau da Lua Cheia que mensalmente realiza suas atividades, a própria Academia de Letras de Marabá e a Associação de Escritores. Todos estes projetos desenvolvidos com base na autonomia e colaboração, onde os participantes trabalham voluntariamente em prol da leitura e da literatura produzida na região. Ter este dia oficializado na cidade valida todo esse trabalho em conjunto”, alega.
A Coordenadora da Biblioteca Pública Municipal Orlando Lima Lobo, Evilângela Lima, ressalta a fala de Airton e a importância não só de reconhecer, mas manter o movimento literário ativo em Marabá. “Isso mostra o peso da literatura marabaense, porque a gente tem visto que esse movimento literário não é um movimento temporário, ele é histórico. Marabá tem uma ligação com a literatura desde o seu início e a gente tem visto que o movimento tem se fortalecido a cada dia aqui, fomentando este celeiro de escritores. Fortalecer e permanecer este movimento é o mais importante”, afirma.
Além disso, Evilângela salienta a função educacional que o Dia Municipal do Livro e da Leitura passa a exercer no município. “Quando se institui o dia do livro não é apenas o movimento literário que ganha força, mas a leitura, o aprendizado, a educação. A inserção da literatura nas escolas, o diálogo com os escritores, os alunos tendo acesso aos livros, é preponderante na formação desses novos leitores e escritores, que vão poder dar continuidade nesse movimento”, resume.
POETA HOMENAGEADO
A data escolhida para celebrar o Dia Municipal do Livro e da Leitura em Marabá é uma homenagem ao poeta Eduardo Castro de Aquino Lima, que em vida aniversariava neste dia. Ele foi o fundador da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense, ocupando a cadeira nº 03, tendo como patrono o poeta Gonçalves Dias. Natural do Estado de Tocantins, Castro mudou-se para Marabá em 1988 onde consolidou sua carreira literária. Autodidata, ele alfabetizou-se somente aos quinze anos de idade, e a partir daí iniciou sua produção literária, marcada por temas de caráter social, busca pela cidadania, preservação da vida e da natureza. Entre as obras do autor estão: “Tributo à vida”; “O verbo viver”; “Estação Vida”; “Sempre por amor”; “Olhos nos olhos”; “O palhaço profeta I”; “O palhaço profeta II”; “Pau-Brasil”; e “Tributo a Rio Sono”. Eduardo Castro faleceu em 2017, aos 67 anos.
Fonte: Correio de Carajás
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