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Consumo exagerado de comida pode esconder problema

Com uma infinidade de guloseimas à vista – desde pães, salgados e bolos variados –, o ambiente de trabalho da atendente Lélia Marques, 36, uma panificadora situada no bairro do Marco, em Belém, é uma verdadeira tentação. Apesar de ser ‘fã’ de doces, ela garante que mantém o controle quando está em serviço, mas estando em casa é difícil resistir. “Gosto de comer leite condensado puro, brigadeiro, biscoito e o que tiver na geladeira de doce”, confessa, acrescentando que, com o hábito, ela não consegue se livrar dos quilinhos a mais.

Mesmo assim, Lélia não se considera uma pessoa compulsiva por comida, já que, não tendo uma geladeira à disposição, o desejo por doces é contido. Comer apenas por prazer, mesmo sem apetite, muitas vezes é encarado apenas como gula. Mas, quando é identificado um comportamento descontrolado pela ingestão excessiva de alimentos, a prática pode estar mascarando uma patologia psiquiátrica, cientificamente chamada de Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico, ou simplesmente compulsão alimentar.

Segundo a endocrinologista atuante no Centro de Endocrinologia e Diabetes do Pará, Flávia Cunha, estudos científicos estimam que cerca de 1% a 4% da população mundial sofrem com o distúrbio. Entre os obesos, o problema atinge cerca de 8%. Já entre os obesos mórbidos, a prevalência é de 50%. “É um transtorno alimentar caracterizado pelo consumo de grandes quantidades de comida em curtos ou sem intervalos”, detalha a médica.

COMO SURGE

Segundo a especialista, o problema pode surgir em qualquer período da vida e alguns critérios são observados durante a consulta clínica – que pode ser com um endocrinologista ou psiquiatra – para que seja fechado o diagnóstico do distúrbio. Entre eles estão a grande quantidade de ingestão de comida e a falta de controle sobre esse comportamento. Além disso, é avaliado se a pessoa apresenta sentimentos de culpa ou vergonha. Por ser de origem genética, o distúrbio não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratado.

ANSIEDADE E DEPRESSÃ SÃO ALGUNS VIOLÕES

Embora a principal consequência da compulsão alimentar seja a obesidade, o transtorno também está atrelado a outros distúrbios psiquiátricos, como a ansiedade e a depressão, conforme explicou o psiquiatra que atua no Hospital de Clínicas, Marupiara Guerra. Situações de estresse contribuem para desencadear o quadro. “A ansiedade gera o medo, que, por sua vez, desencadeia o quadro de compulsão se houver predisposição genética. A pessoa tem sempre a necessidade de estar comendo e não se sente saciada”, pondera.

Considerando as avaliações feitas em consultório, o psiquiatra diz que, em geral, o paciente sofre com sobrepeso e ele próprio reconhece que come mais do que deveria.

O TRATAMENTO

O tratamento costuma ser medicamentoso -com antidepressivos, ansiolíticos e outros administrados para dar a sensação de saciedade -, e envolve ainda a psicoterapia, que ajuda a equilibrar o lado psicológico e emocional, além de exercícios físicos. Em casos mais graves, a cirurgia de redução de estômago também é indicada.

(Pryscila Sorares/Diário do Pará)

Fonte: DOL - Diário Online



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