Projeto de Duda Salabert objetiva impedir uso de personagens infantis em propagandas de produtos nocivos à saúde
A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) protocolou na tarde de 6ª feira (2.jun.2023) um PL (projeto de lei) que quer proibir o consumo de bebidas e alimentos ultraprocessados por menores de 3 anos. No texto, Salabert afirma que os ultraprocessados podem ser considerados uma “ameaça global” à saúde pública. Eis a íntegra (154 KB).
“Estudos demonstram que as bebidas e alimentos ultraprocessados podem levar ao vício com risco de vida2 e que geram crises de abstinência capazes de produzir sintomas físicos e psicológicos similares aos experimentados por pessoas viciadas em substâncias químicas, tais como tristeza, irritabilidade, cansaço e desejo”, diz a deputada.
O projeto cita ainda o estudo “A Sindemia Global da Obesidade, da Desnutrição e das Mudanças Climáticas”, publicado pela revista científica The Lancet. De acordo com a publicação, é “intrínseca” a relação de causa e efeito entre o atual sistema alimentar e a epidemia global de obesidade, desnutrição e mudanças climáticas.
Além da proibição dos ultraprocessados para as crianças com menos de 3 anos, o PL também veda o uso de personagens infantis, celebridades ou influenciadores que dialoguem com esse público, em propagandas e rótulos de produtos considerados nocivos à saúde.
Apesar de o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) já restringir a venda ou fornecimento de produtos que possam causar dependência física ou psíquica a crianças, Salabert também quer impedir que peças publicitárias que incentivem o consumo de bebidas e alimentos ultraprocessados sejam exibidos durante programas destinados ao público infantil.
O não cumprimento da medida poderá resultar em multa, suspensão da veiculação da publicidade e a imposição de contrapropaganda. A última deve ser divulgada com a mesma frequência e no mesmo horário e espaço da propaganda anterior.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), junto aos dados de mortalidade dos brasileiros, permitiram a pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) calcular o impacto do consumo de ultraprocessados nessa população.
O cruzamento de informações estimou que 57.000 pessoas morrem prematuramente a cada ano por consumirem alimentos ultraprocessados, o que corresponde a 10,5% de todas as mortes precoces de adultos entre 30 e 69 anos no Brasil.
Segundo o professor Leandro Rezende, um dos autores da pesquisa, filiado ao Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, já existem evidências suficientes nos estudos epidemiológicos que associam o aumento de consumo de ultraprocessados com o risco de se desenvolver doenças crônicas não transmissíveis.
Ele também inclui o excesso de peso e a obesidade devido à ingestão de ultraprocessados como fatores que contribuem para uma pessoa desenvolver essas patologias.
Entenda a diferença entre os tipos de alimento:
Fonte: poder360
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