O menor de 17 anos apreendido após desferir o golpe de faca que levou à morte o comerciante Ray Alves Mariano, de 42 anos, no último dia 30 permanece no Ciam (Centro de Internação do Adolescente Masculino) em Marabá, aguardando decisão da Justiça quanto ao seu futuro. O jovem ficou sabendo já na delegacia sobre a morte de Ray, que havia sido socorrido inicialmente ao Hospital Municipal, e só então “caiu a ficha”, diz o delegado plantonista. O rapaz disse, ainda, que nada tinha contra o comerciante, que era seu patrão e atribuiu seus atos ao descontrole diante da bebida.
O delegado de Polícia Civil Luís Otávio, procurado pelo CORREIO, deu maiores detalhes sobre o caso, esclarecendo finalmente algumas informações que estavam desencontradas num primeiro momento. Um exemplo disso é o fato de que o adolescente realmente trabalhava para Ray Mariano na venda de frango e não para o próprio pai, de prenome Gerson, que era arrendatário do prédio do Frango Assado para exploração de atividade comercial durante a noite, uma conveniência.
Outra informação levantada pelo CORREIO é de que o garoto bebia desde o período da tarde com amigos numa conveniência ao lado do Frango e eles ingeriam nada menos que whisky. Teriam sido pelo menos 5 litros. A certa altura o jovem começou a vomitar e dar trabalho, ocasião em que foi advertido pelos colegas a parar de beber. O pai dele foi acionado para ajudar e também não teve sucesso. Foi quando o garoto, “transtornado”, foi à cozinha do estabelecimento do pai, se armou da faca de açougueiro e, instantes depois atingiu Ray Mariano, que apenas tentava apaziguar os ânimos. O momento crítico se deu por volta das 21h30, acredita o delegado. Também para a autoridade policial, o rapaz não tinha rixa e nem mirava uma pessoa especificamente para atingir com a faca, tendo agido pelo ímpeto.
Conduzidos à Seccional de Polícia em seguida, pela PM, pai e filho foram ouvidos na madrugada, depois de o delegado não ter conseguido falar com a vítima no hospital, quando ainda recebia atendimento. Segundo Luís Otávio ambos narraram ter muita gratidão por Ray Mariano, o rapaz pelo emprego que tinha e o pai pelo ponto comercial locado para ele.
Para o delegado a sua parte como autoridade policial está concluída e não cabe indiciamento, uma vez que se trata de menor de idade, o qual, aliás, completará 18 anos em 28 de fevereiro. Fica a cargo do juiz da infância e adolescência a decisão sobre o futuro do jovem. A polícia ainda vai proceder à juntada do laudo de necropsia do corpo, prontuário médico e exame de corpo delito do adolescente.
ENTENDA
A confusão ocorreu na noite de sábado, 30 de dezembro de 2017, no comércio conhecido como Frango Assado, na Folha 20, de frente para a Praça Monsenhor Baltazar. Tão chocante quanto a morte é o fato de que a vítima nada tinha a ver com a situação que levou a sua morte: uma discussão entre um rapaz de 17 anos e outras pessoas ali presentes. Ray tentou intervir para acalmar o jovem, que, bêbado e transtornado, o atingiu com um único golpe, usando uma afiada faca de açougueiro.
Ato contínuo ao ocorrido, outras pessoas se envolveram e conseguiram dominar o rapaz e socorrer a vítima, esta colocada em um carro particular e levada ao Hospital Municipal, ali próximo. Segundo funcionários do HMM, Ray Mariano chegou à unidade por volta de meia noite, ainda com vida, mas em choque. Ele foi entubado no pronto socorro, inconsciente, e já havia perdido muito sangue. Ainda foi levado para a sala de cirurgia, mas morreu ali, após parada cardíaca. A faca lhe atingiu o lado esquerdo do abdômen superior.
Ray Mariano, apesar de ser o proprietário do ponto e de promover a venda de frango ali durante o dia, na calçada, tinha o ponto arrendado para um amigo seu.
Na noite da ocorrência, depois que o rapaz de 17 anos se armou da faca de açougueiro, as primeiras pessoas com quem se deparou foram o pai e Ray Mariano, que talvez não levando a sério a ameaça do jovem, até por se conhecerem, foi atingido sem que conseguisse defesa. O movimento de entrada e saída da faca, inclusive, teria exposto órgãos da vítima.
Ao mesmo tempo que Ray era socorrido, outras pessoas ali em volta teriam instigado o linchamento do seu algoz, que foi protegido pelo próprio pai até a chegada de duas guarnições da PM que o levaram para a Seccional de Polícia Civil.
Ray Alves Mariano era filho do também conhecido comerciante Abener Mariano de Almeida, muito tradicional no ramo de açougue, principalmente na Folha 28, onde teve comércio por muitos anos. Ele morreu também neste mês de dezembro, por um infarto.
Repercussão
A morte do jovem comerciante Ray Mariano foi muito lamentada nas redes sociais nas últimas horas, com mensagens de amigos no seu Facebook, revoltados com o que chamaram de violência gratuita e descabida.
(Reportagem: Josseli Carvalho / Texto da Redação)
Foto: Arquivo pessoal
Fonte: Correio de Carajás
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