Quando o ônibus parou na localidade de Cruzeta, em Pedra Branca, José desceu, abandonou a bagagem e desapareceu.
“Os primeiros sinais que ele passou, que a gente viu que ele tava com problema, foi na viagem, na Bahia. Ele começou a apresentar sinais, que tinha um pessoal no ônibus que queria matar ele, mania de perseguição. A todo momento ele falava que o pessoal ia matar ele”, conta a irmã de José, Antoniclé Rodrigues.
O destino dele seria próximo ao centro de Pedra Branca. A família, preocupada, se adiantou e tentou interceptá-lo na localidade de Cruzeta, onde haveria uma parada passageiros descerem. Contudo, quando eles chegaram lá, José já havia sumido.
“A gente ficou desde essa segunda-feira [5 de junho] na Cruzeta procurando, familiares, amigos, a polícia, o Corpo de Bombeiros, os guardas [municipais], o canil, helicópteros, tudo veio, mas infelizmente não tivemos êxito na procura. A gente não conseguiu nem um rastro, nem uma pista de onde ele poderia estar, porque é muito mato”, conta Antoniclé.
Ao longo dos 50 dias em que passou sumido, José Rodrigues permaneceu escondido no matagal da região, que possui várias propriedades rurais. Quando foi encontrado na segunda-feira (24), no sítio Jardim, já no município de Independência – vizinho a Pedra Branca -, o homem estava a mais de 30 quilômetros de onde desapareceu.
A família acredita que a sobrevivência de José se deve às suas habilidades com agricultura. Há 15 anos, ele trabalha como cortador de cana em Leme, São Paulo. Ele participava da colheita da safra e, quando não havia colheita, passava um período com a família no Ceará.
“Eu acho que foi isso, o físico dele, ser um trabalhador rural, um cortador de cana, que fez ele aguentar esses 50 dias no mato sem procurar ajuda”, acredita a irmã do agricultor. José relatou à família após ser encontrado que, nesse período, não chegou perto das estradas e não pediu ajuda a ninguém “porque sempre tinha uns caras querendo me matar”.
Nesse tempo, José teria se alimentado apenas de maracujá do mato, jerimum e de enxu de abelha, um tipo de mel encontrado nas colmeias de abelhas selvagens. “Ele chegava a comer com casca [o mel com a casca da colmeia] e tudo. Chegou a encontrar dois peixes e bebia muita água contaminada. Acho que foi isso que fez ele sobreviver até agora”, conta Antoniclé.
No entanto, após semanas de alimentação precária, José resolveu pedir ajuda. Ele passou cerca de uma semana observando um agricultor que trabalhava numa roça da região. Somente após sentir confiança no homem, José o abordou pedindo comida e que ele entrasse em contato com suas irmãs.
O homem entrou em contato com as irmãs de José pelo Facebook. Para atestar a veracidade da informação, enviou uma foto do RG de José, que carregava o documento consigo. No fim da tarde, a família chegou à propriedade rural para reencontrar o irmão. Mesmo assim, o homem permanecia assustado e não quis se aproximar.
“Chegando lá, ele resistiu, não queria vir pra gente, disse que estava muito assustado”, relembra Antoniclé. Após se acalmar, José aceitou ir com as irmãs, que chamaram a polícia e levaram o irmão para o hospital municipal de Pedra Branca, onde José Rodrigues está internado e medicado.
Segundo a família, a ideia é que José fique morando com a mãe deles após passar por atendimento psiquiátrico e receber um diagnóstico preciso da sua situação.
Fonte: g1.globo.com
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