A quadrilha de criminosos especialistas em ataques a carros-fortes na região, que foi desarticulada pela polícia na última sexta-feira (19), em Marabá, estava pronta para fazer outro ataque nos próximos dias. A base dos criminosos não era apenas a casa na Rua Cuiabá, bairro Belo Horizonte, onde ocorreu o enfrentamento com os criminosos; havia uma outra base bem distante dali, onde a dinamite estava guardada. Mas, graças ao trabalho de investigação da Polícia Civil, o explosivo não será usado para novas ações criminosas.
A revelação sobre os planos da quadrilha foi repassada por um dos presos durante interrogatório à Polícia Civil. Aliás, os dois assaltantes presos foram transferidos de avião para Belém no final de semana, enquanto os quatro foragidos – todos já identificados pela polícia – estão provavelmente embrenhados nas matas na divisa entre os municípios de Palestina do Pará e Brejo Grande do Araguaia. O sétimo integrante do bando, identificado como Saulo Frederico Alves Freire, o “Ninho”, ou “Pernambuco”, de 36 anos, morreu no confronto com os policiais.
Ao conversar com a Imprensa na manhã desta segunda-feira (22), a delegada Simone Felinto explicou que toda a operação policial foi coordenada pelos delegados Evandro Araújo, diretor da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), e Ricardo do Rosário, titular da Divisão de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), vindos de Belém, de modo que os policiais civis de Marabá e também o Grupo Tático Operacional (GTO), da Polícia Militar, apenas deram apoio devido à periculosidade da quadrilha.
Felinto avalia a operação como positiva, devido às prisões, apreensões e principalmente porque impediu que outro ataque a carro-forte fosse praticado na região. “A avaliação geral é que tivemos êxito por apreender um armamento como uma ponto50, assim como duas pessoas presas em flagrante”, reafirma a policial, acrescentando que quatro veículos foram apreendidos, além de muita munição e ainda 41 bananas de dinamite.
A delegada Simone Felinto confirmou ainda que as buscas aos quatro acusados que fugiram estão concentradas entre os municípios de Brejo Grande do Araguaia e Palestina do Pará, com apoio do helicóptero do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (GRAESP) e que os bandidos estão devidamente identificados.
Por fim a policial alerta que em situações como esta, de risco, as pessoas não devem se expor, porque mesmo sendo uma ação planejada pela polícia, existe sempre o risco de e situação sair do controle, pois nem sempre os criminosos se entregam, podendo haver troca de tiros, como foi o caso desses bandidos que tinham armamento pesado.
Preso confirma parte dos planos da quadrilha
De acordo com informações da Polícia Civil, o primeiro a ser preso foi Alexsandro Leal Coelho, de 30 anos, conhecido como “Gordo”. Abordado logo cedinho quando saia de casa, ele confessou aos policiais que o bando pretendia fazer uma ação por esses dias.
A confissão só corrobora com o que já havia informado o delegado Evandro Araújo, diretor da DRCO: “Essa quadrilha está sendo investigada desde o roubo do carro forte no município de Eldorado. É responsável também pelo roubo de dois carros forte no estado do Maranhão. Conseguimos hoje (sexta-feira) identificar a residência da quadrilha aqui em Marabá. A quadrilha estava se preparando para um novo assalto aqui no nosso estado”.
Por outro lado, Alexsandro não revelou onde seria, pois seu papel no bando era apenas o de dar apoio nas ações criminosas. Ele estava numa picape Saveiro, dentro da qual havia 30 munições de fuzil 7,62.
Após a refrega, que resultou na morte do assaltante Pernambuco, ou Ninho, e na prisão do assaltante Josiel Oliveira Costa, de 35 anos, o “Índio”, os policiais apreenderam na casa 20munições de ponto50 (além do próprio fuzil) e 30 munições de 7,62, além de uma caminhonete Hilux preta e ainda um contrato de locação de um imóvel em nome do assaltante Alexsandro, localizado no Novo Progresso, núcleo São Félix. Deslocando-se até lá, os policiais localizaram na casa um automóvel Prisma e uma caminhonete L-200, além das 41 bananas de dinamite.
Saiba um pouco mais sobre os acusados presos
De acordo com informações prestadas pela Polícia Civil, o acusado Alexsandro Leal Coelho, o “Gordo”, de 30 anos, que é de Marabá, era responsável apenas por dar apoio aos ataques a carros-fortes, locando imóveis e transportando armas e munição. Tanto é verdade, que ele foi o responsável pela locação dos imóveis usados pelo bando criminoso.
Ao ser preso, o acusado confessou aos policiais que também deu apoio no ataque ao carro-forte no dia 30 de novembro do ano passado, na BR-155, entre Marabá e Eldorado do Carajás, e que recebeu R$ 70 mil, tendo investido R$ 30 mil, de modo que o saldo da ação criminosa foram R$ 40 mil, que foram investidos na compra de madeira.
Já o assaltante Josiel Oliveira Costa, o Índio, de 35 anos, já trabalhou como guarda florestal na Serra dos Carajás, mas deixou o ofício há muitos anos. Ele é considerado bom atirador e não tem dificuldade nenhuma em se embrenhar na mata, tendo facilidade para sobreviver em situação adversa. “Índio” também seria o responsável por contratar criminosos nesta região para se juntar ao restante do bando, formado em grande parte por assaltantes do Nordeste.
Armamento é utilizado em guerra
Ontem, a Polícia Civil apresentou em entrevista coletiva na Delegacia-Geral, em Belém, o fuzil calibre ponto50 apreendido na última sexta-feira, em Marabá. Além da arma, mais de 40 explosivos e munições de calibres ponto50 e 7,62 foram apreendidas.
O delegado-geral da Polícia Civil, delegado Rilmar Firmino, explicou que o fuzil é um armamento de guerra, que pode ser usado em artilharia anti-aérea e é capaz de derrubar um helicóptero e perfurar veículos com blindagem.
Para se ter uma ideia, explica Firmino, a carabina 556, uma das armas usadas pelas Polícias, deslancha energia mecânica de 2 mil Joules. No fuzil ponto50, essa energia chega a 15 mil Joules. Durante a coletiva de imprensa, o delegado-geral explicou a ação dos criminosos que usaram o fuzil para parar dois carros-fortes da empresa Prosegur que seguiam pela estrada.
“No ataque, eles atiraram com o fuzil e depois usaram os explosivos para abrir o carro-forte”, detalha o delegado, ao ressaltar que os tiros de fuzil perfuraram a blindagem dos veículos de transporte de valores.
(Chagas Filho)
Foto: Divulgação
Fonte: Correio de Carajás
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