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Como a Polícia Federal identificou rota entre Sul do Brasil e Viracopos para envio de cocaína à Europa

Segundo delegado chefe da PF, organização criminosa na região Sul mandava droga por meio terrestre ou aéreo à região de Campinas para que ela fosse enviada ao continente europeu através de transportadores.

A Polícia Federal de Campinas (SP) identificou, em operações deflagradas a partir de prisões em flagrante por tráfico de drogas, uma rota de envio de cocaína da região Sul do Brasil para a Europa por meio do Aeroporto Internacional de Viracopos. A informação é do delegado chefe da corporação na metrópole, Edson Geraldo de Souza.

Na manhã de terça-feira (24), a Polícia Federal realizou a Operação Impuratus, que tenta identificar transportadores, cooptadores e financiadores de parte da droga que as organizações criminosas tentam tirar do Brasil por Viracopos. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, todos em Santa Catarina.

Entenda abaixo como a Polícia Federal identificou a rota entre o Sul e a região de Campinas e as principais características dela.

Como descobriu?

Em outras duas operações realizadas neste ano, a corporação também cumpriu mandados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e identificou uma ampla participação de pessoas da região Sul em todas as funções da organização criminosa, desde as “mulas” até quem financia as viagens.

“De quatro operações que fizemos para investigar pessoas que estão tentando usar Viracopos para enviar droga, em três delas nós batemos lá no Sul. Então já dá para identificar uma nova rota da cocaína que sai do Sul para Campinas e de Campinas, por Viracopos, vai para o continente europeu. Nós percebemos o estabelecimento de organizações criminosas no Sul para cooptar a droga”, disse o delegado.

Por que cocaína?

De acordo com a PF, a rota de envio de droga do Sul para Viracopos é exclusivamente de cocaína. O delegado afirmou que isso acontece provavelmente por conta da proximidade com países produtores do entorpecente, como Colômbia, Bolívia e o Paraguai, que atua como distribuidor.

“O Brasil não produz cocaína, mas provavelmente os cooptadores da droga conseguem essa cocaína nesses países da América do Sul e faz esse transporte para Campinas”, explicou ao g1.

Por onde vai?

Segundo Edson Geraldo de Souza, a Polícia Federal identificou o transporte de cocaína do Sul para Viracopos tanto por meio aéreo quanto terrestre. Atualmente, o aeroporto tem voos com destino a Europa para dois países: Portugal e França.

“Não tem nada de diferente com Viracopos. Não há uma característica específica. Os traficantes usam mesmo aeroportos para facilitar o envio de drogas”, falou Souza.

O que fazer?

A Polícia Federal (PF) prevê, até março de 2024, fiscalizar 100% das malas e passageiros em Viracopos, e, com isso, evitar o fluxo de tráfico de drogas a partir do terminal.

A iniciativa faz parte das medidas relacionadas à Operação Sentinela, que intensificou, a partir de março deste ano, às fiscalizações de tráfico de drogas no Aeroporto de Viracopos [veja abaixo balanço das apreensões e prisões]. A fiscalização de 100% das bagagens e passageiros será implantadas através de instalação de tecnologias específicas. Entenda aqui.

Quanto da droga passa pela fiscalização?

Segundo o delegado, esta pergunta é impossível de ser respondida porque não tem como mensurar o que não foi fiscalizado. Souza admite que, se ainda existe uma quantidade de pessoas que tentam embarcar com droga em Viracopos é porque, de alguma maneira, o movimento ainda é rentável em alguns casos.

“100% das pessoas que tentam passar com droga em Viracopos são aliciadas em outras cidades e estados. Se houvesse 100% de fiscalização, o traficante não ia arriscar perder a droga. Então o que a gente busca, e prevê para março de 2024, é o uso de tecnologias que proporcionem para a gente 100% das bagagens e passageiros e, aí sim, vamos conseguir dizer qual é o percentual de tentativa e erro em Viracopos”, pontuou o delegado.

Por que é importante?

Segundo Edson Geraldo de Souza, além de coibir o crime, a fiscalização é importante por conta das relações internacionais.

“As autoridades precisam saber lá fora que o passageiro vem de um aeroporto fiscalizado. Isso é importante para o brasileiro ser respeitado lá fora. E nisso temos muito orgulho de dizer que Viracopos é um exemplo neste tipo de fiscalização”, completou.

Como Viracopos já avançou na fiscalização? ?

Desde março deste ano, com o início da Operação Sentinela, Viracopos aumentou o efetivo para intensificar a fiscalização e evitar a passagem de droga pelo aeroporto. Veja o balanço:

39 ocorrências;

42 pessoas presas (18 homens e 24 mulheres);

211kg de drogas (88kg de cocaína e 123kg de maconha).

“Estamos falando de um aeroporto com 14 milhões de passageiros por ano. Então, a proporção desse total para as pessoas presas por tráficos, é de três presos para cada milhão de passageiro. A gente trabalha em três frentes: a prisão em flagrante, a busca pelos cooptadores da droga e a busca pela lavagem de dinheiro, para alcançar o patrimônio dessas pessoas para que elas não possam mais realizar a atividade criminosa”, explicou.

A operação

A PF realizou, na manhã desta terça, uma operação contra o tráfico internacional de drogas por Viracopos. De acordo com a investigação, o objetivo foi identificar, além dos transportadores, pessoas que desempenham as funções de cooptadores, financiadores e fornecedores da droga.

No total, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, nas cidades de São José (SC), Palhoça (SC), Laguna (SC) e Florianópolis (SC).

As ordens foram expedidas pela 9ª Vara Federal de Campinas. Os alvos foram endereços residenciais de três homens e uma mulher apontados como aliciadores e financiadores de despesas das viagens. Foram apreendidos dispositivos eletrônicos.

Segundo a PF, a operação se baseou em duas investigações que utilizam a mesma base de dados: presos em Viracopos que tentam embarcar com drogas em voos para a Europa. O início das apurações foi a partir de duas prisões em flagrante.

A primeira foi em 29 de março de 2022, quando um homem de 56 anos tentou embarcar em Viracopos com cocaína no fundo falso da mala. Ele iria para Lisboa. Já a segunda prisão aconteceu em maio deste ano. Um passageiro de 36 anos, que também viajaria para Portugal, foi identificado com 3 kg de cocaína impregnados nas roupas dentro da bagagem.

 

Fonte: www.g1.globo.com



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