Foram transferidos nesta segunda-feira (31), para Marabá, os presos 23 acusados de ação armada e destruição de todas as dependências e maquinários da Fazenda Serra Norte, a três quilômetros da sede do município de Eldorado do Carajás. O grupo foi preso em flagrante pelas polícias Militar e Civil, que entrou na propriedade e os encontrou ainda na prática continuada da ação. Um helicóptero da Segup também foi utilizado, mas a polícia só agiu para valer no sábado (29/10), após pressão dos fazendeiros da região, que cogitavam até agir por conta própria. Na visão dos fazendeiros, esse tipo de crime nada tem a ver com processo de reforma agrária, mas com ação criminosa desencadeada na região.
Apesar disso, na delegacia, o grupo foi identificado como ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, levando em conta a origem da defesa apresentada. Eles são acusados de invadir e depredar a sede da propriedade, assim como outros patrimônios da fazenda.
Com os acusados foram apreendidas seis motos, armamentos, farta munição, pólvora e outros objetos. Segundo o diretor da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), delegado Alexandre do Nascimento Silva, a operação que prendeu os acusados envolveu homens da Deca e da Polícia Militar de Parauapebas. Os sem-terra invadiram a sede da propriedade na madrugada da sexta-feira (28).
Segundo informações, eles agiram de forma violenta e aterrorizaram os funcionários da fazenda, que ficaram soba a mira de espingardas, facões e foices. Eles também fizeram os familiares dos funcionários de reféns, a maioria mulheres e crianças, inclusive uma criança com deficiência teria sido ameaçada de morte. Os invasores chegaram de surpresa na sede da fazenda e mandaram que todos se ajoelhassem. Posteriormente foi dada uma ordem para que retirassem a mobília dos imóveis, dando 30 minutos para que fizessem isso. Logo depois os invasores atearam fogo em casas, máquinas e equipamentos da fazenda.
Ainda de acordo com o delegado Alexandre do Nascimento, no sábado a equipe policial foi ao local verificar a situação porque havia a informação de tudo na propriedade havia sido destruído. “Lá chegando nós realmente constatamos que a propriedade de fato teve a sede destruída, assim como os retiros, casa de farinha, curral, balanças e outros objetos. Quando eles não conseguiam queimar, eles destruíam o patrimônio da propriedade de outra forma”, relata o delegado, observando que o grupo já ocupava uma parte da propriedade há cerca de 60 dias.
Em Marabá, os acusados deverão ser ouvidos em audiência de custódia, que será feita pelo juiz de Eldorado do Carajás. De acordo com o delegado, pelos crimes em que foram enquadrados, não cabe fiança na Delegacia de Polícia Civil, então é o juiz que vai definir, após ouvi-los, se irão continuar presos ou poderão responder ao processo em liberdade.
Dentre os presos na operação estão Ricardo Rodrigues Feitosa, Marcilene Moraes Feitosa, José Raimundo Pereira da Silva, Bento Alves Quirino, Creomar Santos Araújo, Aldecy Paiva Matos, Denis Cleiton Pereira de Araújo, Pablo Mateus de Sousa Alves, Rafael Pereira da Conceição, Rodrigo Santos Sousa, William Fernandes Oliveira, Wanderson da Silva Santana, Genilson Sousa Silva dos Santos, Francisco do Nascimento Lima, João Pereira da Conceição Júnior, Misael Pereira da Conceição, João Silva, Ozélia dos Santos Sousa, Welison dos Santos Sousa, Onilson Aguiar da Silva, Weliton Silva da Silva e Antônio Alves Barbosa.
O advogado do MST, Thiago Aguiar, informou que caso os acusados não sejam liberados após a audiência de custódia, ele deverá solicitar judicialmente o relaxamento das prisões. Ele afirma que não concorda com o enquadramento de todos por porte de arma de fogo. “Eu não concordo com isso, pois acho que o enquadramento deve ser individualizado e não coletivo”, frisou.
SAIBA MAIS
A fazenda invadida fica às proximidades da cidade de Eldorado. Os fazendeiros fizeram intensa mobilização para pressionar os órgãos de segurança a agirem para conseguir prender o grupo armado.
(Tina Santos com colaboração de Ronaldo Modesto)
Fonte: CT ONLINE
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