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Apreensão de cocaína na Amazônia Legal triplica em quatro anos, aponta estudo

Levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mapeia crescimento do tráfico de drogas e violência na região.

A apreensão de drogas disparou nos últimos quatro anos nos nove estados da região Norte que compõem a Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins e parte do Maranhão. É o que aponta novo levantamento publicado nesta quinta-feira (30) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Segundo o estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, o aumento das apreensões é um dos indicativos da expansão das organizações criminosas no Brasil, que têm intensificado a atuação violenta na região.

A Amazônia Legal é uma área delimitada em 1953 por lei federal com o objetivo de criar políticas para desenvolvimento socioeconômico. Ela é formada pelo total de 772 municípios.

Veja abaixo a disparada nas apreensões de cocaína pelas forças de segurança na região:

Polícia Federal: o órgão apreendeu 32 toneladas de cocaína nos estados da Amazônia Legal em 2022. O valor aponta crescimento de 184,4% quando comparado ao ano de 2019, quando 11,3 toneladas foram apreendidas.

Polícia Rodoviária Federal: o crescimento de apreensões foi ainda maior. As 28,6 toneladas de cocaína apreendidas em 2022 representam aumento de 777,4% em relação a 2019 (3,3 toneladas).

Polícias estaduais: o volume de cocaína apreendido também saltou 194,1% no período, passando de aproximadamente 7 toneladas, em 2019, para 20,4 toneladas em 2022.

Exército e Marinha: o estudo chama atenção para o fato de que as apreensões realizadas pelo Exército e pela Marinha têm volume baixo diante da magnitude dos dados das forças policiais: a soma de cocaína e maconha apreendidas no último ano por ambos os órgãos não chega a 4 toneladas.

“A baixa produtividade das Forças Armadas surpreende tanto por serem elas as responsáveis pela segurança das fronteiras, além de possuírem mais recursos humanos que as polícias e disporem de mais equipamentos adequados para atuar nos locais remotos da Amazônia Legal, em comparação com outras forças de segurança”, diz o texto.

Segundo os pesquisadores, não é possível somar volumes apreendidos por cada força, uma vez que as apreensões da PRF costumam ser encaminhadas à Polícia Judiciária Federal, e parte das apreensões eventualmente decorre de operações conjuntas.

Hipóteses para o aumento

O FBSP aponta que existem aos menos duas hipóteses que explicam o crescimento das apreensões: o aumento da eficiência das polícias e o fato de que a circulação de drogas realmente aumentou.

Para o diretor-presidente do FSB, Renato Sérgio de Lima, a segunda hipótese é corroborada pelo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), que aponta crescimento de 35% das plantações de coca em 2021.

“Na hora que a gente conversa com as polícias, o argumento é o aumento da produtividade. Em alguns casos, como a Polícia Federal, de fato é uma verdade. Mas, para a gente, a hipótese mais plausível ao pegar os relatórios do Unodc é que Peru, Colômbia e Bolívia estão tendo um boom de produção de cocaína. Segundo estudos anteriores, a gente já estima que metade da produção de cocaína desses países passa pelo Brasil”, afirma Lima.

Outros destaques do estudo:

A taxa de mortes violentas intencionais na Amazônia para cada 100 mil habitantes (33,8) foi 45% superior à média nacional (23,3) em 2022.

Quinze municípios apresentaram taxa média de violência letal acima de 80 mortes por 100 mil habitantes no triênio 2020-2022, a maioria nos estados do Pará e Mato Grosso.

A taxa de mortes violentas de indígenas na Amazônia é 26% maior do que fora dela.

A taxa de feminicídio na Amazônia foi de 1,8 para cada 100 mil mulheres, 30,8% superior à média nacional, que foi de 1,4 por 100 mil.

A violência sexual também apresenta taxas mais elevadas na Amazônia do que no restante do país. A taxa de estupros na região foi de 49,4 vítimas para cada 100 mil em 2022, 33,8% superior à média nacional, que foi de 36,9 por 100 mil.

O estudo mapeou a existência de ao menos 22 facções criminosas na região, presentes em todos os estados amazônicos.

Do total de 772 municípios da Amazônia Legal, o levantamento identificou que ao menos 178 possuem presença de facções.

Os registros de crimes vinculados ao desmatamento cresceram 85,3% entre 2018 e 2022. No último ano, foram 619 registros nas polícias civis dos estados da Amazônia Legal.

Os registros de incêndios criminosos na Amazônia Legal cresceram 51,3% entre 2018 e 2022.

Em 10 anos, a taxa de pessoas no sistema prisional na Amazônia Legal cresceu 67,3%, enquanto a média nacional foi de 43,3% de aumento.

Entre 2019 e 2022, o crescimento dos registros de arma de fogo na Amazônia foi da ordem de 91%, ao passo que a média nacional ficou em 47,5%.

 

Fonte: www.g1.globo.com



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