No primeiro semestre deste ano, os feminicídios aumentaram 2% no país em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem, 18. O relatório é produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a partir de dados fornecidos por secretarias estaduais.
De janeiro a julho, 648 mulheres foram assassinadas no Brasil em episódios classificados como feminicídio — quando o crime é motivado por violência doméstica ou discriminação por gênero.
Para especialistas e profissionais que atuam no combate a esse tipo de crime, o isolamento social fez aumentar os delitos cometidos dentro de casa, como agressões, abusos e assassinatos. Isso teria ocorrido por causa de uma maior proximidade entre vítimas e agressores, além de uma maior dificuldade de realizar denúncias.
Um exemplo de feminicídio foi o caso que ocorreu em agosto deste ano, durante a pandemia de covid-19, em uma cidade do interior de Mato Grosso. O principal suspeito do crime, segundo a investigação, é o marido da vítima que invadiu a casa da ex-mulher antes do crime, quebrando o cadeado da porta. O boletim de ocorrência (BO), produzido pela Polícia Civil de Mato Grosso, narra que Rosana, de 46 anos, ainda tentou se trancar no quarto. Mas o marido, de espingarda, disparou contra a esposa, atingindo-a no lado esquerdo do peito. Ela ainda se sentou na cama, colocando a mão no local do tiro. Segundo vizinhos, em meio aos tiros, o suspeito ainda gritou: “É, Rosana, eu já te amei…”
Para a polícia, o quarto desarrumado era um indício de que Rosana* estava de saída. Ironicamente, o assassinato aconteceu no mesmo mês em que a polícia, coletivos e conselhos de direitos humanos faziam campanha para diminuir a violência doméstica no contexto do isolamento social, no chamado Agosto Lilás.
*Nome fictício para preservar a identidade da vítima e de sua família.
Fonte: Correio Braziliense
Fonte: romanews.com
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