Durante um evento no Palácio do Planalto, chamado “Brasil pela vida e pela família”, Bolsonaro discursou de improviso e, sem tocar no tema da cerimônia, fez duros ataques ao STF, reclamando diretamente da decisão da Segunda Turma do STF.
Por 3 votos a 2, a Turma derrubou a liminar do ministro Nunes Marques que suspendia a cassação do deputado bolsonarista Fernando Francischini (União-PR). Nunes Marques foi indicado por Bolsonaro para o Supremo.
Em sua fala, Bolsonaro classificou o ministro Edson Fachin de “marxista-leninista”. O presidente disse que não é um rato e que precisa reagir, chegando a afirmar que já passou o tempo em que decisão da Justiça se cumpria.
O tom exaltado e destemperado do presidente vai na direção contrária dos conselhos que ele tem recebido de seus aliados do Centrão.
Durante o discurso, o presidente reconheceu que seus assessores e aliados pedem para ele ter mais calma, mas disse que isso era impossível, diante do que aconteceu no STF.
Por sinal, na própria terça-feira (7), Bolsonaro havia recebido conselhos para não partir para o ataque, já que a equipe presidencial já esperava uma derrota para o governo.
Segundo aliados, o presidente acabou “explodindo” na cerimônia e passou a imagem de estar em momento de “descontrole” e “desespero”. Esses aliados concordam com as críticas de Bolsonaro ao STF, em linha semelhante à do presidente, mas destacam que partir para um ataque de fúria contra ministros acaba afastando eleitores de centro. Sem eles, lembram, o presidente não consegue se reeleger.
A preocupação dos aliados está baseada em pesquisas feitas a pedido deles.
Os levantamentos mostram que Bolsonaro parou de subir nas pesquisas e pode até cair caso fique dentro do figurino radical como o desta terça. E o momento, lembram, não é o melhor, porque a inflação está alta e, até agora, o governo não conseguiu aprovar as medidas para baixar o preço dos combustíveis.