No fim do último mês, a ideia de uma pesquisa nas redes sociais ajudou dois amigos a descobrirem que, na verdade, eram irmãos que estavam separados há mais de 30 anos. A revelação foi possível graças a uma pulseirinha de maternidade com o nome biológico da mãe e a uma investigação pela internet em busca dela. O caso aconteceu em Natal, no Rio Grande do Norte.

A dupla de amigos e agora irmãos Marcela Barbosa e Marco Medeiros são amigos há pelo menos sete anos. Os dois se conheceram em uma casa de praia e depois passaram a fazer parte do mesmo círculo social. No entanto, tudo mudou após a ideia de participar de uma promoção, onde Marco precisou fazer uma busca na internet.

O homem de 33 anos explica que estava em busca de participar da promoção feira por uma empresa de chocolate e, para isso, precisava informar alguns dados para fazer um mapa astral. “Eu nem gosto muito de chocolate, mas alguma coisa me disse para ir lá”, disse. Marco conta que “Para fazer meu cadastro, eu precisava da minha hora de nascimento, que eu não sabia. Foi quando eu fui perguntar para a minha mãe (adotiva). Ela me trouxe a pulseirinha do hospital, que marcava 18h50”. Além do horário de nascimento, a pulseira informava o nome da mãe biológica de Marco, Licélia Carvalho.

Ele explica que sempre soube que foi adotado e lidou bem com o tema, mas que “Dessa vez, eu tive a ideia de tirar uma foto da pulseira e, na mesma hora, fui pro computador, joguei o nome na internet, e numa rede social encontrei o único perfil que tinha esse nome. Não tinha informação, mas eu olhei em amigos em comum e foi aí que eu vi o perfil de Marcela”, disse.

Marco conta com naturalidade, que embora impactado, resolveu perguntar a Marcela se ela ‘conhecia alguma Licélia Barbosa Carvalho’ e ela disse ‘É minha mãe, por quê?”. Mesmo surpreso, ele revolveu perguntar se a mãe dela teria tido algum outro filho e a amiga disse “Ela teve mais um e deu para uma família que não podia ter filhos”, respondeu, confirmando o parentesco entre os dois.

Reencontro

Licélia Barbosa Carvalho, a mãe biológica dos irmãos, conta que sempre sonhou em rever o filho e que optou por dar a criança para outra família após ser abandonada pelo marido na gravidez, e não contar com o apoio da família, assim como não ter condições para seu sustento: “Minha mãe não me aceitava, porque dizia que eu já tinha uma filha pequena e não queria mais outro filho. Ai eu tive que doar ele, porque eu não tinha condições. Eu era doméstica. Morava com minha prima e ela não tinha condições de criá-lo também” e também relembrou que “No aniversário, eu me desmanchava aqui lembrando dele. Era uma data muito maravilhosa em um ponto, em outro era uma data de tristeza”, conta.

A nova irmã diz que a relação deles já parecia de irmãos mesmo antes da confirmação. “Eu sempre peguei no pé dele. Ele dava uma trabalhinho. E olhe que eu nem sabia. Imagine se eu soubesse que era o meu irmão, já tinha puxado a orelha faz tempo”, diz Marcela.

Adoção

Ana Garcia, mãe adotiva de Marco, conta que ela já havia perdido dois filhos e após isto começou a pensar na possibilidade de adoção, até o dia em que soube que haviam deixado um recém-nascido em sua casa: “Tinha uma menina, que trabalhava em uma cigarreira (banca), que estava aqui na porta. Ela mandou dizer que tinha chegado um menino aqui em casa. A menina que trabalhava aqui comigo disse que tinha chegado um menino muito chorão e que ela não o queria aqui. Ai eu disse: então você vá embora, que o menino vai ficar comigo”, conta.

Além disso, a família adotiva de Marco conta que sempre o incentivou a buscar mais informações sobre a mãe biológica, embora ele mesmo tenha demonstrado receio de fazer isso no início. Ele explica que “Era medo de certa forma magoar meus pais. Eles não gostarem de eu ir atrás da outra família, poderiam achar que eu iria deixá-los de lado. Eu sempre ia empurrando com a barriga”, disse.