O grupo de 32 pessoas formado brasileiros e familiares repatriados da Faixa de Gaza deve chegar em Brasília (DF) na noite desta segunda-feira após uma longa viagem por terra e pelo ar.
O grupo de 32 pessoas formado brasileiros e familiares repatriadas da Faixa de Gaza deve chegar em Brasília (DF) na noite desta segunda-feira (13) após uma longa viagem por terra e pelo ar desde a saída pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, no domingo (12).
Algumas famílias viveram no Brasil por alguns anos. É o caso de Ahmad El Ajrami, que trabalhou como motorista de aplicativo e atendente de papelaria no Mato Grosso. No grupo também há um rosto conhecido na cidade de São Paulo grafitado pelo artista Kobra em um mural em frente ao Museu do Imigrante, na Zona Leste: a palestina Noura Bader, que teve filho no Brasil.
E há ainda quem more em São Paulo e que estava há pouco tempo em Gaza, como o comerciante Hasan Habee.
O comerciante Hasan Habee tem 30 anos e mora na cidade de São Paulo com a esposa – e duas filhas, de 3 e 6 anos. O casal se conheceu no Brasil. A família estava em Gaza para visitar familiares há poucos dias quando o conflito no Oriente Médio começou.
Durante o período em que esteve em Gaza, Hasan enviou vídeos e relatos da rotina e do medo dos bombardeios, além da angústia pela espera da repatriação. Ele registrou vários ataques próximos de onde estavam, contou que as filhas ficaram doentes e que perdeu toda a família em um bombardeio.
Segundo o amigo da família, o diretor de arte e animação Marcos Faria, Hasan é uma pessoa muito querida entre os amigos no Brasil. Eles se conheceram em 2015 em São Paulo quando participaram de uma campanha de arrecadação de doações para refugiados da Síria. Desde então, se tornaram amigos.
Marcos contou que todos acompanharam com muita preocupação a situação de Hasan e que se falavam diariamente.
Ahmad El Ajrami estava há dois meses na Faixa de Gaza. A casa da família ficou totalmente destruída por um dos ataques.
Ahmad morou em Cuiabá (MT) entre 2012 a 2019. À GloboNews, ele contou que trabalhou no Brasil como motorista de Uber e, em uma papelaria como atendente, onde aprendeu a falar português com conhecidos. Depois, se matriculou em um curso de uma universidade para para aprender a ler e escrever português.
Somente Ahmad cruzou a fronteira. O restante da família dele ficou em Gaza.
A palestina Noura Bader, de 37 anos, morava na capital paulista na condição de refugiada até o começo deste ano. Ela, o marido, Monir Bader, de 38 anos, e os dois filhos mais velhos, um menino, Bader Monir Bader, de 11 anos, e uma menina, Rose Monir Bader, de nove, nasceram na Palestina. O garoto mais novo, Mohamed Monir Bader, de quatro, nasceu no Brasil. Mas todos os cinco têm passaporte brasileiro.
Noura é conhecida por ter tido o rosto grafitado pelo artista Kobra em um mural em frente ao Museu do Imigrante, na Zona Leste de SP.
Em janeiro deste ano, a família decidiu se mudar para o Egito. Mas em fevereiro Noura foi morar na Faixa de Gaza, onde o marido estava trabalhando como motorista até o começo da guerra. A casa deles foi destruída pelos bombardeios .
A família binacional palestina-brasileira Farahat decidiu retornar à lista de repatriados para o Brasil no fim de outubro que havia mudado de ideia e aceitado a proposta do governo brasileiro após a garantia de apoio financeiro e um local seguro para viverem durante a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas.
Mohammad Farahat, a esposa Hadil Yusuf El Duwaik e os quatro filhos – com idades entre 11 e 18 anos – moravam na cidade de Gaza e tiveram toda a vizinhança bombardeada durante o conflito. À GloboNews, Mohammad contou que além do medo de bombardeios constantes, quem estava em Gaza vive diariamente o sofrimento psicológico da guerra.
A esposa de Mohammad e os filhos têm dupla nacionalidade – palestina-brasileira. Ele é palestino, mas foi autorizado a acompanhar a família.
Apesar da decisão de deixar Gaza durante o conflito, a família afirma que a decisão não foi fácil. Segundo Mohammad Farahat, estar longe de casa não os deixará felizes porque estarão sob estresse, tensão e medo pelos entes queridos, como seus pais e parentes. A família pretende voltar para Gaza assim que as condições de segurança forem restabelecidas.
A jovem Shahed Al Banna tem 18 anos, é de família palestina e morava em São Paulo, mas há um ano e meio se mudou para Gaza. Os pais dela já são falecidos e ela foi repatriada com a irmã, Shams, de 13 anos, e a avó, Jamila, de 64 anos.
Assim como o comerciante Hasan Habee, Shahed registrou em vídeos e fotos como ela é a família passaram o último mês à espera da repatriação. Em uma entrevista à GloboNews, quando ainda estava em uma escola na cidade de Gaza, a jovem disse estar “com medo de morrer” e mostrou um bombardeio ao vivo.
A palestina Noura El Gamal perdeu o marido brasileiro há quatro anos. Por isso, ela e os dois filhos – Nabil e Dana – têm cidadania brasileira, mas nunca moraram no Brasil. Eles estavam na cidade de Gaza quando a guerra começou e tiveram a casa parcialmente destruída pelos bombardeios.
Depois disso, a família conseguiu ir para Khan Younis, onde aguardou por algumas semanas até a fronteira de Rafah ser aberta.
Mahmoud Abuhaloub estava em Gaza desde janeiro de 2020. Antes, morou em Porto Alegre (RS) e trabalhou como motorista de transporte por aplicativo. Ele é o único da família que tem cidadania brasileira.
Em um vídeo enviado à Globonews, em outubro, Abuhaloub pediu para o governo brasileiro ajudar as famílias que estavam na zona de guerra.
Fonte: www.g1.globo.com
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