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Aluno de 14 anos é colocado para fora de escola pública por estar de chinelo: ‘constrangimento’, diz mãe

Um aluno de 14 anos, foi impedido de ficar dentro da escola e assistir aula por estar calçado com um chinelo e não um tênis. O relato é da mãe do adolescente, que registrou um boletim de ocorrência contra a escola estadual São José, onde o menino estuda, nessa segunda-feira (27), em Boa Vista.

Em nota, a Secretaria Educação e Desporto (Seed), responsável pela escola, informou que fez contato com a direção do colégio e adotará providências cabíveis.

Segundo a mãe, o filho e outros cerca de dez alunos foram colocados para fora por estarem com o uniforme inadequado. Ela disse que o menino foi à escola de chinelo porque o tênis dele rasgou e ela aguarda o pai dele pagar a pensão para comprar um novo par de calçados.

“Ele me ligou e falou ‘mãe, eu estou aqui no terminal, não tem ônibus para voltar [para casa]’. Ele me ligou chorando, dizendo ‘mãe, aconteceu que me tiraram da escola'”, relatou, acrescentando que o menino ficou cerca de 2 horas na rua, fora da escola porque não tinha como ir embora.

Em um vídeo de pouco mais de um minuto, a mãe registrou o filho sentado em um banco na frente da escola. Ele relatou ter explicado para a orientadora da escola, mas ela debochou na frente dos colegas e disse que “era problema dele” e que a mãe dele era “cheia de dinheiro e trabalha no garimpo”.

“Eu expliquei que eu não tinha condições para comprar sapato, meu pai não tinha mandado a pensão esse mês, e minha mãe estava desempregada. Aí, ela falou assim ‘não é tua mãe que é cheia do dinheiro e trabalha no garimpo’. Eu expliquei que ela não trabalha mais no garimpo, e ela falou que problema é meu, tipo um deboche, me humilhando na frente dos meus colegas”, relatou o adolescente.

Em entrevista ao g1, a mãe disse que entrou em contato com a gestão da escola, explicou a situação, mas, não houve acordo. Ao encontrar o filho fora da unidade, ela acionou a Polícia Militar.

Segundo ela, o policial entrou na escola e voltou dizendo que não poderia fazer nada, que ela teria de registrar um boletim de ocorrência. Depois disso, a servidora que estava representando a gestora conversou com a mãe e pediu que ela não levasse a situação para fora da escola, o que foi negado pela mãe do menino.

“Quando eu ia embora, ela falou assim ‘tudo bem dona Gizelle, vamos resolver as coisas aqui, tá bom? Vai ficar aqui mesmo, a gente faz um relatório e a senhora vai assinar’. Eu falei ‘não senhora, não é a primeira vez que meu filho passa constrangimento’ […] ‘Vou registrar um boletim sim, vou processar escola porque isso não poderia ter acontecido, que isso não venha acontecer com meu filho e com nenhum aluno da rede pública”, disse a mulher.

Com a recusa, conforme a mãe, a servidora disse que negaria que o caso havia chegado até a gestão.

“Ela falou ‘bom, se a senhora quiser procurar outros meios, pode procurar, mas fique ciente: eu não tive essa conversa com você, e eu vou ter desconhecimento que essa situação chegou até na direção”, detalhou a mãe.

A mãe disse que o filho ficou constrangido com toda a situação e que “está com medo de voltar à escola”

“Meu filho não assistiu a aula, não deu pra ele assistir. Ele não tinha como assistir, a gente estava muito constrangido, não sabia o que fazer e veio embora. Ele está com medo e não quer mais ir para escola”, lamentou a mãe.

Em nota, a Seed disse que deve adotar medidas em relação a conduta da servidora da unidade educacional, “uma vez que não há nenhuma orientação por parte da Secretaria, nem por parte de nenhuma instituição de ensino da rede para impedir a entrada de estudantes nas unidades de ensino em razão de fardamento escolar”.

A Polícia Civil disse que como se trata de vítima menor, vai encaminhar o boletim de ocorrência feito pela mãe do menino do 4° Distrito Policial, onde foi registrado, para o Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente, “aonde já estão sendo adotadas as providências e diligências cabíveis.”

Fonte: g1.globo.com



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