Testemunhas relataram que Onésio Ribeiro Pereira Júnior morreu após ter sido amarrado e agredido com madeira e ferro na clínica. Após prisão de funcionários, cerca de 90 internos saíram do local; prefeitura diz que fará avaliação dos medicamentos usados na clínica.
A clínica de reabilitação Kairos Prime, localizada em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, e que teve cinco funcionários presos suspeitos de matar o interno Onésio Ribeiro Pereira Júnior, de 38 anos, foi interditada pela prefeitura por falta de alvará nesta terça-feira (26).
Testemunhas relataram que Onésio morreu após ter sido amarrado e agredido com madeira e ferro.
Na declaração de óbito, segundo apurado pela TV Globo, consta que a vítima sofreu hemorragia subdural disfusa traumática, traumatismo crânio e cefálico e traumatismo raque medular.
Durante a prisão dos suspeitos, cerca de 90 internos que estavam no local saíram do espaço. Segundo o g1 apurou, parte deles retornou para as casas de familiares e o restante não havia sido encontrado até a última atualização desta reportagem (veja mais abaixo).
Em nota, a prefeitura informou que, após uma inspeção da fiscalização sanitária, foi verificada a irregularidade do espaço e, por isso, foi determinada a interdição.
Ainda conforme o Executivo municipal, uma avaliação dos medicamentos presentes no local será feita, solicitando as respectivas receitas.
Questionada sobre a clínica ter CNPJ ativo desde 2022, a prefeitura esclareceu que o processo de fiscalização é acionado por meio de denúncias ou quando o estado informa a existência de clínicas que precisam ser verificadas.
“No caso da clínica Projeto Kairos, um fator relevante foi a ausência de sinalização, o que tornou a clínica discreta e, consequentemente, passou despercebida pelas autoridades, operando clandestinamente”, disse a prefeitura.
Ao g1 e à TV Globo, o diretor da clínica, Ueder Santos de Melo, alegou que estava em processo de regularização e que tinha protocolado todos os documentos solicitando o alvará.
Cinco funcionários da clínica foram presos nesta segunda-feira (25) suspeitos de matar Onésio.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), guardas civis realizavam patrulhamento de rotina, quando foram informados de que a vítima teria dado entrada já sem vida e com sinais de violência pelo corpo na Unidade Mista de Saúde (UMS) Municipal.
Os guardas foram até o local e, em contato com os funcionários da clínica, foram informados que o interno teria fugido e, após ter sido capturado, começou a se sentir mal. Disseram ainda que, por isso, o homem foi levado até o hospital.
Porém, segundo os médicos que o atenderam, o interno entrou no hospital já sem vida. Diante das contradições, policiais civis da delegacia de Embu-Guaçu foram até a clínica, onde testemunhas contaram que a vítima teria sido agredida e que o local da agressão havia sido lavado para dificultar o trabalho da perícia.
Os cinco funcionários, que têm entre 26 e 65 anos, foram levados para a delegacia, e o caso foi registrado como homicídio, sequestro, cárcere privado e tortura na Delegacia de Embu-Guaçu.
Em entrevista à TV Globo, um dos internos relatou ter ouvido as agressões. “Espancaram ele de madeira. Amarraram e bateram nele. O meu quarto era em cima do quartinho que ele estava. Nós escutamos tudo… Ele gritando: ‘Pelo amor de Deus, para’. Isso não pode ficar assim, não pode ficar impune”, afirmou a testemunha, que terá a identidade preservada.
O diretor da clínica, Ueder Santos de Melo, informou ao g1 que acompanhará as investigações, disse que os cinco funcionários foram desligados imediatamente e que vai acompanhar as famílias dos internos que saíram da clínica e não retornaram para as casas de familiares.
Não foi informado quantos internos estão sumidos.
“Desligamento total dos funcionários e a Justiça está apurando os fatos. Estou à disposição da polícia. A unidade nasceu em 2022. É uma unidade nova. Agora, minha preocupação é orientar as famílias. Nunca foi da nossa política ter agressão. Nunca vi como gestor acontecer algo, como muitos estão dizendo. Seria o primeiro a fazer denúncia se visse algo”, afirmou Ueder.
“Nesse momento, minha preocupação é com as pessoas que se evadiram e não chegaram em casa, e com a família do jovem que veio a óbito.”
Fonte: www.g1.globo.com
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